Cap.5/ Prazer, Chris.

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Quando as duas voltaram, Alex e a novata, se sentaram junto com o grupo. Estavam com pacotes de bolacha e ofereceram para nós, alguns aceitaram - eu não, porque eu sentia que se comesse algo eu iria vomitar.

- Então, Lara, desculpa ser indiscreto mas... Você está em um relacionamento ou algo do tipo? - Jonathan perguntou. Eu conhecia aquele olhar dele. Ele está interessado, mas suponho que a Lara não saiba disso.
- Não - ela respondeu, sem dar muito assunto
- E você, Alex, não vai arrumar um namorado, não? - ele perguntou, disfarçando
- Eu tenho meus lances - Alex disse, sem esboçar muita reação
- Uh, olha a Alex... - Jonathan brincou
- Cala a boca, Jonathan, aposto que você também tem os seus - Alex disse, agora parecendo irritada. Ela provavelmente não percebeu, mas foi a resposta perfeita.
- Eu não. Estou procurando. -Jonathan disse, olhou para a Lara e sorriu discreto. Ela deve ter entendido, mas só desviou o olhar.

- Caramba, Lara, essa bolacha é perfeita. - Alex disse, surpresa, enquanto comia. A novata olhou para ela e sorriu.

Todo o grupo bebeu e eu também. Perto das dez horas, eu disse que iria ir embora e desci as escadas. Estou ainda mais tonto mas, talvez por sorte, consigo descer sem tropeçar ou cair. Já sentado, dentro do trem, vejo uma Lara curiosa, entrando no mesmo trem. Primeiro, ela apareceu na porta, parecia estar procurando por alguém e, quando me viu, veio andando até mim.

- O quê a novata faz aqui? - perguntei sorrindo
- Vou embora, também. - ela disse, neutra, e se sentou ao meu lado
Eu estava tentando focar no rosto dela e estava falhando, ela deve ter percebido isso.
- Você está bastante bêbado, né? -Lara perguntou
- O que você acha? - perguntei, sem ser grosseiro
- Mais bêbado que na outra vez?
- Muito provável... - falei sorrindo, Lara sorriu também.

Eu ainda sei onde estou e com quem estou, estou bem... E, como eu não vou beber mais, hoje, até eu chegar em casa o efeito do álcool já vai ter passado um pouco. Eu deveria ficar contente por isso?

- Está com fome? - Lara perguntou
- Por que? - questionei confuso

Lara tirou a mochila infantil de tigre das costas e abriu o zíper da mesma, tirando um pacote de bolacha fechado lá de dentro.

- Você não aceitou naquela hora, pensei que tivesse ficado... sei lá, sem jeito? Então... Guardei um pacote para você - ela disse, eu ainda estava confuso. Afinal, por que ela guardou para mim? Isso foi... uma gentileza da parte dela?
- Ah... Eu... - travei um pouco - Olha, Lara, eu não aceitei antes porque fiquei com medo de vomitar, sabe, eu bebi bastante... - tentei explicar
- Nossa, me sinto bem idiota, agora - ela disse voltando à expressão neutra de seu rosto. Eu não soube o quê dizer. Raramente as pessoas são gentis comigo e, quando são, eu geralmente não dou a mínima. Mas de repente eu quis fazer mais, sabe, eu não quis que ela se sentisse uma idiota.
- Mas... Agora eu quero. Acho que não tem risco de eu vomitar aqui, né? - falei, olhando para ela. Lara me olhou, como se prestasse toda a atenção ao que eu falava - Caso aconteça, faço uma cena - sorri. Lara riu baixo
- Sério, você quer mesmo? - ela perguntou sorrindo, meio desconfiada
- Não têm veneno, tem? - fiz piada
- É claro que não... - Lara disse, rindo baixo

Peguei o pacote da mão dela, abri e comi uma. Olhei para a Lara, rindo.
- Não consigo sentir o sabor - falei rindo, ela riu também. Era verdade, eu realmente não conseguia sentir o sabor da bolacha.

- Lara? - chamei, ela me olhou. Eu não sabia o que falar. Não tinha nada em mente.
- O que foi, Christopher? - ela perguntou me olhando.

"Christopher"... Geralmente as pessoas só me chamam de "Chris" e acho que me acostumei com isso. Quando ouvi meu nome, meu estômago embrulhou um pouco. Me deu ânsia, coloquei a mão na boca, pensei que iria vomitar. Lara me encarou. Quando percebi que foi alarme falso - ou mais conhecido como "Coisa da minha cabeça", comecei a rir, Lara riu também. Talvez a gente tenha dado risada meio alto, não sei bem. Talvez tenhamos incomodado as outras pessoas que também estavam no nosso vagão (Não que eu me importe.) Mas... Foi irônico. Eu estava rindo por ter achado que iria vomitar, mas me sentia triste por dentro, porque era minha mãe quem costumava me chamar de "Christopher".

As Negações De ChristopherOnde histórias criam vida. Descubra agora