Cap.26/ Tsc!

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Quando chego na porta, encontro com a enfermeira saindo do quarto, na mesma hora. Ela me vê e pega no meu braço, me fazendo entrar de novo.

- Poxa, garoto, como você some desse jeito?! - ela diz. Quê. Levanto a sacola, ela olha para mim de forma brava - Você poderia ter avisado ou pedido para alguém ir comprar para você.

Não sei o que dizer e fico olhando para ela. Ela suspira, parecendo cansada, também.

- Seu amigo veio ficar com você, daqui a pouco a enfermeira do próximo plantão vem medir sua temperatura - ela diz e sai da sala.

Ah, claro... Não era preocupação, ela só está com pressa para ir embora.

Então eu paro para reparar na sala e vejo o Paul, lá. Fico boquiaberto, mas finjo que não. Pego uma paçoca, desembalo e coloco inteira na boca.

- O quê está fazendo aqui? - pergunto, sem olhar para ele
- O quê você acha? - ele responde com outra pergunta. Tsc
- Não precisava ter vindo...
- Ah, tá bom, seu mal agradecido... - ele diz com ironia - Vai, me conta, como você está?
- Você já sabe como eu estou, aposto que meu pai já te contou, senão você não estaria aqui

Paul fica me olhando.

- Chris... - ele tenta falar, mas eu o interrompo
- Quer paçoca ou, sei lá, algum dos doces que comprei? - pergunto, entregando a sacola para ele e me sentando de novo na cadeira

Paul suspira.

- Não, eu não quero... E você deveria estar comendo algo mais nutritivo - ele diz
- Eu já comi - conto
- É sério?
- É, é sério

Paul fica quieto, encarando o chão, um pouco.

- Já que vai ficar, se acomode - eu sugiro.
- É, boa ideia - ele sorri e se senta na cadeira ao lado
- Passa os doces! - falo sério, tentando parecer ameaçador, fingindo ser um assaltante e simulando uma arma com minha mão, apontando a mesma na direção dele

Paul dá um sorriso leve e me entrega a sacola. Abro e pego outra paçoca de lá.

- Chris - ele chama, eu olho para ele com a boca cheia de paçoca - Você lembra da Nina, certo?

Concordo com a cabeça.

- Ah... Quando contei para o pessoal que estou tentando voltar a falar com você... - ele começa, o interrompo
- Por que você contou isso? - pergunto sem compreender
- Por que você era nosso amigo, Chris! E parou de falar com a gente do nada, todos ficamos confusos

Fico quieto por um instante, então decido mudar de assunto, senão os doces que comprei não vão durar muito.

- Continua - estimulo, comendo mais paçocas
- Bom, então... Ela queria saber se você voltaria a sair com a gente, qualquer dia desses - ele conta

Paro de mastigar e fico olhando para ele, sem saber o que dizer. Ele também não diz mais nada, me olhando apreensivo. Termino de mastigar e engulo.

- Sabe, eu acho que você deveria comer uma paçoca dessas - sugiro, tentando sair do assunto - Estão muito boas, de verdade... -mexo na sacola e tiro uma paçoca de lá, oferecendo a ele
- Chris, responde. Sim ou não? - ele insiste
- Não sei
- Como não sabe?!
- Afinal, por que você está insistindo tanto? Não sou divertido, eu sou uma parede, nem beber eu bebia quando saía com vocês - falo meio irritado, mas meu cansaço faz soar curioso, apenas
- Qual é, a gente tinha nosso próprio jeito de se divertir... Comíamos paçocas e tínhamos altos picos de hipoglicemia. Você se lembra, vai, a gente ficava lerdos e com a voz arrastada, só com doces

As Negações De ChristopherOnde histórias criam vida. Descubra agora