3. Eu, Você e Ele

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Eu o vi cuidando de mim como se eu fosse alguém relevante em sua vida, era engraçado porque me sentia em seus cuidados, sentia que ele estava preenchendo meu vazio no qual meu pai não conseguia, me perco em meus pensamentos o comparando com meu pai, talvez não tenha coisa pior que comparação, mas com este gesto se tornou impossível.

-Psiu... Você está ai ou em marte? -V estala os dedos para me acordar, dou um pulo com os ombros.

-O quê? AH você estava dizendo...!

-Para arrumar a mesa e você poder sair com os amigos!

-Claro... Claro...

-Você não parece tão bem.

Ele diz enchendo a pia de água e colocando as louças, ele era tão doméstico que até guardou as panelas na geladeira, não é possível que ele esteja fazendo tudo isso para poder tirar proveito de sua hospedagem em casa, tem algo mais aí...

-É que hoje vou encontrar o cara que eu estou ficando, toda vez me da um nervoso! -Dou uma risada breve com as bochechas quentes de vergonha, não acredito que disse isso a ele, virou meu psicólogo amoroso agora?

-Você tem alguém então... entendi, legal posso tomar um banho?

-Não vejo problema, você já está com essa roupa a dois dias, se quiser pode pegar de meu pai emprestado, está no quarto ao lado.

Percebo o desconforto que V havia ficado ao revelar que eu estava com alguém, ele fugiu tão depressa do assunto que eu mal o vi entrar no banheiro "o que houve?" penso confusa.

14:30 PM

O nervosismo aumentou pois a hora de vê-lo havia chegado, V estava na sala deitado em meu sofá assistindo alguns filmes que coloquei para ele, eu já estava pronta, com uma calça jeans e uma blusa confortável cavada, e claro meu penteado era o básico, natural e solto, eu amava cabelos longos e soltos, mas era muito complicado de cuidar, e o shampoo? Nem se quer via acabar. Já estava tudo pronto para me encontrar com o pessoal na praça perto de casa, principalmente o crush, ele era meu motivo para sair, Namjoon.

-Eu já estou indo... A sobra do macarrão está na geladeira, a chave reserva enterrada na grama, deixei uma escova de dente para você no armário e acho que é só, ahh.. Não esqueça de trancar a porta.

-Já respirou? Relaxa eu vou ficar bem... -Ele aconchega suas pernas e braços dando um sorriso.

Me despeço de V fechando a porta lentamente, meu desejo era comprar uma moto, mas papai havia me dito que me daria uma caso sobrasse dinheiro, andar a pé quase sempre era realmente um saco, por isso Namjoon sempre me esperava na esquina, ele me levava a todos os lugares com ele, e hoje iríamos até a praça, com os amigos dele, eu não gostava nenhum um pouco, mas se eu o queria eu teria de acostumar.

-Oi gata, tudo bem? -Ele sela meus lábios, um simples gesto que fariam as borboletas de meu estômago enlouquecer.

-Nam! Estava morrendo de saudades, contei as horas para hoje!

-Eu sei, se eu fosse você também contaria!

-Tão fofo você...

Digo montando em sua moto, era alta assim como Namjoon, combinavam perfeitamente, ambos colocamos o capacete e partimos em rumo a praça. Namjoon era o homem que eu esperava casar, o único defeito era seu orgulho, e as vezes ele queria ser melhor que todos, buscava a perfeição e eu gostava dele deste jeito, uma boba mesmo.

*POV V*

Eu estava no tédio total apenas deitado naquele sofá velho e lembrando de dois dias atrás no qual quase fui parar na cadeia, Ann fazia falta para mim, jamais esquecerei seu gesto bondoso de me acolher, eu não sei se Ann me quer realmente aqui, as vezes me sinto intruso, de fato sou, não sou prefeito e já fiz coisas erradas em minha vida, ser um rapaz de 23 anos sem absolutamente ninguém em sua volta, era deprimente.

*FLASHBACK*
- Três anos atrás -

-Filho... Preciso de um favor.

-Omma, o que você quer?

-Querido... pegue isto, só entregue esta carta para qualquer vizinho, mas entregue! -Recebo a carta de suas mãos.

-O que diz nela?

-São contas, entregaram errado esta bem?

Mamãe estava infestada de hematomas, mas me dizia que era acidentes domésticos, como ela trabalhava muito eu acreditei e deixava passar, naquele dia eu iria sair com alguns amigos para beber, e pela carta não ser tão importante assim, apenas contas, adiei para mais tarde, mas como bebemos muito eu acabei adormecendo na residência de um amigo, e dei as caras apenas no dia seguinte.

Foi o maior erro de minha vida, pois naquela noite eu não esperava pela tragédia, ao abrir a porta eu a vi estirada pelo chão, mamãe estava morta em sua sala, transbordava sangue em sua volta, e sim era cena de um assassinato, seu corpo perfurado era evidente que o instrumento usado fosse uma faca.

*FLASHBACK OFF*

Era assustador lembrar da morte da minha falecida mãe, faziam exatos três anos que não há via, mas as lembranças eram tão vivas quanto a ela em meu coração vazio e despedaçado.

-Como eu não percebi tudo isso!!! SEU FILHO DA PUTA!!! -Um murro fechado se choca contra a mesinha de centro da Ann.

-Ohh NÃO!!

A pancada foi tão forte que quebrei o vidro da mesinha, não sei como Ann reagiria com isso mas eu não possuía grana nenhuma para pagar aquilo, imediatamente recolhi os cacos e os joguei, era o mínimo que poderia fazer.

O celular de meu bolso começa tocar, pelo visor pude ver que se tratava de um número anônimo, jamais algo assim havia acontecido, eu não tinha parentes por perto, apenas um irmão que estava preso por tráfico de drogas, atender ou não?

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EAE JÁ SABEM QUEM LIGOU?
HUNNN🤔

O Fugitivo - kthOnde histórias criam vida. Descubra agora