20. O Passado

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Aviso: este episódio será narrado por Taehyung, como se ele estivesse contando para a personagem.

...

Eu nunca fui um santo, nunca fui uma pessoa de bons exemplos, alguém que possa ser comparado ou invejado, mas sempre dei valor a minha família, talvez eu não tivesse dado o suficiente naquele dia, mas sempre... sempre os amei.

Eu tinha uma ótima família antes do inferno chegar, era só eu, meu irmão e ela, minha mãe lutava para dar um pedaço de pão para nós, pode não parecer uma vida feliz mas eu percebi que eu tinha a felicidade perto de mim, e nunca fui capaz de dar valor, agradecia ela pelo carinho, pela atenção e por ela existir, mas sempre esqueci de dizer meu singelo "Eu Te Amo" que ela tanto merecia, eu fui orgulhoso demais para isso, um dia mamãe arrumou um emprego em um restaurante e conheceu um cara, um cara que mudaria tudo, talvez ela se sentia sozinha por falta de afeto então ela se sentiu na obrigação de levá-lo para casa e ajudar no sustento dos filhos, não era obrigação dele, eu entendo ela por estar desesperada querendo encher nossa mesa, mas infelizmente não foi uma escolha boa.

Lembro até hoje do dia que estávamos na mesa, reunidos juntos e ela havia trazido este homem, achamos que fosse um convidado ou um gesto de gentileza, mas ela disse exatamente "deem boas vindas ao novo morador da casa" ficamos quietos e aceitamos, jamais desrespeitamos a sua decisão, achamos que seria melhor pra ela também.

Moramos com ele por dois anos, e nunca me pareceu ser alguém ruim pra minha mãe, mas a partir do segundo ano, esse homem se rebelou, chegava bêbado em casa todos os finais de semana, gritava com minha mãe, arrumava brigas, foi por isso que meu irmão e eu para evitar assistir aquelas cenas horríveis partimos para a vida na rua, um dia que cheguei em casa mamãe apareceu com manchas roxas sobre a pele, como se algo tivesse a apertado forte, eu perguntei e ela apenas citou "foi um acidente no serviço de casa" não pensei duas vezes em responder "tudo bem", e isso tornou-se a repetir consecutivamente, as brigas pioraram, e eu nunca estive presente em nenhuma delas, preferi entrar no pior caminho junto a meu irmão, meu irmão começou vender drogas, e eu arrumar confusões com a polícia, sujei muitos muros por aí, furtei objetos e tudo mais.

Depois de um tempo as manchas estavam piorando, cada vez que eu pisava os pés em casa era uma marca nova, eu tentei desconfiar, mas eu resisti, não achei que ele fosse capaz, até chegar um certo dia que mamãe me entregou uma carta, mandou que eu levasse para alguma vizinha imediatamente, e eu não fiz isso, eu voltei pra rua achando que não era importante, não passei a noite em casa, fiquei me divertindo e bebendo com alguns amigos enquanto minha mãe estava sendo assassinada sem pena nenhuma, ela levou 5 facadas em locais diferentes, esse desgraçado a deixou sem uma chance de vida, ele tirou tudo de mim, tirou a mulher que me gerou e que eu amava, por culpa dele eu me afastei de meu irmão, me senti culpado pela morte dela, enlouqueci porque eu sabia que o crime me tirou de casa e por conta disso não pude ver o que estava acontecendo, fiquei cansado de crimes e fui capaz de entregar o meu próprio irmão que até hoje se encontra na cadeia.

Mas isso não termina, depois de sofrer com a morte da minha mãe, eu lutei pela justiça, lutei para tentar provar que meu padrasto era o assassino, consegui colocar a polícia em seu encalço, ele se sentiu ameaçado e me procurou, nesse encontro esse maldito teve a audácia de falar da minha mãe, teve a coragem de dizer que a culpa era dela por tantas facadas, e que cada uma era o preço que ela tinha que pagar, eu fiquei furioso e avancei para cima dele, eu o bati muito, sujei minhas mãos com ele e se isso não bastasse ele tentou me matar, disse que eu estava estragando a vida dele, e que eu não iria conseguir levá-lo para cadeia, e eu terminaria como a minha mãe, ele quebrou a garrafa de vidro em minha cabeça, me senti zonzo e o corte ardia, tentou me perfurar com a mesma garrafa quebrada, mas eu fui mais rápido, eu virei sua mão no qual perfurou seu próprio pescoço, ele teve hemorragia e morreu na hora.

Eu abri um sorriso largo e assustador sem remorso algum, eu estava fora do verdadeiro Taehyung, cheguei imaginar que tudo estava resolvido, mas não... eu tinha acabado de arrumar uma dívida com a policia, e sabia que eu não conseguiria provar que foi por defesa, eu deixei o medo me consumir, eu estava pronto para me isolar, liguei para a polícia como anônimo e denunciei meu próprio crime como ato de defesa, deixei que a polícia viesse e não encontra-se mais ninguém, peguei o que precisava e fui embora, desde então eu vivi escondido por alguns anos, até que descobriram onde eu estava alojado e tentaram cercar a casa, eu fugi, foi uma longa fuga, eu escalei muros e telhados das casas que eu fui encontrando pelo caminho, chegando até você.

-Uau! eu sinto muito por sua mãe!

-Não precisa ter pena, eu nunca fui uma pessoa boa, não mereço nenhum perdão.

-Eu não perdoei...

-Sinto muito! -derramei as últimas gotas de lágrimas, não restava muito.

-O que dizia na carta?

-Não tive coragem de ler... ela confiou em mim para entregar a carta, e eu fracassei, não podia ler aquilo sabendo que deixe-a morrer...

-E onde entra o Rick nessa história?

O Rick era meu amigo nessa época, mas ele me ajudou com conselhos que eu não escutei, ele era aquele amigo que eu buscava nos momentos claros e deixava de lado nos momentos sombrios, ele não sabia muito das coisas que eu fazia escondido da sociedade, eu perdi todos que eu amava quando cometi erros, eu não quero fazer igual contigo, estou tentando ser alguém melhor, quero mudar Anny.

...

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