Dei uma troca de olhares entre o carro que acabou de estacionar e Anny que esbanjava preocupação, os vidros do carro era coberto de insulfilme espelhado no qual eu poderia ver meu reflexo encarando a mim mesmo, eu esperava ansiosamente para ver quem apareceria diante da janela do carro, em poucos minutos o vidro foi abaixando e eu pude conhecer o rosto do homem na posse do volante, era jovem até parecia ter minha idade, seus fios de cabelo eram negros e sua pele branca como gelo, usava uma roupa xadrez. O homem gesticulou seus lábios parecendo dizer algo, sua voz rouca e cortada pelos sons de chuva caindo não me deixaram entender o que ele havia dito.
-O que? -perguntei novamente ainda com a garota pendurada em meu braço, ela o apertava muito.
-Vocês querem carona? -disse mais uma vez em um tom mais alto do normal.
Anny me fitava recuada e tensa, seu rosto franzido por conta do vento junto a chuva gelada que batia em seu rosto não me deixavam ler suas expressões, eu não poderia adivinhar qual seria sua opinião sobre isso, eu não conseguiria decidir sozinho.
-Eu não sei... -respondi ao homem com intenção de alertar a garota que eu gostaria de sua ajuda pra tomar uma decisão. Mas ela ignorou, o homem impaciente esperava uma resposta, deu de ombros como se dissesse "A decisão é sua e eu estou esperando, tenho mais o que fazer".
-Não precisam ter medo de mim, entra no carro que eu explico... -gesticulou as mãos em sinal para entrarmos -Rápido antes que caia um raio em vocês!
Raio? Em cima da gente? Bom de fato eu estava com medo disso, não pensei muito quando a palavra "raio" saiu de sua boca, olhei para a garota como um pedido de desculpas antecipadamente, aliás se acontecesse algo seria culpa minha. Puxei Anny para dentro do carro que acabou se tornando uma poça de água por estarmos encharcados e escorrendo a gotas, parecia que o banco recebeu um balde de água gelada, eu teria que me desculpar.
-Molhamos o banco, não se importa? -perguntei apreensivo e me ajeitando pelo banco, Anny fechou a porta depressa e logo em seguida o homem deu partida no carro.
-Não se preocupem, vou pra casa da minha namorada depois de despachar vocês no habitat. Vou usar o secador de cabelo dela. -disse humorado depois de uma risada curta.
Acenei com a cabeça junto a um sorriso ladino para disfarçar que a piada foi excelente, em seguida ensinei o rumo do nosso destino para o homem... Depois disso o silêncio pairou pelo carro, Anny engolia seco e seus olhos não paravam se quer em um ponto específico, parecia estar olhando em volta desesperada esperando algo de ruim acontecer. Eu bem entendo, estava esperando o mesmo.
-Por que nos deu carona? Não ficou com medo de sermos... -não cogitei minha curiosidade. Mas ele me interrompeu com um barulho bocal.
-Não faz o menor sentido vocês serem criminosos, no máximo que pensei foi um casal qualquer que estava transando por aí, começou a chover e saíram correndo desesperados de volta pra casa.
Anny que estava inquieta parou seu momento insano para prestar atenção nas palavras do desconhecido e logo franziu a testa mostrando que estava brava. Eu olhei para o homem um pouco indignado por mais que um fio de arrepio passou por minhas veias como um trem. Ele nem sabia o que eu iria dizer, como ele sabia que eu quis dizer criminoso? Enfim... Pareceu óbvio, Estava pensativo.
-Escuta aqui, não somos um casal e nunca vamos ser!! -fui tirado de meus pensamentos com o surto da Anny, fiquei em silêncio acompanhando aquilo apoiado na janela do carro.
-Desculpa... eu não tenho bola de cristal, foi o que pareceu pra mim.
-Seu arrogante... Não pensa no que fala para os outros!
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O Fugitivo - kth
ActionAnny, uma jovem tão adorável e certinha, dificilmente vista em confusão. Uma garota que nunca conheceu o amor de verdade, suas responsabilidades sempre à frente de sua vida pessoal. Apelando para o lado sem graça da vida, como qualquer ser humano no...