32. Estado de Choque

159 31 4
                                    

Só lembro de ter freiado bruscamente enquanto Namjoon gritava com seu dedo apontado para frente e quando acompanhei a direção, vi uma garota em posição fetal no meio da estrada de terra, podia ser a Anny mas estava muito escuro e a garota estava de costas pro nosso campo de visão.

-Quem vai? Você ou eu? -namjoon sussurrou, seu corpo estava endurecido no banco se cagando de medo. Vai ver pensou que fosse um espírito.

-Eu preciso mesmo responder? Acho que é meio óbvio que serei eu.

-GRAÇAS A DEUS! -o desgraçado se moveu só pra dizer isso.

Tirei o cinto e desci do carro. Eu queria sempre demonstrar coragem mas dessa vez eu confesso, não me senti nem um pouco confortável.

E cada vez que chegava mais perto eu escutava uma voz bem baixa dentro da minha mente "é um espírito!" por culpa do Namjoon eu me obriguei a pensar nessa possibilidade.

-Olá?! -me abaixei e encostei em seu corpo, mas a garota nem se mexia ou retornava resposta "está morta?" nem quero imaginar que toquei em um cadáver. Quase um cadáver, notei seu pulmão inflar -Moça, tá tudo bem?!

Como não tive respostas eu teria que me obrigar a vê-la, namjoon estava lá dentro do carro, tenso e com muito medo... já eu estava me retorcendo pra olhar seu rosto me cagando também.

-Puta que pariu, é você, finalmente encontrei!!! -Era Anny, e ela nem se quer se movimentava ou correspondia meus toques e perguntas, ela estava em choque com alguma coisa que viu ou presenciou. -Você pode me ouvir?? Anny? -dei várias chacoalhadas de leve, mas nada.

Eu não iria chegar a lugar algum com ela assim, portanto fui obrigado erguer a garota e carregá-la apoiada em meus ombros, quando cheguei mais perto do carro namjoon desceu preocupado atirando perguntas pra cima dela, eu jurava que queria experimentar socar a cara dele por um segundo.

-O que aconteceu? Você tá bem? E essa cara, o que foi? Tá pálida... Ei me responde!

-Da pra parar? não vê que ela tá em choque? Não piore botando mais pressão e medo nela.... -disse ajeitando Anny no banco de trás.

-Em choque? O que será que houve? Ela é bem medrosa, suponho que ficou assim pelo sequestro relâmpago.

-Olha quem fala, quase sujou o banco do carro de merda. -coloquei o cinto em Anny e toquei em seu rosto tão pálido -Você vai ficar bem amor!

-Bla bla bla... -debochou irritadinho.

Me virei para namjoon já perdendo as paciência de tanta babaquice, parecia até um bebê chorão que perdeu os doces e agora estava experimentando legumes.

-Você consegue dirigir Nambosta?

-Do que me chamou? De qualquer forma eu não estou apto a dirigir agora. -disse cruzando os braços em negação.

-Tá certo -não gostei nenhum pouco da resposta, ele teria que acompanhar Anny no banco de carona, isso já fervia meu sangue -Não posso deixá-la sozinha então... Fica com ela aí atrás.

-Ok.

Antes de entrar no carro me aproximei de Namjoon agarrando sua gola da camisa por baixo do casado, trouxe o mesmo para mais perto e o encarei no fundo dos olhos.

- Tente qualquer gracinha qualquer uma e você vai se arrepender de ter nascido.

Ele retirou minha mão de si e ficou em silêncio refletindo da possibilidade de ser espancado ali mesmo.

Voltamos novamente para o carro e dessa vez iríamos para Nova Jersey sem interrupções, fiz balão com o carro e voltei todo o percurso corrido até chegar no caminho certo que dava para nosso destino.

...

# horas após

# Rick

O telefone tocou atrapalhando meu banho, podia ser Taehyung avisando que já chegaram portanto corri igual jato até o telefone dando leves escorregadas, nu e todo molhado, eu morava sozinho e eu podia atender como quisesse.

-Alô?

-Sargento? Aqui é da delegacia e quem está falando é o Frost, precisamos de você no departamento de desaparecidos para uma ocorrência.

-Sim claro, o que houve?

-Uma garota desapareceu, companheira daquele homem que apareceu na entrevista do jornal local do caso Taehyung. Como você estava no comando desse caso suponho que gostaria de ajudar.

Meus olhos quase saltaram, era a garota que Anny quase matou durante a tarde e que comprou a casa em Nova Jersey.

-Como assim desapareceu?

-A família ligou e disse que ela nunca ficou tanto tempo fora de casa durante a noite, que somente passava horas no salão de beleza e bom está fechado nessa horas.

-Eu já estou indo, obrigado!

Desliguei as pressas e corri me vestir para checar este sumiço, sendo que somente eu ali naquela delegacia estava ciente do cara misterioso e seus riscos para a população, embora eu não tivesse certeza se o problema fosse somente com Anny e Taehyung.

...

Já estávamos dentro da casa em Nova Jersey e não era o que eu esperava exatamente, era uma casa tamanho médio com muitos cômodos e confesso vindo de uma inimiga da Anny imaginei um barraco com 1 cômodo só. O local era agradável e tinha uma boa vista, não era próximo ao centro da cidade digamos que estávamos isolados dos outros da cidade mas ainda estávamos nela.

Anny desde que chegou não disse uma palavra, ficou sentada no sofá inteiramente engessada e Namjoon e eu não sabíamos o que fazer nem o que a deixou assim. Peguei um pouco de café e liguei o notebook que por incrível que pareça deixaram pra gente se comunicar com Rick, mas eu iria fazer umas pesquisas sobre estado de choque. Namjoon sentou do lado de Anny e ficou paralisado junto dela esperando uma reação, sinceramente eu não entendo o raciocínio de Namjoon muito menos o que fez Anny gostar desse cara. Completamente inútil.

-Eu desisto, acho que ela paralisou de vez. -namjoon levantou-se fracassado coçando a cabeça, devia estar se perguntando porque nasceu tão burro.

-Pesquisei sobre estado de choque e vi que ela só vai voltar ao normal quando cair a ficha de suas emoções. Então pode ir dormir que vai demorar. - Dei um gole no café esperando que Namjoon sumisse da minha frente um pouco.

Ele suspirou, tirou seu casaco cor caramelo de veludo e seguiu para um quarto qualquer, eu só queria me livrar dele e ficar a sós com a minha garota. Deixei o notebook de lado e me sentei no sofá ao lado de Anny que se recuou um pouco amedrontada, peguei suas mãos e fiz com que ela se acalmasse.

-Falei que poderia segurar minha mão quando sentisse medo não é? -dei um sorriso fraco -Olha não precisa me contar o que aconteceu, só peço que seja o que for o que tenha passado, deixe essa sensação sair de você e limpe toda coisa ruim que te prende a esse estado. Ok?

Ela reagiu, olhou para baixo e era um progresso muito grande, poderia ser insignificante mas foi alguma coisa, eu poderia continuar encorajando Anny mas estava cansado e já era tarde, era hora de dormir. E eu iria levá-la junto comigo.

Cuidar de Anny era meu hobby favorito de todos, eu me sentia muito útil em sua vida e ela se sentia protegida, uma troca perfeita. Mas infelizmente por um descuido meu não evitei essa atrocidade que aconteceu com ela, talvez eu não fosse tão bom nisso.

-Venha comigo!

Tirei ela do sofá e a levei para o quarto que por sorte era uma cama confortável de casal, haviam cobertores quentinhos e um travesseiro afofado de boa qualidade. Coloquei Anny sob a cama que se virou em posição fetal e continuo em silêncio encarando o nada, me deitei ao seu lado e abracei ela por trás, eu queria fazer ela se sentir bem e a vontade para sair do choque. Ficamos assim até eu dormir e não ver mais nada.

O Fugitivo - kthOnde histórias criam vida. Descubra agora