Capitulo 13

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— O que você viu? — Perguntou Ethan parado na porta, curioso.
— Havia uma espécia de nave, parecia uma charuto metálico, grande. Ela flutuava sobre as minhas vacas, indo e vindo. Uma porta na parte inferior dessa nave se abriu e uma luz forte desceu sobre uma das minhas vacas, mimosa começou a flutuar indo em direção a abertura. Mas aquilo não ia ficar daquele jeito, saquei minha corda, pulei a cerca do curral e com movimentos precisos eu lacei o pescoço da vaca. Amarrei a outra ponta da corta da cerca para ajudar a puxar. A vaca ficava indo e vindo, pescoço dela já estava parecendo uma borracha, então a luz se apagou e a vaca despencou no chão. A nave ficou alguns segundos parada no ar mas depois sumiu no céu afora.
— É verdade isso?
— Sim, vi com esses próprios olhos que a terra há de comer um dia.
— Salvou a vaca,  então?
— Não exatamente.
— Por que?
— Ela morreu na queda — Beto riu, em meio a uma pequena crise de tosse — Vaca desgraçada.

Minutos depois, Ethan encontrava-se varrendo todo o corredor, limpando as janelas e todo o restante que estava tomado pela poeira. Pode ouvir Beto chamar seu nome, assim como ele havia pedido que o homem o fizesse caso precisasse de algo.
— Do que precisa? — perguntou Ethan parando na porta do quarto.
— Tem certeza de que não estou sendo um incômodo?
— Tenho sim — Ethan sorriu.
— Poderia me trazer outro copo de agua? Parece que comi meia tonelada de terra.
— Claro, volto já.

Ethan trouxe a agua para Beto e este logo a tomou com apenas um gole, como da outra vez.

— Certa vez levantei de madrugada para beber um pouco de água, fui até a cozinha, peguei um copo de vidro e andei ate a pia. Quando abri a torneira nenhuma gota saiu. Foi então que escutei meu cachorro latir varias vezes. Olhei para trás e o pulguento parecia ver algo no teto da cozinha. "Beto, Beto, que diabos é isso desse cachorro latir a essa hora?" perguntou minha esposa vindo do quarto, só de camisola, aquilo me assustou mais que o cachorro. "Volta pra dentro diacho" gritei para ela, esta deu meia volta e se escondeu no quarto. No teto apareceu uma menina usando uma roupa estranha, toda negra. Ela estava de ponta a cabeça e tinha cabelos muito longos. Ela estendeu suas mãos e o pulguento começou a flutuar ate ela lentamente. Não ia deixar aquilo daquele jeito. Saquei minha corda e com movimentos precisos lacei o cão maldito que berrava mais que um cabrito. Começou uma batalha intensa para ver quem ficava com o dog, a menina filha do diabo não desistia, foi então que tive uma ideia, soltei rapido a corda, fazendo o cachorro ir direto na cara dela. Esta desapareceu no mesmo momento dando um grito.
— Você tem historias muito interessantes.
— Você nem imagina, passei poucas e boas naquela fazenda.
— Eu também já morei em uma fazenda. Mas e seu cachorro, pelo menos salvou ele.
— Não exatamente.
— Por que?
— Ele morreu na queda.
— Você não é muito bom em salvar animais — Ethan riu.
— Só minha falecida esposa — Beto devolveu o riso.
— Sinto..
— Ah não precisa, tivemos uma boa vida e pelo que vejo vamos nos encontrar em breve.
— Não diga isso, você ainda tem muito o que viver. Se precisar de mais água estarei sempre por perto.
— Obrigado.

Ethan voltou a limpar o corredor enquanto Margareth continuava a ler seu livro, mas logo seria interrompida por duas mulheres que adentraram no local.
Ethan reconheceu uma delas, era a mesma que havia conversado com ele na fila, no dia em que começou a trabalhar.
Terminou de limpar tudo rapidamente e subiu os degraus da escada já pensando em ver Elizabeth.
Sua artimanha era sempre a mesma, encharcar o corredor de agua para poder ficar com Elizabeth enquanto a agua secava. Fez isso e após passar o pano, adentrou no quarto da bela jovem loira, que dormia suavemente sobre a cama.
Linda como sempre. Pensou Ethan olhando se por ali havia algo para ser limpo.

— Oi, Elizabeth — Disse ajeitando o cobertor. Foi até a janela e a abriu, respirou fundo aquele ar fresco que entrou — Já estava com saudades de você, isso é tão estranho. Sentir saudades de alguém que nem sabe que eu existo, não achei que isso fosse possível. E olha que eu já vi coisas que pensava que nunca veria. Meu aniversário esta bem perto agora, se quer me dar um presente eu lhe aconselho acordar logo.
Ethan sentou-se no chão, encostou o corpo na cama se lembrando das últimas coisas que havia contado a Elizabeth.
— Eu devo ser muito doente mesmo — ele sorriu — Você vai acordar e nem saberá quem eu sou, certamente nem aceitaria tomar uma xícara de café comigo. Ou se lembrará, e aceitará... Não, acho que não. Mesmo que se lembre, não teria motivos para aceitar, e as coisas que vou te contar vai fazer você me odiar...

A Garota Em ComaOnde histórias criam vida. Descubra agora