A Garota Em Coma

Capitulo 6

Ethan adentrou no local e foi direto para a recepção.

— Por que tem tanta gente lá fora?
— Dia de vacinação, em breve as doses vão chegar e todo esse povo será vacinado. Sabe como são as pessoas hoje em dia né, não podem ver uma vacina nova que já querem tomar. Metade dessas pessoas ai fora nem sabem pra que serve essa vacina.
— E pra que serve?
— Resfriado, o tempo frio está se aproximando e o governo não quer o povo doente.
— Um bom governo então.
— Eu creio que não, se o povo ficar doente vai parar de trabalhar, ou seja, vão render menos dinheiro. As pessoas que nos governam não pensam em nós e sim no próprio bolso.
— Faz sentido.
— Agora vá trabalhar, hoje teremos uma droga de dia.

Ethan seguiu para o seu armário e após vestir seu uniforme, subiu correndo as escadas indo para o corredor de cima. Ali poderia limpar sem pressa e ver se Elizabeth estava confortável.
Passou por dois enfermeiros que conversavam sobre um paciente com câncer, tentou escutar a conversa mas foi em vão já que os homens desceram as escadas rapidamente.
O andar de cima era o mais tranquilo, ali ficavam vários quartos e todos possuíam pacientes portadores de doenças graves, mas o único paciente em estado comatoso era Elizabeth.
Ethan começou a varrer todo o local e em seguida foi até o quarto de Elizabeth, o chão estava limpo, não havia nenhuma sujeira em nenhum lugar, então voltou para fora e lavou todo o corredor.
Voltou ao quarto de Elizabeth enquanto o corredor secava e foi até ela para ver se estava tudo bem, como já esperava, seus olhos continuavam fechados.

— Oi, Elisabeth. Espero que o cobertor que eu trouxe não tenha te deixado sentir frio — sisse sentando-se no chão ao lado da cama — Falei de você para o meu amigo, Julian. Ele disse que conversar com você pode ser uma terapia para ambos. Eu sei que me abrir para alguém não vai fazer minha doença ir embora, mas talvez amenize os efeitos que ela me causa. E se for para me abrir para alguém, bom, eu prefiro que seja com você. Não por estar em coma, mas sim por saber que posso confiar em você, caso acorde.
Julian está um pouco abalado com o término do relacionamento, a namorada dele até arrumou outro homem e ele viu os dois se beijando. Bem triste até, por isso eu meio que fujo dessas coisas.
Também conheci uma garota, ela bateu na porta da minha casa pedindo ajuda para encontrar o mercado. Parece ser uma boa pessoa, mas ficarei atento pois sei bem que primeiras impressões nunca dizem tudo sobre alguém.
Bom, estava ansioso para continuar te contando sobre mim, afinal o nosso trato ainda está de pé e quando eu terminar você vai ter que acordar.

Ethan levantou um pouco a coberta de Elizabeth e segurou sua mão.

— Esta quente, isso é bom, sinal de que não passou frio — Ficou alguns segundos passando seus dedos sobre a mão de Elizabeth, era macia, o lembrava a mão de sua mãe e lhe trazia tranqüilidade — Eu poderia soltar sua mão, mas não quero e não importa se você vai brigar comigo quando acordar. Mas o que vou te contar agora é uma parte da minha vida que me trás sensações ruins, então simplesmente me deixe continuar segurando.

***

Eu olhei rápido tudo a minha volta, notei que todas as crianças abaixaram a cabeça e tiraram suas blusas, tanto meninas como meninos e não demorou muito para aquele suposto médico voltar com uma grande mangueira.
— Tire a sua blusa —  o garoto ao meu lado sussurrou outra vez.
— Por que?— Perguntei assustado.
— Apenas tire.
Ao notar que o doutor se aproximava, abaixei rápido a cabeça mas não tirei minha blusa, ele logo veio ao meu encontro. Segurou meus cabelos e ergueu minha cabeça, aquilo doeu muito.
— Não viu que seus coleguinhas tiraram a blusa?
— Sim.
— E por que não fez o mesmo?
— Acalme-se, Peter — disse uma voz feminina e aquele homem cujo o nome eu acabava de descobrir, largou meus cabelos. Olhei e ao seu lado estava uma mulher usando um vestido vermelho justo ao corpo.
Possuía cabelos loiros, ondulados  e usava um batom da mesma cor que seu vestido. Assim como belos brincos e algumas outras jóias espalhadas pelo corpo.