Capitulo 25

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— Pois não? — perguntou um homem alto de cabelos grisalhos que aparentava ter uns quarenta anos. Ethan ficou encarando o homem sem saber o que dizer ou por onde começar, mas seus devaneios passaram no exato momento em que Kathy o cutucou.
— Meu nome é Ethan e o seu?
– Se veio vender algo, desista.
— Ethan, fala logo — Kathy o cutucou outra vez.
— Eu vim salvar sua avó, não, quer dizer, eu vim salvar Elizabeth — Ethan aparentava estar muito nervoso.
— Hein?
– Não diga mais nada Ethan – pediu Kathy – deixa que eu explico ou vai acabar assustando o homem. Prazer, meu nome é Kathy - ela estendeu a mão e o homem a umprimentou, mas não disse o nome.
– O que querem?
– Conversar com o filho da senhora que morava aqui.
– Sobre? – ele parecia desconfiado.
– A neta dela, Elizabeth.
– O que sabem sobre Elizabeth?
– Nós somos amigos dela, nos conhecemos a muito tempo mas só agora ficamos sabendo sobre seu estado delicado de saúde.
– Eu sou o filho da mulher que morava aqui mas não entendo o por que querem falar comigo sobre esse assunto.

– Não vamos dizer aqui fora, certo? – Kathy deu um sorriso debochado.
– Que falta de delicadeza a minha não é mesmo? – o homem devolveu na mesma moeda enquanto saía da frente da porta – entrem estranhos, por favor.
– Agradecida - Kathy adentrou na casa e Ethan a seguiu. Logo após isso o homem fechou a porta.
– Não reparem a bagunça e o monte de caixas espalhadas, o caminhão de mudanças logo irá chegar.
– Nós não vamos tomar muito do seu tempo – disse Ethan fitando as pilhas de caixas encostadas na parede.
– Eu ofereceria um café, mas a cozinha foi praticamente colocada em caixas – o homem riu.
– Não se preocupe.
– Bom, ainda temos dois sofás – o homem apontou para o centro da sala – vamos conversar mais a vontade.

Eles se sentaram e Ethan foi direto ao assunto principal.

– Somos amigos de Elizabeth, como Kathy disse e recentemente a visitamos no hospital onde ela está internada. Mas ficamos sabendo que ela terá seus aparelhos desligados em pouco tempo e queremos impedir isso.
– Elizabeth – o homem suspirou – eu não tive muito contato com ela mas parecia uma boa pessoa.
– Ela ainda é – Ethan o interrompeu – não morreu e se depender de mim ela nem irá.
– Sim, sim. Desculpe se minhas palavras parecerem ofensivas ou algo do tipo.
– Ethan era mais próximo dela e isso o abalou – explicou Kathy – não o leve a mal.
– Entendo, esse acidente foi algo terrível. Elizabeth não merecia aquilo. Mas em que posso ajudar?
– Sua mãe assinou os papéis que dão permissão ao hospital para desligarem os aparelhos de Elizabeth e nós achamos que algum outro parente, como você, pode entrar com um pedido de cancelamento. – Explicou Kathy.
– Isso – Ethan confirmou.

O homem ficou em silêncio por alguns segundos mas enfim se pronunciou.

– Impossível – aquelas palavras deram um choque em Ethan.
– Por que? – ele quis saber.
– Veja bem, eu poderia tentar mas essas coisa demoram muito, ou seja, os aparelhos dela seriam desligados antes mesmo que eu conseguisse. E hoje mesmo irei voltar para minha casa que fica em outro país.
– Você não pode fazer isso, precisa me ajudar – pediu Ethan já sendo tomado pelo desespero.
– Eu sinto muito, sinto mesmo.
– Não, você não sente.
– Ethan, se acalme – pediu Kathy vendo a alteração no tom de voz do amigo.
– Como eu disse, algo assim iria demorar alguns meses e pelo que me disseram ela não tem muito tempo. Tomar essa decisão foi algo muito doloroso para minha mae, apesar de que não eram tão próximas.
– Não? – Perguntou Kathy.
– Não, Elisabeth passou boa parte da vida morando com minha irmã em outra cidade. Ela precisou se mudar bem cedo depois da morte de sua mãe, uma de minhas irmãs. A educação aqui nunca foi das melhores então ela foi mandada para uma escola melhor.
– Tem que haver alguma maneira de impedir que desliguem os aparelhos dela – disse Ethan.

Todos ficaram em silêncio escutando os barulhos alheios emitidos pelo bairro pacato. Haviam sons de pássaros, algumas batidas distantes dadas por algum pedreiro e poucas buzinas de veículos apressados.

– Bom... – o homem aparentou ter uma ideia.
– O que? Me diga – Ethan o apressou.
– Existe uma pessoa capaz de resolver tudo isso em apenas uma semana, ou até mesmo três dias.
– Quem?
– O namorado irritante de Elizabeth.
— Nolan?
– Isso, esse mesmo.
– Ele não é namorado dela, não passa de um monte de bosta – Ethan não segurou as palavras.
– Bom, entendo que eles não estão mais juntos mas com todo o dinheiro que a família dele tem eu suponho que isso seria uma tarefa bem fácil para ele.
– Ele a abandonou naquele hospital, não acho que ajudaria em algo.
– Pelo visto você também não gosta dele.
– Dificilmente alguém gostaria.
– Não sei o que ela viu nele - o homem sorriu.
– Se ele pagar as pessoas certas conseguiria facilmente anular esses documentos - Kathy se animou.
– Sem contar a grande influência que a família dele tem por todo o estado - o homem parecia conhecer bem o sujeito.
– Não existe a menor possibilidade daquele cara nos ajudar - Ethan não estava gostando nada do rumo daquela conversa.
– Ele não vai estar nos ajudando, vai estar ajudando Elizabeth.
– Ah claro! Ajudando ela depois de a abandonar?
– Você quer salva-la ou quer salvar seu orgulho idiota? – as palavras de Kathy entraram como um facão em Ethan pois ela tinha toda razão.
– Não sabemos nem onde ele mora...
– Você pode descobrir da mesma maneira que descobriu este endereço.
– E depois vamos na casa dele rastejando e pedindo ajuda?
– Se quer salvar a garota então vai ser exatamente isso que iremos fazer.

A Garota Em ComaOnde histórias criam vida. Descubra agora