Capitulo 21

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Uma leve brisa tocou o rosto de Ethan enquanto ele se direcionava até a porta. Ele sentiu que algo aconteceria, apenas não sabia dizer se seria algo bom ou ruim.

Bateu três vezes na porta.

— Quem é? – Julian perguntou lá de dentro.
— Carteiro.
– Trazendo noticias do meu pai?
— Você não tem pai, idiota, se esqueceu?

A porta se abriu.

— Você quer me ver chorar?
– Você nunca chora.
— Verdade. Que diabos está fazendo aqui a essa hora? Um aleijado não pode curtir a manhã sem ser perturbado?
— Preciso da sua ajuda.
— Novidade hein? Mas diga do que precisa e eu farei.
— Fará?
— Claro, somos irmãos, lembra?
– Eu não sei o que faria sem você.
– Não faria nada, certamente teria morrido naquele maldito orfanato. Mas então, do que precisa?
– Venha comigo até a nossa antiga cidade.
— Por que diabos quer voltar lá?
— A avó de Elizabeth mora lá. Vou conversar com ela e tentar arrumar um meio de reverter toda essa situação.
— Você realmente tem doença mental.
— Sempre tive.
— Tô dentro — Julian sorriu.
— Já tenho o transporte — Ethan olhou para o veículo parado na rua.
— Olha isso — Julian empurrou Ethan para que ele saísse da frente.
— O quê?

— Aquela gata dentro do carro, quem é?
— Tire os olhos, é muita areia para o seu caminhãozinho.
— Me erra Ethan. O caminhão pode ser pequeno, mas a pá é enorme - Julian riu das próprias palavras.
— Você não estava de luto? Pelo fim do seu relacionamento?
— Águas passadas meu irmão, águas passadas. Vou vestir uma roupa adequada e você distrai ela.
— Distrair? Porque?
— Não quero que ela me veja de muletas. Vai quebrar o clima.
— Que clima, idiota? Não tem clima não.
— Vai ter, Ah vai - Julian sumiu casa a dentro e Ethan olhou para ambos os lados da rua. Tudo continuava calmo e silencioso.
— Ele ficou afim de você - Disse Ethan entrando no carro.
— Quem?
— Julian.
— Homens — ela sorriu — e onde ele está?
— Se arrumando.

Julian apareceu na porta e se assustou ao ver que Ethan não estava lá o esperando. E nem distraindo a bela moça ao volante. Ethan logo notou a presença do amigo a alguns metros.

— OH DA MULETA, VENHA LOGO!

Gritou e provavelmente todo o quarteirão pode ouvir.

—Ah seu desgraçado filho de uma putana — Julian sussurrou para si mesmo enquanto apeoximava-se do veículo, seu rosto estava vermelho igual a um pimentão.
— Seja bem vindo ao meu humilde veículo — Disse Kathy fitando Julian pelo retrovisor.
— É bem espaçoso — comentou, colocando as muletas no assento ao lado.
— Então você é o Julian.
— Falei de você para ela — Ethan se virou para o amigo.
— Nós vamos ter uma boa conversa depois Ethan — Julian vossiferou em meio a um ranger de dentes.
— Estão prontos para uma jornada? — perguntou Kathy em voz alta.
— Sim - Julian devolveu no mesmo tom — vamos salvar a namorada do meu amigo, mesmo que ela nem saiba que ele exista. Assim ela acorda e volta para o namorado.

Um pequeno silêncio tomou conta do veículo, até que Ethan se pronunciou:

— Cara, isso foi cruel.
— Eu sou cruel. E você me irritou.
— Não irritei não.
— Cale a boca.
— Vem aqui fazer eu calar.
— Eu vou. Vou te bater tanto que é você quem vai ficar em coma.
— Eu duvido muito disso, vou arrancar sua outra perna e bater em você com ela.

Julian não resistiu e acabou rindo ao ouvir aquilo.

— Parem de brigar crianças. Chegou a hora da aventura, chega de dias clichês, chega de tédio. Uma pessoa precisa ser salva, uma paixão precisa ser correspondida e o sol precisa brilhar outra vez - Kathy começou um discurso.
— Ela sabe que isso é só uma viagem né? — sussurrou Julian trocando um olhar confuso com Ethan.
— Sim, eu acho que sabe. Não repare, ela é doida.
— Eu estou ouvindo vocês — Kathy resolveu se defender.
— Estávamos apenas elogiando e agradecendo por você nos ajudar.
— Agora sem enrolação, vamos começar nossa viagem.
— Já estava na hora - comemorou Julian.
— Ei, pessoal. Obrigado por me ajudarem nisso — Ethan agradeceu, estava ansioso.
— Não precisa agradecer, sabe disso — disse Julian.
— É, não precisa — Kathy deu continuação — você é um cara legal. Vi isso assim que te conheci, então estamos juntos e vamos salvar sua namorada.
— Ela não é minha namorada — Ethan reclamou, sorrindo, enquanto Kathy dava partida no veículo.

— Um namoro bem estranho — comentou Julian na tentativa de irritar seu amigo.
– Olha se não é o corno falando — Ethan riu.
— Eu não fui corno, fui trocado.
– Mesma coisa.
— Não é não.
— Claro que é. Sua namorada transou com outro muito antes de te deixar. Se isso não é ser corno então eu nem imagino o que seja.
– Seu idiota como tem tanta certeza que ela transou com o cara enquanto ainda estava comigo?
— Se ela te deixou num dia e no outro estava com outro, isso é um sinal claro. Ela provou, se deliciou e apaixonou.
— Ah eu vou matar você. Com quantas namorou? Vamos me diga. Lembrando que a polonesa não conta.
– Polonesa? — Kathy se interessou pela conversa conturbada de seus dois passageiros.
— História longa, história longa — disse Ethan tentando fugir do assunto.
— Ele quase levou um tiro por causa da polonesa. O pai dela pegou o Ethan transando com ela nos fundos de um rancho.
— Ethan, você não é fofo como eu pensei — as palavras de Kathy fizeram o rosto do ex soldado corar.
— As coisas não foram bem assim.

A Garota Em ComaOnde histórias criam vida. Descubra agora