Capitulo 27

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Kathy começou a rir de ambos, eles conseguiam transformar uma viagem seria em uma tremenda comédia sem fim.

— Calma, eu só queria saber — continuou Ethan — e onde esta essa prótese?
— Esqueci na casa da sua mãe.
— Gente, olha só. Ele está  irritadinho.
— Você é que me irrita fazendo suas piadas idiotas.
— Só quero saber quando vai começar a usa-la. É proibido agora?
— Ela vai chegar em breve.
— Já que é bem tecnológica deve vir sozinha — Ethan fez mais uma piada e aquilo foi o suficiente para tirar Julian do serio.
— Ah eu vou te matar neandertal — ele se jogou para frente e passou o braço em volta do pescoço de Ethan, fazendo um mata leão de leve para não desconcentrar o amigo que dirigia o carro.
— Você quer matar todos nós? — perguntou Ethan tentando morder o braço de Julian.
— Como é possível o exército ter aceito vocês dois juntos? — quis saber Kathy.
— Eles não tinham muitas opções na época — explicou Julian — e como nós também não tínhamos, aceitamos passar pelo inferno que era os treinamentos.
— E as missões — acrescentou Ethan.

Menos de meia hora depois, Ethan parou o carro próximo ao hospital e todos desceram do veiculo.

— Gostei desse lugar — disse Kathy fitando tudo a sua volta. O que mais lhe chamou a atenção foram as varias montanas que ficavam depois de uma zona de mata atrás do hospital.
— É bem bonito — acrescentou Ethan.
— O que tem depois das montanhas? — quis saber.
— Bom... Eu não sei — Ethan não fazia a menor ideia.
— Um rio enorme — disse Julian — se seguir pela tinha de terra entre as árvores é possível chegar a um penhasco e de lá ver todas as cidades vizinhas.
— Como sabe disso? — perguntou Ethan.
— Eu Já andei muito por aqui.
— Quero ir lá — Kathy ficou entusiasmada.
— Por mim tudo bem — Falou Julian encarando Ethan.
— Somos desbravadores agora? — perguntou Ethan vendo os amigos animados.
— Não seja pacato Ethan — reclamou Kathy — mas fazemos isso depois, agora temos que pegar o endereço do tal Nolan e quero que você me apresente essa Elizabeth, quero ver se ela vale a pena todo esse esforço.
— Cuidado ao falar da namorada dele — Julian começou seu joguinho.
— Se falar demais, é você quem entrará em coma — Ethan o fuzilou com o olhar.
— Adoro — Julian sorriu.
— Bom, vamos logo — pediu Kathy começando a andar até a entrada principal do hospital e ambos a seguiram.

Ethan andou até a recepção e lá estava Margareth mexendo em uma papelada.
— Margareth — chamou Ethan atraindo a atenção da recepcionista — quero te apresentar alguns amigos.
— Não sabia que você tinha amigos — ela o encarou.
— Isso é só pose — disse Ethan virando-se para Kathy e Julian — ela não é nada do que aparente ser. É o tipo de mulher que faz bolo de cenoura e conta historias para os netos.
— Está me chamando de velha? — questionou Margareth.
— Longe de mim fazer isso, mas enfim, quero te pedir uma coisa.
— E quando é que você não quer?
— Nisso ela tem razão — Julian concordou — Ethan pede demais.
— Calado — Kathy deu uma cotovelada nas costelas de Julian que se contorceu com a dor.
— É assim que me pede em namoro?
— Vai sonhando — ela cruzou os braços.

— O que quer pedir? — Margareth estava curiosa.
— Você me deu o endereço da avó de Elizabeth, teria como me dar o de Nolan também?
— Falando nisso, conseguiu o que queria com ela?
— Ela morreu.
— Que coisa hein.
— Uma pessoa morre e você só diz isso?
— Não tenho tempo para chorar, prometo fazer isso quando chegar em casa. E respondendo a sua pergunta, eu não posso te dar a localização de Nolan.
— Por que?
— Eu não tenho, ele não é da família então não pedimos comprovante de endereço. E mesmo se eu tivesse não te daria, gosto do meu emprego.
— O que quer dizer com isso?
— A família daquele cara poderia comprar metade do estado se assim quisessem, imagina o que ele poderia fazer caso descobrisse que eu disse a alguém sua localização? Me tiraria do meu emprego rindo.
— Então não vai me ajudar?

— Nem poderia, como te disse, não tenho a localização dele.
— Algum email? Numero de contato? Nada?
— Não, mal temos a identificação básica.
— Como permitem que alguém assim visite um paciente?
— Esse alguém pode pagar pelo que quiser, é assim que as coisas funcionam e você sabe bem.
— Inferno — Ethan cerrou os punhos enquanto olhava para o chão.
— Ethan — Kathy aproximou-se dele — vamos pensar em alguma maneira de encontra-lo.
— Por que quer falar com ele? — perguntou Margareth.
— Vou fazer ele entrar com um pedido de cancelamento em relação ao desligamento dos aparelhos de Elizabeth.
— Falando nisso — Julian também se aproximou — nos apresente a ela.

Ethan não respondeu, apenas ficou com os olhos fixos no nada, pensando em uma maneira de descobrir a localização de Nolan.
— Ethan — Kathy colocou a mão em seu ombro, o puxando de volta para a realidade — nos leve até ela, até Elizabeth.
— Tudo bem — disse ele bem baixo, quase que sussurrando enquanto virava-se para os amigos.
— Ethan — chamou Margareth.
— O que?
— Não quero ser estraga prazer, mas seja rápido. Se a direção do hospital souber que um funcionário sem parentesco nenhum com uma paciente está levando visitas para o quarto dela as coisas vão se complicar, tanto para mim quanto pra você.

— A mesma direção que decidiu deixar essa paciente morrer? Patético.
Ethan passou por Julian e Kathy, seguindo reto pelo corredor e ambos o seguiram.
— Ethan, você não pode falar assim, pode? — perguntou Kathy ao se aproximar.
— Eu só disse a verdade
— Me esperem, CARALHO! — reclamou Julian ao ser deixado para trás — minhas muletas são invisíveis por acaso?
— Só a do meio — Ethan brincou, virando se para o amigo.
— Sua mãe que te disse?
— Ethan — alguém o chamou e ele logo reconheceu a voz meio rouca vinda de um dos quartos do hospital. Era Beto, o velho historiador.
— Ue, quem é? Quem chamou? — perguntou Kathy fitando as fileiras de portas fechadas que havia no extenso corredor.

Ethan andou até uma das portas e a abriu, revelando a figura de Beto que estava sentado em sua cama segurando um copo vazio.

A Garota Em ComaOnde histórias criam vida. Descubra agora