Capitulo 24

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Não demorou muito para que uma figura feminina surgisse na porta.

— Eu não estou assediando ninguém — disse Ethan quase gaguejando.
— Eu sei, ele sempre faz essas gracinhas.
— Parece ser uma boa criança, levado, mas um boa criança.
— Ele é, a parte do levado.
– Eu estou ouvindo! — gritou Dick de dentro da casa.
— Vá arrumar sua cama! – sua mãe devolveu o grito.
— Não estou conseguindo ouvir!
— Em que posso ajudar? – perguntou a mulher, usava um avental e seu cabelo estava preso por um lenço.
– Bom, você conhecê uma avó de uma garota chamada Elizabeth? Ela mora em uma dessas casas mas eu não sei onde.
– E essa tal avó não teria um nome?
– Teria e não teria.
– Como assim?
– Bom, eu não sei o nome - ele sorriu envergonhado.
– Sabe como ela é?
– Velha. Certeza que é velha.

– Só isso? O que mais tem por aqui são velhos. Alias tome cuidado com eles, são bem perigosos.
– Creio que não superam seu filho.
– Isso é verdade, ninguém supera ele.
– Ela usa cadeira de rodas.
– Ah... sim, no fim da rua, perto de uma estátua de cachorro. Lá - ela apontou para a última casa daquela rua.
– Muito obrigado, mesmo, você me poupou de sair perguntando de porta em porta.
— Só tem um pequeno problema.
— Qual?
– Ela morreu a duas semanas.

Aquelas palavras caíram como chumbo no peito de Ethel

– Não pode ser verdade – ele sorriu sem graça.
– Ah, me desculpe. Eu não devia ter dito dessa maneira. Você era parente dela?
– Não...
– Um dos filhos dela é quem cuida da casa agora, caso queira saber.
– Desculpe tomar seu tempo atoa – Ethan deu as costas e começou a andar fitando o chão. Seu plano havia sido realizado com sucesso até ali, mas infelismente o destino quis tornar as coisas mais difíceis do que já eram.
– Ethan! – Kathy gritou vendo o amigo ir na direção oposta a ela.
Ela correu até ele e o puxou pelo ombro.
– Me solte.
– O que deu em você? Ainda tem muitas casas para ver.
– Esquece. Vamos voltar para o carro.
– Por que?
– Acabou. Simples assim.
– Explica logo, caralho. Você não me arrastou até aqui pra simplesmente dar as costas sem nenhuma explicação.
– Ela está morta - ele se virou e a encarou - satisfeita? Agora vamos embora logo.

– Como sabe disso?
– A mãe do Dick me contou.
– Ela pode estar enganada.
– Não. Não está.
– Bom mas idai? Viemos aqui e vamos continuar procurando uma solução.
–  Não tem solução, só ela podia entrar com um pedido de cancelamento.
–  Sim podia, mas ela morreu então esses papeis passam a ser de outra pessoa, né? Não entendo nada disso mas acho que talvez um parente próximo a ela pode entrar com o pedido.
– Não é assim que funciona.
– Eu não estou te perguntando como funciona Ethan, você vai fazer o que eu mandar e acabou. Vamos na droga da casa conversar com a droga da pessoa que estiver lá e ela vai nos ajudar a resolver essa droga toda.
– É perda de temp...
– Eu disse pra fazer o que eu mandar — Kathy segurou a gola da blusa de Ethan com as duas mãos, quase que o enforcando.
– Vai me matar?

– Eu não estou com tempo pra brincadeiras - ela o balançou.
— E eu estou?
– Cale a porra da boca e me diga onde fica a casa.
– Se eu calar a boca não poderei dizer.
– Diga - ela votou a balança-lo.
– E isso vai mudar o que?
– Vai mudar que eu não vou ter vindo aqui atoa.
– Última casa da rua, perto de uma estátua de cachorro.
– Ótimo, agora venha – ela soltou a gola e agarrou o braço de Ethan como se ele fosse uma criança mimada.
– Não precisa me puxar assim...
– Precisa e cale a boca. Deixe os adultos trabalharem. Pra um soldado você desiste muito fácil das coisas.
– Ex soldado.
– Não interessa.

Era a primeira vez que Ethan via Kathy estressada e a partir dali decidiu que evitaria a risca deixa-la daquela maneira outra vez, era assustador. Ela o soltou e ambos começaram a andar lado a lado até chegarem onde queriam: a ultima casa da rua.

– Bom, não é bem uma estatua – disse Ethan encarando a moldura de pedra ao lado de uma árvore. Era um cachorro sem metade de uma das orelhas e com a lingua para fora. Ele olhava para frente, encarando uma casa de rações do outro lado da rua.
– Marketing - disse Kathy analisado toda a cena.
– Ou não.
–  Não é? Acha que ouve um cachorro que fez grandes feitos na cidade e ai ganhou uma estatua?
– Eu não duvido, já vi muita coisa estranha.
– Vamos logo.

Kathy andou em direção a casa e precisou subir alguns degraus de cimento até chegar na porta de maneira. Esta era bem pintada e possuía um olho magico. Ela bateu algumas vezes mas ninguém atendeu.

– Viu, não deve ter mais ninguém ai. Foi perda de tempo ter vindo aqui – Ethan reclamou.
– Fique quieto - ela voltou a bater.
– Não há mais nada que eu possa fazer nessa situação. Eu tentei, mas não deu.
– E vai jogar tudo pro alto? Cadê aquele papo idiota de salvar uma vida?
– Eu desisti desse plano, não de salvar Elizabeth, vou arrumar outro meio para isso.
– Não tem outro meio, precisamos dessa papelada cancelada.

A conversa foi interrompida pela porta se abrindo.

A Garota Em ComaOnde histórias criam vida. Descubra agora