— OK, vamos fazer do modo difícil — ela abriu a maleta revelando vários objetos reluzentes, entre eles havia algumas pequenas facas prateadas, bisturis e dezenas de outros objetos que eu não fazia a menos ideia do que fossem.
— Não me machuque — pedi com a voz tremula, o ódio havia dado lugar ao medo, o medo de uma criança indefesa.
— Onde ele está?
— Eu não sei, eu juro que não sei.
— Que feio, uma criança mentirosa é tudo o que não precisamos. Não me surpreende os seus pais terem te abandonado.
— Eles não me abandonaram... Vocês que me tiraram deles.
— Nós salvamos você, agora vamos ao que interessa.
Cassandra revirou os itens até encontrar um pequeno alicate.
— O que é isso? O que vai fazer? Eu já disse que não sei onde ele está — comecei a chorar antes mesmo de sentir qualquer coisa.
— Poupe sua voz, vai precisar dela para gritar.Ela posicionou a boca do alicate em um dos dedos da minha mão direita e fez um único movimento brusco, o quebrando.
A dor infernal me fez dar vários gritos enquanto chorava e fitava meu próprio dedo distorcido. Era uma cena horrível para uma criança e o meu desespero não fez com que Cassandra desistisse de me torturar, do contrário, ela sorria me vendo agonizar.
Ela posicionou novamente o alicate em um outro dedo e fez a mesma coisa. A aquela altura eu tinha total certeza de que todos do orfanato estavam escutando meus gritos, a minha mente foi tomada pela aceitação de que eu não sairia vivo dali e novamente acabei desmaiando.
Fui despertado por fortes tapas no rosto dados por Cassandra.
— Desgraçado, não vai fazer corpo mole. Não agora, a brincadeira nem começou — ela me deu mais dois tapas, eu estava sem forças para gritar e ainda podia sentir a forte dor vinda dos dois dedos quebrados.
— Mae... Pai... — sussurrei enquanto encarava o chão, eu precisava ser salvo a qualquer custo. Talvez Julian chegasse naquele exato momento trazendo a polícia e tudo ficasse bem, ou até mesmo meus país vindo salvar o filho desaparecido. Mas nada disso aconteceu.
— Vamos consertar esses dedos, afinal não queremos que você os perca não é mesmo? — ela segurou os dedos quebrados e os fez voltar a posição inicial. Eu senti toda a dor, mas ao invés de gritar apenas deixei escapar longos gemidos e minha visão voltou a falhar. Mas dessa vez não desmaiei, me mantive firme.***
— Veja só quem temos aqui — Ethan foi interrompido por uma voz masculina. Uma voz conhecida e irritante. Ele voltou seus olhos para a porta do quarto de Elizabeth e Nolan estava parado frente a ela.
— Você — Ethan levantou-se do chão e encarou Nolan — Eu estava mesmo precisando conversar com você...
– Não faço a menor ideia do que alguém como você teria para falar com alguém como eu – Nolan adentrou no quarto enquanto atacava com sua arrogância.
– Isso não é sobre mim ou sobre você...
– Não, espere um pouco. Primeiro, quem diabos é você? E por que estava sentado no chão do quarto da minha ex conversando sozinho?
– Meu nome é Ethan – Ethan precisou se controlar para não fazer ou dizer nenhuma besteira, a conversa nem tinha começado mas seus nervos estavam a flor da pele.
– E? - Nolan parou bem na sua frente.
– Eu trabalho aqui, como já deve ter percebido no nosso primeiro encontro.
– Continue, ainda não me disse o que quero e preciso saber.
– Bom, eu estava conversando com Elizabeth. Por isso me sentei no chão.
– Incrível - Nolan sorriu balançando a cabeça negativamente – você tem algum problema mental? Por que diabos estava conversando com a Elizabeth sabendo que ela está em coma?
– Isso não vem ao caso, vamos pular todo o papo furado e ir direto ao ponto.
– Que seria?
– Fiquei sabendo que você é uma dessas pessoas ricas que fazem o que bem entendem. Eu quero que você use seu dinheiro e influencia para cancelar o desligamento dos aparelhos da Elizabeth.
– Você quer? – Nolan riu – e quem você pensa que é para querer algo de mim?
– Faça por ela - Ethan apontou para Elizabeth – espera... Você sabe sobre os aparelhos?
– É claro que eu sei.
– E não quis fazer nada?
– Não.
– Típico de pessoas como você.
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A Garota Em Coma
RomanceEthan, um ex-soldado que sofre de esquizofrenia começa a trabalhar em um hospital e lá conhece Elizabeth, uma paciente que está em coma e terá seus aparelhos desligados em cinco meses.