Capitulo 14

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***

Peter ficou olhando minha cara de espanto, não pensei que ele fosse pedir para que eu retirasse minha roupa em troca de um comprimido.
Não fazia sentido em minha mente, o que ele pretendia com aquilo? Me perguntei em pensamento enquanto meu corpo começava a tremer.
— Está surdo? Tenho que repetir quantas vezes? Ou prefere morrer ?
— Minhas roupas, por que devo retira-las?
— Por que eu estou ordenando, quer morrer ainda hoje?
— Não.
— Então faça o que eu mandei, pirralho.

Sem ter muita escolha, retirei a blusa.

— Pronto.
— Retire tudo, e jogue no chão.

Larguei a blusa no chão e mantive meu olhar abaixado a todo momento, estava assustado.
Lentamente abaixei a calça, em seguida minha roupa intima. A todo momento olhava para o chão.
Peter veio em minha direção, podia claramente ver suas pernas dando passos lentos, se aproximando de mim e parando bem na minha frente.
Não falou nada, parecia me observar maquinando alguma coisa. Ficou alguns segundos em silêncio mas logo esse silêncio foi interrompido por ele mesmo.
— Bom garoto — Ele se debruçou e usou sua mão para erguer minha cabeça, fazendo seu olhar impiedoso se encontrar com o meu — É assim que as coisas funcionam aqui, nós mandamos, vocês obedecem. Por que somos seus donos. Agora vista essa roupa outra vez.
Ele segurou minha mão e colocou um dos comprimidos nela, em seguida deu as costas e andou até a porta enquanto eu vestia as roupas e engolia o remédio, não precisei de agua.
— Amanhã você sera marcado, acho bom se preparar para a dor. Agora me siga, vou te levar ate seu dormitório e é bom que saiba de uma coisa. Se um de nós pegar você andando por ai sem ordem, será severamente castigado no que chamamos de "Quarto do panico".

O segui para fora daquele cômodo fedido e a todo momento eu olhava em todas as direções, memorizando cada canto, corredor e porta que via.
Chegamos na área de banho, subimos algumas escadas e chegamos até um corredor.
O mesmo que eu havia percorrido horas antes quando acordei naquele inferno.
Andamos mais um pouco até chegar em outra escada, esta de madeira. Subimos novamente e me deparei com outro corredor.
Este possuía algumas portas, todas abertas e bem maiores que uma porta comum. Passamos pela primeira e pude ver dezenas de meninos deitados sobe o chão, alguns estavam acordados e me olharam com um olhar de curiosidade.
Chegamos no fim do corredor, Peter parou perto a ultima porta e dentro daquela grande alá também havia outros meninos, mas não tantos como nas anteriores.
— É aqui que será o seu dormitório, os mais comportados ganham recompensas, como travesseiros, cobertores e até mesmo blusas de frio. Seja bonzinho e quem sabe o que posso arrumar para você.
Olhei todo o cenário dentro daquele dormitório, em poucos segundos meus olhos reviraram cada canto. Era escuro e assustador, não queria dormir ali.

Peter me empurrou para dentro do dormitório, sem que eu pudesse questionar ou dizer qualquer palavra.
— Todas as portas ficam abertas, mas ninguém sai destes dormitórios sem permissão. Espero que tenha entendido isso.
Foi as única coisa que disse antes de desaparecer corredor a fora, enquanto eu olhava para aqueles meninos deitados sobre o chão, por todo o lugar. Eles nem se quer se preocupavam ou se interessavam pela minha presença
Apenas tentavam dormir, apesar de tudo estar escuro eu conseguia enxergar as silhuetas. Alguns dormiam sentados, encostados na parede. Outros preferiam ficar deitados bem próximos uns dos outros, para tentar amenizar o frio.
Fiquei alguns segundos de pé, tentando processar todos os acontecimentos estranhos que haviam acontecido desde que acordei naquele orfanato, ainda me sentia perdido e com medo.
Me sentei e fiquei encostado na parede, bem próximo a porta, como havia pedido Julian. Estava com muita fome e sono ao mesmo tempo, tudo aquilo era demais para uma criança.
Fechava os olhos e os deixava fechados por alguns segundos, voltava a abrir e os esfregava, tentando manter o foco. Mas aos poucos esses intervalos de fechar e abrir foram aumentando, até que peguei no sono.
Algo tocou meu ombro, me fazendo acordar assustado.

— Sou eu — Sussurrou Julian, estava de pé ao meu lado — Venha.
Pediu ele dando passos lentos para fora do dormitório.
— Vão nos pegar — O segui para fora, e em seguida me virei para ver se algum dos meninos havia acordado. A falta de luz dificultou um pouco mas tinha a total certeza de que todos ainda estavam dormindo.
— Não vão não, eu falei para não dormir.
— Eu tentei...
— Agora cale a boca e me segue, vamos para a cozinha.
— Estou com medo.
O segui pelo corredor, passamos pelos outros dormitórios quase que andando nas pontas dos pés. Chegamos na escada e descemos até o corredor de baixo.
— É aqui que as meninas dormem, este é o corredor delas. Também tem dois banheiros, o delas e o nosso — Explicou Julian, enquanto eu o seguia até a próxima escada. Esta nos levou a outro corredor, mas este não possuía tantas portas como os outros.
— Chamam aqui de enfermagem, tem salas parecidas com a de hospitais. Você deve ter sido tratado em alguma delas.
— Sim, eu acho.

Descemos outra escada e chegamos em um local familiar, a grande alá de banho.

A Garota Em ComaOnde histórias criam vida. Descubra agora