Capitulo 22

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— Ah foram sim — Julian gargalhou.
— Vamos focar na viagem.
— Agora você quer focar na viagem né.
– Já foram para a Polônia? – Kathy quis saber.
– Não que eu me lembre.
– Então como essa garota pode ser Polonesa?
–  Ela não é, era apenas um apelido que colocamos nela. A família dela nos acolheu durante um confronto nas fronteiras de... Bom, eu não lembro onde foi. Faz muito tempo.
— No início pensávamos que eles faziam parte da equipe oculta do exército inimigo - explicou Ethan.
— Equipe oculta?
— Sim, este também era o nome da nossa missão. Recebemos informações de que uma equipe especial das forças inimigas estavam planejando uma tática de ataque próxima a uma fronteira do país e que estavam escondidos em um pequeno rancho. Mas era mentira, uma jogada dos nossos inimigos para nos encurralar. E funcionou muito bem.

—  Vocês tiveram muitas aventuras juntos hein.
— Você nem imagina.
— Eu salvei a pele do Ethan mais vezes do que posso contar - Julian se vangloriou.
— Não exagera, eu também te salvei uma vez.
— Quando foi isso que eu não lembro?
– Ah não se lembra? Quando os nativos queriam cortar sua cabeça.
– Sei de nada - ele riu.
— Os nativos? Índios?
– Sim, Índios estranhos que odiavam o exército. O idiota aí foi capturado por um deles.
– Eu fui fazer minhas necessitades. Como poderia saber que um babaca estaria entre as árvores me vigiando?
— Seu treinamento não te ensinou nada não?
— Olha quem diz. Conte para ela da vez em que você pulou de paraquedas e ficou preso em uma árvore. Preso por horas.
— Como pode afirmar isso? Você nem estava naquela missão.
— Não estava mas o quartel inteiro ficou sabendo.
— Também ficaram sabendo que eu salvei todo mundo naquela missão.
— Isso não muda o fato de você ser um desastre como soldado.
— Se eu sou você também é.
— Sou mesmo.
— Como foi que o exército aceitou vocês? - Kathy riu, enquanto fazia uma curva entre alguns veículos.
— É complicado explicar - disse Ethan. Ele estava guardando aquela história para Elizabeth. Assim como a da polonesa e até mesmo da quase morte de seu amigo.

A viagem seguiu em um ritmo acelerado. Pararam apenas duas vezes, na primeira foi a pedido de Julian, que queria comprar um lanche e a segunda foi para abastecer o veículo.
Kathy conhecia bem as ruas e não se perdeu nenhuma vez.
Sua única dificuldade era se familiarizar com sua cidade atual, o que parecia ser uma tarefa impossível.

— Kathy, ja esteve aqui? - Perguntou Ethan.
— Sim, muitas e muitas vezes. Conheço muitas cidades. Menos a minha atual.
— E como você foi parar naquele lugar?
—Independência, quero poder ter minhas próprias coisas sem depender dos meus pais.
— Seus pais são ricos? — perguntou Julian indo direto ao ponto.
— Eu diria que possuem uma boa condição financeira. Ethan me dê o endereço outra vez.
— Aqui — ele a entregou o papel com a localização.
— Ótimo, estamos quase chegando nesse bairro. Fica a alguns quilômetros, lá tem um parque bem divertido.
— Você estava mesmo falando sério quando disse que conhece várias cidades?
— Claro que estava. Mas me diga, acha que essa tal avó vai nos ajudar.
— Eu espero que sim. Pelo que eu sei só ela pode impedir que desliguem os aparelhos.
— E se ela não ajudar?

Um pequeno silêncio tomou conta do veículo.

— Bom, então eu vou arrumar outra maneira de salvar Elizabeth.
— E se não conseguir? Eu não quero parecer intrometida ou negativa. Eu só quero saber se você vai saber lidar com isso. Saiba que estamos aqui pro que der e vier.
— Eu sei que vou conseguir. Vou salva-la e depois...
- Ela volta pro macho dela — Julian interrompeu enquanto dava uma gargalhada.
— Vai se foder.
— Não chora, não chora.
— Veja o lado bom, temos boas notícias — disse Kathy otimista.
— Qual?
— Chegamos.

O coração de Ethan acelerou ao ouvir que haviam chegado no bairro onde morava a avó de Elizabeth, agora era tudo ou nada.
— Onde é? Qual casa? — perguntou Julian olhando as residências pela janela. O bairro era bem pacato, haviam vendedores ambulantes, alguns gatos perambulando pelos telhados e pequenos estabelecimentos bem organizados.
— Acalme-se, estou procurando a rua correspondente — disse Kathy fazendo uma curva e entrando em outra rua. Passaram por uma pequena praça onde algumas crianças brincavam em balanços arranjados enquanto suas mães discutiam a vida alheia.
— Perfeito — Julian se acomodou no banco dando um sorriso.
— Por que essa cara? — perguntou Ethan.
— Por nada, oras. É só que, sei lá, depois que deixamos o exercito meio que não tivemos mais aventuras como essa.

A Garota Em ComaOnde histórias criam vida. Descubra agora