Capitulo 15

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— Aqui você já deve saber, é onde os desgraçados nos dão banhos com uma mangueira.
— Ficar aqui não é arriscado? Onde eles estão?
— Devem estar dormindo. Apenas Peter e os vigias dormem aqui no orfanato, Cassandra não gosta muito desse lugar. Ah, umas duas mulheres velhas também, uma que limpa tudo e a outra é cozinheira.
— E os vigias não deviam estar vigiando?
— Sim idiota, eles vigiam a movimentação na floresta lá fora, perto do portão. Principalmente a estrada de terra  que leva até a cidade mais próxima. Mas por aqui é bem raro aparecer alguem por causa da localização. Eles tem medo da policia, tenho certeza.
— Então a gente foge e chama a polícia.
— Não conseguiríamos chegar na cidade antes do anoitecer. E sem aqueles comprimidos vamos morrer. Agora fique em silêncio e me siga, por aqui tem alguns quartos e não quero arriscar ser pego.

Julian seguiu indo em direção a mesma porta que Cassandra havia me levado, esta saía em um belo corredor contendo algumas portas. Lentamente ele abriu a porta revelando o corredor escuro, olhou para trás, me fitando. Como se pedisse em silêncio que eu fizesse o minimo de barulho.
Começamos a andar pelo longo corredor, Julian sabia bem a onde estava indo. Como se já tivesse feito aquilo varias vezes.
Quando passei perto a uma das portas pude escutar o ronco de alguém. Era horrível.
Logo a frente estava a mesma porta do quarto onde eu havia estado horas antes com Cassandra, me perguntava em pensamentos se ela estava ali agora.
No fim do corredor havia uma porta cinza, metálica. Julian girou a maçaneta e esta fez barulho, ele me olhou mais uma vez e ambos ficamos parados. Atentos a qualquer sinal de perigo.
Mas nada aconteceu e ninguém apareceu, então Julian terminou de girar a maçaneta e empurrou a porta. Chegamos em uma grande cozinha, havia algumas mesas, fogões e grandes fornos. Assim como armários onde guardavam a comida.

Mas Julian não ligou muito para tudo aquilo, continuou andando pela cozinha e eu o segui. Chegamos até uma porta de madeira.
— É aqui que fica a dispensa, as melhores coisas estão ai dentro.
Ele abriu e nesse exato momento ouvimos passos e sussuros vindos do corredor onde havíamos acabado de passar.
— Vão nos pegar — falei enquanto meu corpo já começava a tremer, pressentindo o perigo se aproximando.
— Vem — Julian segurou rápido meu braço e fechou a porta da dispensa, mas não entramos ali.
Ele me puxou para perto de um dos armários e abriu as portas, havia alguns sacos de feijão e nos escondemos ali. Por uma greta pude ver o mesmo homem gordo que secava a área de banho. Ele segurava a mão de uma menina.
— Você vai se divertir, tenha certeza — disse ele enquanto adentrava na cozinha, em seguida fechou a porta.
— Droga — sussurrou Julian.

Aquele homem passou sua mão direita por todo o corpo da menina, enquanto esta, olhava fixamente para o chão. Não demonstrava nenhuma reação diante daquilo, parecia até que já estava familiarizada com aquilo.
Olhei para Julian, que ficou com o rosto colado a porta do armário observando tudo atentamente. Minha inocência não me deixava entender o que estava acontecendo ali.

Julian empurrou a porta do armário.

— O que está fazendo? — Sussurei para ele. Que em resposta se virou para mim e levou o dedo indicador até a boca, me pedindo para fazer silêncio.
O homem gordo, estava de costas para o armário. Ele colocou a menina sobre uma das mesas a sua frente e ficou entre suas pernas abertas.
— Calma aí que já vamos nos divertir — Disse ele, enquanto desabotoava os botões de sua calça. Fiquei em total silêncio apenas observando o que Julian fazia.

Ele pegou um rolo de madeira sobre uma bancada da mármore, perto a alguns sacos de farinha de trigo e andou com passos leves até o homem. Notou que não conseguiria o acertar com precisão, devido a diferença de altura.
Então se afastou outra vez e foi até um banquinho de pau. O pegou e levou até o homem, colocou bem atrás do sujeito e subiu. Tudo isso enquanto o homem retirava a calcinha da menina, estava tão concentrado no que fazia que nem notou o perigo que estava correndo.
Julian ficou de pé sobre o banco e se virou para me olhar. Fez um "beleza" com a mão esquerda dando um sorriso e fazendo careta. Em seguida se voltou para frente e levantou o rolo com as duas mãos, o segurando firme.

— Pensa rapido — disse ele assustando o homem que em resposta se virou, mas não teve tempo nem de ver quem era já que Julian o deu um golpe tão forte na cabeça que o desmaiou. A menina assustada se encolheu sobre a mesa e abaixou seu vestido.
— Matou ele? — Perguntei, saindo de dentro do armário e me aproximando do corpo estirado no chão.
— Não, só deve estar inconsciente. Esse aí vai dormir até amanhã.
— Oi — Falei, olhando para a menina que ainda estava sem entender nada.
— Vai ficar aí igual idiota? Volte para o seu dormitório. E não precisa agradecer não. — Disse Julian.
— Agradecer? Vocês estão muito encrencados agora — Enfim a garota resolveu falar algo, em seguida ela desceu da mesa, era alguns centímetros mais alta que Julian.
— Pensando bem, sei como você pode me agradecer — Julian falou em um tom irônico, enquanto pegava a peça íntima da menina que estava jogada no chão.
— Me dê isso — A garota tomou sua roupa intima violentamente da mão de Julian.
— Adoro as violentas, até agora a pouco você não parecia tão brava assim.
— Esse patife aí ia me dar comida, vocês não tinham nada que intrometer.
— Docinho, a comida está aí. Pegue, coma o que quiser com a gente.

Julian foi até a dispensa e eu fiquei ali parado perto a menina, ambos olhando para o corpo no chão.

— Meu nome é Ethan, e o seu?
— Nueda.
— Nueda?
— Nueda sua conta — Ela sorriu, não entendi muito mas ela sorriu.
— Não entendi.
— Esquece, meu nome é Vanda.
— Nome bonito.
— Não enche.

Julian voltou com alguns pacotes de biscoito em mãos, também haviam algumas barras de rapadura e chocolate. Ele dividiu tudo igualmente entre nós três e nos sentamos no chão para comer.

A Garota Em ComaOnde histórias criam vida. Descubra agora