CAPÍTULO 32

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Millena

Acordo e sinto como se tivesse comido um prato caprichado de feijoada, daquelas que tem de tudo! Travo a boca por sentir um enjoou horroroso! Está me dando uma vontade enorme de vomitar, abro os olhos e vejo um teto amarelo, franzo a testa, eu não estava em um hospital? Os hospitais normalmente não são brancos? Posiciono os braços na cama e tento erguer o corpo mas caio de volta para a cama, credo que fraqueza ridícula!

— Oi? Tem alguém que pode me ajudar? — Digo movendo a cabeça a procura de uma pessoa, minha visão está embaçada. Acho aqueles controles e aperto o botão vermelho, bom acho que seja vermelho, vai que eu virei daltônica e não estou sabendo, e seja para o bem ou para o mal algo vai acontecer. E então, nem dois minutos depois a porta se abre e dois seguranças junto com uma enfermeira entram correndo. — Ai que bom, a ajuda chegou...

— O que houve senhora? — Um dos negros altos pergunta e vai até uma porta que acredito ser o banheiro e nega com a cabeça. O outro segurança vai até as janelas e verifica sei lá o que, depois volta e também nega. — Por que a senhora acionou o botão de alarme de fogo? Onde está o incêndio? — Dou um sorriso de boca fechada e só então eu percebo o extintor na mão do primeiro segurança.

— Opa, desculpe gente. — Digo tentando levantar novamente, mas estou com dor nos braços, acho que fiz muito esforço ontem, o que eu fiz ontem? — É porque eu preciso ir embora e nem levantar não consigo, na verdade como foi que acabei nesta cama de hospital? E desculpa moço, eu apertei o botão sim, mas não foi por querer, é porque minha vista ainda está embaçada e tinha que chamar a atenção de alguém.

— Tudo bem querida, — A enfermeira murmura calmamente e a voz dela me dá sono, ela faz uma cara confusa enquanto me analisa e depois pede para os rapazes se retirarem e chamarem o médico. — Vou lhe ajudar a sentar e irei fazer umas perguntas, certo?

— Será que eu poderia te responder enquanto como alguma coisa? — Pergunto quando minha barriga ronca, devo estar a horas sem comer. Olho o uniforme da enfermeira e leio Lucinda. — Mas na verdade eu gostaria de ir ao banheiro...

A porta se abre novamente e um senhor de jaleco branco entra sorrindo, ao chegar do meu lado ele ergue seu tablet e começa a falar:

— Muito bem, vamos começar me chamo Juliano Duren e sou o médico responsável por você neste turno. — Ele sorri e vejo as rugas se formarem nos cantos de seus olhos verdes. — Pode me dizer seu nome?

— Millena Silva tenho 28 anos, moro em São Paulo no Brasil. Tenho uma mãe, um padrasto, uma melhor amiga e um caso com o irmão dela. — Digo automaticamente e conforme minha vontade de ir ao banheiro aumenta.

— Certo, sente alguma dor ou incômodo? — Pergunta me encarando seriamente.

— Sinto nojo ao lembrar da vez que cai no esgoto perto de casa, e curiosidade ao me perguntar aonde chegaria se passasse do cano. — Faço careta ao lembrar daquele lugar fedido, nojento e escuro. — Na verdade, estou estranhando estar lembrando isso logo agora.

— Não sei lhe explicar o porquê de estar lembrando isso agora, mas lembra de como chegou aqui? — Pergunta me olhando de cenho franzido, o que há com essa gente que ficam me encarando com estranheza?

— Não, só me lembro de acordar aqui e com muita dor no corpo e vontade de ir ao banheiro.

— Onde é aqui exatamente? — Continua perguntando e já estou me cansando disso, até parece eu quando estou interrogando algum preso na delegacia.

— Doutor, já está bom de perguntas, não? — Me apoio em seu braço e na cama para me impulsionar para fora da cama e seguir para o banheiro. — Sei que estou em algum hospital de São Paulo, e que daqui a pouco minha mãe chega com a família toda, então melhor ir ao banheiro de vez.

— Ah sim, São Paulo. Mas por que está conversando comigo em holandês, então?

— É muito óbvio, já que o senhor começou a falar comigo em holandês significa que não sabe falar português. — Dito isto eu fecho a porta e faço o que se deve fazer.

Caminho tranquilamente até a pia e apoio as mãos na mesma, ergo o olhar e vejo meu reflexo no espelho.

— Que porra eu fiz com meu cabelo? — Exclamo de olhos arregalados e passando a mão no cabelo. — Além de daltônica estou desmemoriada também, quando foi que fiz esse corte? — Olho em volta e esse banheiro é muito ajeitadinho para um hospital de São Paulo, fecho os olhos e respiro fundo segurando minha cabeça que começa a doer, abro as pálpebras de novo e me abaixo para lavar o rosto.

Sinto uma pontada aguda me atingir na cabeça quando escuto a água corrente e então varias e varias lembranças começam a chegar ao ponto de ter que gritar para poder aliviar o sufoco gritante em minha cabeça, sinto minha visão ficar turva com lágrimas e sento no chão ao escutar uma batida na porta e lembrar do disparo de uma arma. Alguém se joga ao meu lado enquanto outra me segura pelos braços, então lembranças dos corpos de Juca e Vinicius ensanguentados é o que me faz tentar levantar e chorar. Olho para quem está do meu lado e vejo a enfermeira Lucinda, olho para cima e vejo o médico Juliano, abro a boca para perguntar dos meus rapazes e pelo reflexo eu vejo Lucinda tentar novamente me sedar.

— Deixe essa sua agulha muito bem longe de mim, Lucinda. — Murmuro ameaçadoramente enquanto seguro seu braço, olho para Juliano e volto a falar com a seringa já segura em minha mão. — Pode me levar e me informar sobre os pacientes, Vinicius Menezes e Juca...

— Primeiro preciso que se acalme e volte para o quarto, ao que me parece você se lembra de tudo e até como chegou aqui. — Juliano murmura me interrompendo e concordo com a cabeça, ele me ajuda a chegar à cama e quando me vê mais contida volta a falar. — O primeiro por quem perguntou; Vinicius está bem, a cirurgia foi um sucesso e acredito que ele também esteja para acordar aqui no quarto ao lado. — Tento secar as lágrimas de alegria e alívio e aceno para que continue, mas ele espera pacientemente que eu me acalme para continuar. — O outro, Juca, acredito que ainda irá dormir por mais algum tempo, a anestesia usada durante o resgate teve um efeito alérgico e ele perdeu o baço pois uma das balas ficou presa no mesmo, mas fiquei sabendo que graças a você o paciente chegou aqui ainda respirando. A cirurgia dele foi mais complexa, pois as três balas atingiram lugares de extremo risco e ele teve uma hemorragia muito difícil de conter, o paciente teve uma parada respiratória, porém no fim tivemos uma estabilidade. — Choro de soluçar ao saber que meu irmão está bem e se recuperando, apoio o rosto nas mãos e solto um suspiro de completo alívio.

— Graças a Deus! Obrigada, muito obrigada.

— De nada, e agora descanse para poder ir para casa mais rápido. — Juliano se vai, mas Lucinda fica e quando soluço agora de fome e ela não entende e começa a reclamar.

— Se a senhora não se acalmar, irei seda-la.

A porta é aberta e nem levanto a cabeça, sei que se fizer isso vou ficar tonta e enjoada por conta das cores apática deste quarto e da crise de choro.

— Lucinda e essa mania de querer dopar as pessoas... — Escuto a voz baixa, sonolenta e brincalhona de quem tanto queria e então ergo a cabeça para vê-lo, está em uma cadeira de roda e com cara amassada, mas é lindo e revigorante vê-lo, sorrio apaixonadamente para Vinicius. — Oi amor, sentiu saudades?

👉🏽💘👈🏽
Oi minha gente, tudo bem?😎

Desculpem a demora, viu?

Esse foi o capítulo de hoje e espero que tenham gostado. Me contem aí tudo o que acharam, beleza?😉

Até a próxima e muitas beijocas💋

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