CAPÍTULO 17

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Vinicius

Suspiro cansado, Julia praticamente me carregou até a delegacia e depois para a casa de nossa mãe. Nunca ouvi tanto em alguns minutos dentro do carro, nunca vi minha irmã tão revoltada. Além de claro, depois de todos os olhares revoltos que recebi no shopping, pensei até que ia ser linchado, mas acho que ficaram satisfeitos de ver Julia acabando com a minha raça, literalmente.

Assim sendo, mesmo sabendo que fui canalha pra caramba e sabia que não precisava ouvir toda aquelas coisas de Julia, fiquei quieto porque ela podia ficar mais ainda estressada e eu continuaria a ouvir. Quando toquei a campainha da casa de mamãe, pensei, nossa ela vai ver Julia falando no meu ouvido e mandar ela parar. Até parece, dona Dália primeiro perguntou o que tinha acontecido e eu disse já me sentando no sofá:

— Julia está brava por eu ter saído com uma conhecida e agora está...

— Mentira, — Julia me interrompe e recebe um olhar mortal de mamãe. Quando morávamos aqui, uma coisa que ela nunca gostou ou aceitou, era quando ficávamos interrompendo e se intrometendo onde não era chamado. Nessa hora eu pensei rindo, pronto estou salvo, mas... — Desculpa, mas vou falar. — E mamãe balançou a cabeça, concordando! — Não estou brava por ele ter ido encontrar uma vaca conhecida, estou revoltada e chateada porque ele tinha me dito que tinha se acertado com a Milli, e mesmo sabendo que ninguém gosta daquela mulher, e que eu tinha uma ponta de desconfiança com ela. Ele foi lá e se encontrou de novo com ela. — Diz a última frase entredentes, dando para perceber a sua raiva.

— Julia querida, se o seu irmão quer quebrar a cara você tem que deixar, já lhe disse antes, ele é mais cabeça dura que o seu pai...

— O que tem eu? — Christopher sai do escritório com alguns livros na mão. Bagunça meu cabelo e depois beija Julia e minha mãe.

— Nada não, papai. — Julia diz o abraçando. — Mas voltando mamãe, isso é o de menos, esse inútil pode sair com quem quiser, mas com alguém que não ofenda nem a mim e nem a Milli, que até ontem ele disse amar. — Ela tira a minha blusa de frio que pegou dentro do meu carro e mostra o vermelhidão em seu braço. — Olhem só o que aquela vaca fez no meu braço! — Mostra o braço primeiro para Christopher e depois para mamãe. — Quase arrancou o meu braço fora, e o seu filho aí, não fez nada! — Julia joga isso na minha cara de novo, eu já disse que me arrependo e não adianta. Não posso voltar no tempo.

— É o que? — Christopher quase grita segurando gentilmente o braço da filha e examinando. — Ela bateu em você? — Pergunta e Julia acena com a cara de cão abandonado, minha mãe vai para o lado do marido e vê o braço vermelho de Julia.

— Vinicius! — Mamãe exclama quase chocada.

— Não fui eu! — Me defendo, com o olhar que ela me deu, até parece que eu enfiei as unhas em Julia. — Nem unha tenho!

— Eu sei, que não foi você menino! — Ela diz brava, e foi aí que percebi que não ia ser protegido, muito pelo contrário. — Como que você deixou a situação chegar a esse ponto?

— Sua irmã na sua frente, quase perdendo o braço... — Christopher murmura passando sei lá o que no braço de Julia.

— E você não a protegeu! — Mamãe termina a frase do marido totalmente decepcionada e chateada.

— Eu já pedi desculpas. — Murmuro exasperado. — Me desculpa tá legal? Eu fiquei travado, eu só sai com Beatrice, para cancelar tudo que tinha marcado durante a semana, e como eu ia saber que as duas iam estar lá? Eu vi a decepção no olhar de Millena, a raiva no da Julia, e não queria acreditar que tinha causado aquilo. Quando vi já tinha acontecido. Beatrice estava segurando com tanta força o braço de Julia, e me dei conta que aquilo era culpa minha, dei um passo só para parar com aquela situação, mas Millena foi mais rápida e livrou Julia das unhas de Beatrice. Elas tinham conversado brevemente e estavam indo embora quando aconteceu...

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