EPÍLOGO

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Há três anos...

Bélgica, Presídio...

Beatrice

Minhas mãos estão presas para trás, por uma algema enferrujada, posso sentir o material raspar ruidosamente a minha pele; mexo os pulsos para aliviar a dor e em resposta meus dois braços são apertados por duas carcereiras que gargalham, sou empurrada contra a minha vontade para baixo. Meu corpo está todo curvado, posso ver o portão imundo ser fechado e trancado no começo do corredor.

Damos mais alguns passos, já no meio do corredor eu sou erguida e empurrada, contra a minha vontade, para dentro da minha cela. Fecho a cara e caminho em direção ao meu colchonete, mas sou impedida por uma mão, que já conheço bem, de apenas três dedos. Levanto o rosto e encaro Sidra, enquanto com a mão direita eu tiro sua mão defeituosa e nojenta do contato com minha pele.

Sidra sorri friamente, com seus dentes tão podres quanto a dona, e nem me mexo, essa louca não me abala.

— Dois meses na solitária não foi suficiente, para a dondoca acordar para a realidade? — Sidra grasna com seu bafo de tabaco, reviro os olhos para essa qualquer e torço o seu anelar para mostrar que estou pouco me lixando para suas palavras. Mas sou surpreendida por sua outra mão, que se prende em meu pescoço e aperta contra a parede. — Escuta aqui, sua vadia desgraçada! — Fecho os olhos e travo o maxilar quando sinto a saliva descer por entre meus olhos até o queixo, escuto sua risada e ergo minhas mãos tentando afastar seu aperto. — Você pode ter matado Dinla, pode até achar que conseguiu alguma coisa com isso. Mas eu vou transformar a sua vida num pesadelo!

— Pobrezinha da viúva! — Tento resmungar e Sidra enfia o dedo imundo, que torci, em minha boca e aproveito para usar todas as minhas forças e fecho os dentes em volta do seu dedo.

Ela rosna e tenta retirar o dedo ferido, quando posso sentir o gosto de sangue, e não tenho problema nenhum em arrancar mais um dedo seu; contudo, ela usa sua outra mão, a que me sufocava para segurar minha cabeca e tampar meu nariz, só a solto quando estou sem ar.

Sidra se afasta e me seguro na barra da cama e sorrio vendo o estrago que fiz em seu dedo. Respiro fundo e volto a falar com dificuldade.

— Minha vida não vai ficar pior do que já está! — Cuspo o sangue com gosto metálico, de Sidra, que se forma em minha boca e sorrio mortalmente. — E acho bom, que você fique bem longe de mim. Ou eu vou fazer questão, que não seja só seu dedo a sangrar!

Sidra me olha com raiva, enquanto aperta com força o dedo em sua roupa suja. Tanto ela como este lugar, me enoja profundamente! Tudo aqui é escuro e fedido, todos aqui cometeram crimes e crueldades, eu nunca fiz nada mais que o necessário! Me livrar de todas aquelas crianças, eu simplesmente trouxe de volta o que era nossa realidade no passado; esses projetos de humanos eram só algo imprestável na sociedade e tudo que traziam era gasto e por isso eu fazia questão de fazer eles pagarem por seus gastos. Se elas faziam sexo, estava mostrando o que mais cedo ou mais tarde conheceriam. Se limpavam as coisas de tudo e todos, era algo inevitável; cedo ou tarde isso iria acontecer! Se eles davam seus órgãos para outras pessoas ou apanhavam, ou qualquer outra coisa, estavam passando por dificulades como todos no mundo. Tudo o que eu fiz, foi puxar o band-aid de uma vez.

Eu não me arrependo de nada! Faria tudo igual e novamente se tivesse a chance; se as pessoas não entendem o bem que estava fazendo por elas, isso já não é culpa minha!

— Eu digo e repito, você está morta na minha mão, Astrid! — Saio de meus pensamentos com a ridícula da Sidra resmungando.

— Morta? — Zombo friamente — Mão? — Olho para a mão sem dedos, dela e gargalho livremente. — Se você ao menos chegar perto de mim, vou arrancar com muito prazer e gosto, os seus outros dedos que lhe restam!

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