CAPÍTULO 13

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Millena

- Moça? - Grazilda chama me tirando de minha observação. - Senhora, está me ouvindo? - A mulher insistente dessa vez me cutuca.

- Não, querida. - Me viro a encarando. - Não escuto gente chata!

Começo a andar de volta para os bancos onde as caixas estão espalhadas, e me sento retirando os sapatos. Olho em volta, atrás de Julia e a encontro no mesmo momento que ela me olha e pergunta:

- Vai levar a bota, Millena? - Pergunta já pagando sua sandália.

Nego com a cabeça e então dois minutos depois ela para a minha frente, não só com uma sacola, mas com três. Levanto as sombrancelhas a fitando curiosa.

- Resolvi, levar esses dois. - Ergue a mão que segura duas sacolas e depois ergue a outra mão. - E essa sandália para Emily.

Concordo com a cabeça tentando sorrir, minha cabeça está a mil. Minha vontade é de atravessar esse shopping e ir lá ver quem é aquela criatura sentada com ele alegremente. Sei que isso não passa de puro ciúmes, mas não vou dar esse gostinho pra ninguém, então levanto a cabeça e respiro fundo. Depois eu vou resolver isso, e do meu jeito. Levanto depois de calçar o meu sapato e pegar minha bolsa.

- Isso significa que vamos visitar os Menezes? - Pergunto abrindo um sorriso, dessa vez verdadeiro.

- Lógico, vamos lá ver meus amores. Antes que minha mãe venha me buscar pelos cabelos. - Brinca e agradece a vendedora quando saímos, Grazilda me encara e faz cara de nojo. Reviro os olhos e quando Julia já está longe eu me inclino para perto dela e sussurro. "A cara de nojo é pra mim? É o seu reflexo querida." - Anda logo Millena! - Julia grita e olho para o lado de olhos arregalados, pensando que Vinicius tenha nos percebido, mas a conversa está tão boa ali, que ele nem se toca do escândalo da irmã. Ridículo!

A raiva me sobe, e quando vejo já estou caminhando em passos largos até as mesas, dou a volta para que ele não me veja e vou por trás de Vinicius, dando de cara com uma loira sem sal. Acho que passei algum tempo parada encarando eles dois, pois logo Julia para ao meu lado e com as na cintura pergunta um pouco alto de mais.

- Que raios está fazendo parada aqui? - Vinicius parece finalmente se dar conta e então se vira e nós olha, faço uma careta para os seus olhos arregalados e Julia segue meu olhar e murmura alto. - Não é, que é o Vinicius mesmo! - Quando Vinicius se levanta para vir até nós, ele dá visão da loira para a irmã que praticamente grita. - E com a vaca oferecida da Beatrice!

Então tudo brilha em minha cabeça, filho da mãe! Eu não estou acreditando nisso, ele não fez isso! Estou extremamente chocada e chateada, ele numa hora está comigo e em outro momento com a criatura ali sentada. Olho ao redor e vejo, Julia batendo no irmão que se defende dos ardidos tapas, e em seguida vejo a tal Beatrice se levantar horrorizada e segurar Julia pelo braço e apertar as unhas levando ela para longe. Ah não, aí já é demais!

- Solte-a imediatamente! - Exclamo caminhando rapidamente para o socorro de minha amiga.

Beatrice para a mão no meio do caminho e solta Julia que cai sentada em uma cadeira.

- Millena... - Escuto Vinicius me chamar, porém eu levanto a mão para que ele se cale.

Passo pela loira oxigenada e paro a frente de minha amiga, que já está em pé e olha seu braço agora avermelhado pelo aperto. Julia ergue a cabeça e encara Beatrice com os olhos semicerrados. Entro em sua frente antes mesmo dela pensar em atacar a rival e falo só para que ela escute.

- Vamos embora, Julia! - Digo severamente. - Temos que ir, lembra? Sua mãe vai ficar feliz em nós ver.

Julia parece se lembrar da mãe e da irmã e então acena com a cabeça e então como a madame que ela consegue ser, desfila até suas sacolas no chão perto do sonso de seu irmão, que não fez merda alguma e então olha novamente para o braço e por alguns segundos ela fecha os olhos e parece pedir paciência. Quando chega ao meu lado, ela arruma o cabelo e murmura com a voz rouca contida:

- Vamos então!

Começamos a andar nos afastamos e então nós escutamos a voz azeda e esnobe da vaca:

- O casal lésbico da riquinha e da negra favelada, já vão tarde! - Começa a rir. - Nem ao menos deviam ter entrado aqui.

Julia é a primeira a se virar, mas ela nem ao menos se mexe. Simplesmente com um sorriso maquiavélico e com a sombrancelha levantada ela murmura:

- Agora você se ferrou!

- Liga para o Juca! - Digo a Julia e começo a andar.

Quando dou por mim, já estou com a minha mão dentro da bolsa e pego o que tanto tenho prazer de mostrar, meu distintivo, arrumo ele em minha camiseta e sorrio brilhantemente.

Caminho com a minha cara de a Sargento Silva. Cara que uso somente dentro das minhas operações. Ou quando alguém me desrespeita. Paro em frente a Beatrice e digo com a minha melhor voz e um sorriso de lado.

- A senhora está presa, por desacato e racismo! - Assim que falo ela arregala os olhos e pelo canto do olho vejo Julia ao telefone, provavelmente falando com Juca. E ainda consigo escutar os cochichos e sussurros de todos em volta.

- Ora vejamos só, a fofa é policial. - Ironicamente ela sussurra. Meu sangue ferve, essa mulher está brincando com a pessoa errada e na hora errada. - Esse país está decadente mesmo, qualquer gentinha mulambenta pode ter autoridade por aqui...

- Não diga mais nenhuma palavra se quer. Qualquer coisa dita, pode ser usada contra você e repito, você está presa em nome da lei. - Murmuro minha voz sai rouca de raiva e preciso respirar bem fundo.

- Milli, deu sorte. - Julia chega ao meu lado e sussurra. - Juca disse que tem uma viatura aqui, aconteceu um furto no estacionamento. E ele disse que dois policiais estão subindo. - Diz rapidamente e então com um sorriso ela se vira para a mulher e levanta as sombrancelhas vitoriosa. Depois sai do meu lado e vai em direção à Vinicius que pagava a conta. - Espero mesmo que você acredite em mim da próxima vez, Vinicius.

- E espero poder contar com seu depoimento. - Digo o encarando brevemente, e ele acena com a cabeça ainda com cara de trouxa.

- Sargento Silva? - Escuto ser chamada e me viro vendo cabo Ulisses Elías meu colega de trabalho, dentro do distrito o apelidamos de Ed, já que sua semelhança com o cantor Ed Sheeran é enorme. - O que temos aqui?

- Crime de desacato e racismo, - Exclamo serrando a mandíbula. - contra mim.

- Racismo é... - Cabo Fernanda Ferrais, murmura sombriamente enquanto já pega suas algemas e caminha até Beatrice que a olha com medo. Eu também teria medo com um olhar desse, Fernanda tem uma longa história com racismo, preconceito e abuso. Para ela esse é um dos piores crimes e quando um caso assim vai em suas mãos, ninguém sai empune. - Vamos então, Sargento? - Ferrais pede permissão e então quando aceno, ela sai com Beatrice em direção ao elevador.

- Nós vemos na delegacia, Sargento? - Elías pergunta e aceno me virando para ver Julia discutindo com Vinicius.

E lá vamos nós...

👉💘👈
Olá minha gente amada❤
Demorei mas voltei😂🤗

Eu não consegui postar pois estava sem internet, e só agora retornei, e com esse capítulo que considero bombástico. 😉

Espero que tenham gostado e até a próxima, beijocas💋

Qual Caminho Devo Seguir?Onde histórias criam vida. Descubra agora