CAPÍTULO 7

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Vinicius

Ainda confuso pela pressa em que Millena saiu, e já revoltado por aquele cara ter ficado me encarando, eu me viro pra Julia e então suspirando ela murmura.

- Ela nem vai vir pra casa hoje, - Abre a geladeira e pega uma garrafa de água. - escreve o que estou falando, Millena nem vai aparecer aqui.

Confuso e sem entender o porquê de Julia está me falando isso, pergunto:

- Como assim? Por que ela não voltaria? - Corto um pedaço de bolo e começo a comer. - Ela mora aqui, Julia. - Reviro os olhos, cada coisa, que bolo bom. - Vocês são muito infantis. Quem fez esse bolo?

- Infantil é você, Vinicius! Quem mora com ela sou eu, então sei do que estou falando, ela vai ficar na casa do Juca ou da tia Jaque, Millena está estranha... - Senta ao meu lado e começa a passar geleia em uma torrada. - Millena que fez o bolo, fez ontem. Quando ela está preocupada, começa a cozinhar.

Até cozinhando minha menina é boa, me surpreenderia se ela não fosse boa em algo.

- Tá sorrindo por que e do que? - Julia pergunta mordendo a torrada.

- Nada não... - Fecho o sorriso que nem vi que tinha aberto. Penso em algo para desconversar. - Com o que Milli está preocupada?

Julia estava levando o último pedaço de torrada em direção a boca, mas para quando me escuta falar, "Milli". Julia franze a testa e semicerra os olhos me encarando, engulo em seco, saco dei bandeira. Por fim ela balança a cabeça e responde desanimada.

- Não sei, depois que briguei com você, eu passei uns dias com a mamãe e com...- Começa a falar distraidamente mas então para. - o papai. Não vi ela durante esses dois dias, cheguei tarde ontem, e agora ela saiu cedo. - Me encara e joga os cabelos pra trás. - Mas ela não me contou alguma coisa.

Olho no relógio em meu pulso, preciso ir no banco ainda hoje cedo.

- Que horas você vai sair? - Pego mas um pedaço de bolo e tomo meu café.

Julia pega meu braço, e depois se entorta para ver as horas. Quando vê que já vai dar oito e meia, ela joga meu braço e por pouco meu bolo não voa.

- Caramba Julia! Cuidado! - Reclamo limpando as migalhas da roupa.

Quando levanto a cabeça vejo Julia correndo pela sala enquanto fala:

- Vou me atrasar, socorro senhor.

Revirando os olhos me levanto e coloco as louças na pia, guardo as outras tantas coisas que não comemos e que Millena provavelmente deixou aqui. Pensar em Millena, me faz lembrar daquele cara que estava com ela, como assim ela vai dormir na casa dele? Espero que Julia esteja enganada. E ainda tem mais, do que Millena trabalha? Isso é uma questão que nunca me passou pela cabeça, e é estranho já que ela nunca fala sobre isso, não comigo pelo menos.

Ela não fala nada com você! Nem mesmo bom dia...

Minha consciência tira onda com a minha cara, e então saio de meus pensamentos quando Julia me grita da sala.

- Anda logo, Vinicius!

Sem me dar o trabalho de responder, coloco as louças no escorredor e caminho até minha irmã gêmea. Olhando assim, nem parece que somos irmãos, e ainda por cima gêmeos. Os cabelos de Julia, com o tempo, escureceram mais que os meus. Sem contar que com os anos em coma, ela não desenvolveu muito bem a altura, por isso é menor que eu. Meus olhos são azuis e os dela, castanho escuro quase preto. Na personalidade então, totalmente diferentes. Só somos iguais na teimosia, inteligência, persistência e outras coisas, só que são muito mais diferenças; nossa estou começando a pensar que Julia não é minha irmã.

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