CAPÍTULO 20

298 29 56
                                    

Millena

Estou paralisada de medo, surpresa, choque, tristeza repentina e uma pitada de raiva, mas lá no fundo meu coração bate rápido de felicidade e saudades.

Como que Vinicius chegou aqui? Saco! E se ele chamou atenção? Vai acabar com dois longos anos de desfarce! Se alguém descobrir, estamos fritos! Sem ter tempo para pensar, encaro o segurança confuso ao lado e o dispenso com um aceno. Assim que ele se vira, eu seguro a mão de Vinicius e o puxo para dentro. Juca bate a porta e cruza os braços encarando Vinicius.

— Que raios você está fazendo aqui?! — Juca e eu gritamos juntos. Mas Vinicius está ocupado demais me encarando e analisando descaradamente. Passa-se, dois minutos, e eu sei porque contei mentalmente, isso mostra como estou nervosa. Porém mantenho meu olhar com o seu, não quero demonstrar fraqueza...

Meus pensamentos são interrompidos, por uma ação inesperada. Dois braços me apertam e por um momento sinto meu mundo parar e então Vinicius sussurra em meus cabelos:

— Deus! Como estava com saudades! — Suas mãos passam de cima pra baixo em minhas costas, sei que ele faz isso para me acalmar, automaticamente enrolo meus braços ao seu redor e fecho meus olhos, apoiando em seu peito. — Não vou te largar, nunca mais! — Uma de suas mãos sobem até meus cabelos e começa a massagear. Sinto uma paz tão grande. — Você está tão linda...

Um pigarreio me faz voltar a realidade e forçadamente, eu me distancio. Encaro Vinicius com um sorriso encantado e me viro para Juca, que nos encara confuso e preocupado.
Franzo a testa e então me viro e vejo Vinicius olhando ao redor.

— Como você nos achou? - Pergunto num sussurro. Ele me encara e sorri orgulhoso e atrevido, Vinicius estrala os dedos.

— Tenho meus meios. — Fala por fim.

Escuto Juca bufar nervoso e murmurar:

— Temos que saber como, certinho exatamente. — Explica respirando fundo. — Pois se você deixou alguma peça solta por aí, estamos ferrados! — Juca caminha para perto e o encara. — Portanto, vai falando.

Vinicius o olha superior e revira os olhos, como se não se importasse com a presença de Juca. Suspiro pedindo paciência, e reviro os olhos balançando a cabeça, dois cabeças duras, não sou obrigada a isso não. Tenho mais o que fazer. Perdendo a paciência que já não tenho, caminho até a cozinha pegando um copo de suco e pacote de batatas e volto para a sala, passando pelos dois, que conversam entre espinhos e poucas palavras.

— Olha, eu tenho que planejar as coisas para amanhã, — Digo subindo as escadas. — Quando terminarem a novela, se acomodem, mas não me atrapalhem. — Paro no meio da escada e abro meu pacote de batatas. — Juca? Você cuida disso né? — Ele acena e voltam a conversar, continuo meu caminho.

Coloco a minha digital no identificador e entro rapidamente na sala pegando meu notebook, saio do cômodo e fecho a porta atrás de mim. Seguindo para meu quarto e ouvindo, as agoras, vozes alteradas. Sigo para o topo da escada e grito para que escutem.

— Falem mais baixo! — Digo e as vozes se calam. — Temos vizinhos e olha a hora.

Vendo que a conversa continua, agora mais calma. Sigo para o quarto e me deito na cama, de barriga pra baixo, levanto as pernas cruzando os tornozelos. Abro meu notebook e depois de ligado, começo meu trabalho. Acho que devo ter ficado por algumas horas, digitando, planejando, pesquisando, planejando mais um pouco, calculando e por fim tentando entrar no cérebro da central. Mas o sono vem chegando, abaixo a tela do notebook e coloco embaixo de minha cama, e derivo no sono, esquecendo por algum tempo, o perigo constante que corro nesse país.

Qual Caminho Devo Seguir?Onde histórias criam vida. Descubra agora