Qual Caminho Devo Seguir?

CAPÍTULO 29

Millena

Estou fazendo o curativo na coxa de Vinicius, sei da situação que me rodeia, sei que Walter assim como minha intuição me avisava, nos traiu, e isso me irrita profundamente. Quero achar aquele projeto de bosta e destruí-lo com minhas próprias mãos.

Achar a bala na perna de Vini não foi difícil, na minha prova prática da academia civil, eu passei bailando em emergência cirúrgica. Até porque eu fiz enfermagem, sempre gostei desta área, desde pequena. Mas a minha dúvida era entre ser policial ou enfermeira. Fiz a faculdade de enfermagem e entrei na academia, assim caso eu um dia deixe de ser uma policial eu vou trabalhar na minha outra área.

— Millena cuidado! — Escuto Juca gritar e franzo a testa me virando a tempo de ver ele se jogar a minha frente e ser baleado três vezes no meu lugar, por Walter, esse filho de uma rapariga. — Falei que ia te proteger! — Juca murmura tremendo, arfando e tentando segurar a arma para atirar no idiota, mas não tem forças para isso.

Puxo a arma de sua mão e mirando em Walter, descarrego o pente em cima dele, vendo seu corpo balançar a cada tiro que recebe e por fim tombar e cair sem vida no chão de concreto.

— Juca! — Grito desesperada e me jogo em cima do meu amigo o acolhendo em meus braços, passo a mão em seu abdômen e sinto falta do colete, ainda escuto mais tiros por perto, mas não me movo, não consigo, porque estou em choque e me debulhando em lágrimas. — J-Juc-a não faz isso! Por que tirou o colete? Por que fez isso? Temos que beber, por dois dias seguidos ainda! Você me prometeu! — Escuto pneus cantando e sirenes se aproximando, mas continuo na mesma posição, agarrada ao único amigo que tenho, ao meu parceiro, meu irmão! Ao homem que me defendeu de tudo e todos, sempre estando ao meu lado mesmo nos piores dias.

A cada minuto que se passa eu sinto minha angústia aumentando, cada segundo é crucial e eu não sei o que fazer!

Até escutar um gemido profundo de dor, virar e me deparar em um completo inferno. A angústia e aflição toma parte do meu ser e tudo o que vejo é sangue, sangue por todo lado!  Meu Vinicius, o amor da minha vida se desmanchando em sangue e perdendo a cor e alegria que sempre esteve presente.

Isso não pode estar acontecendo! Quero acordar deste pesadelo, agora!

Os paramédicos chegam junto com Manoel, o marinheiro amigo de Lazlo, e quando começam a socorrer Juca o levando pra longe, eu sinto frio e um medo enorme. Tremendo eu rastejo até Vinicius, que se engasga com o próprio sangue.

— Vinicius? — Chamo seu nome e vejo sua cabeça procurar minha voz com dificuldade. Seguro sua cabeça em meus braços e colo como posso seu corpo ao meu, um soluço escapa de minha boca e despenco em um choro copioso e alto de puro medo e lástima.

Sinto de repente, Vinicius começar a tremer constantemente e o afasto para vê-lo, tudo parece piorar com o tempo porque eu não sei o que ele tem. Abro a boca para gritar por ajuda, porém não é preciso, enfermeiros me puxam para longe de Vinicius e me debato, até ver que estou atrapalhando. Vejo três homens fazendo os primeiros socorros e colocar um Vinicius desmaiado na maca, eles seguem para a ambulância não muito longe e apresso o passo para ir junto, porém o barulho constante de um bip me chama a atenção e viro a procura do barulho.

Vejo em primeiro lugar, sangue, muito sangue por toda parte. Depois, sobre meu olhar me deparo com muitos corpos, a grande maioria sem vida. Em um canto afastado, observo policiais militares e civis, reunindo bandidos perto de uma construção e fazendo com que se deitem. Sorrio, ao menos algo deu certo. Mas nem tudo são sorrisos, o bip que tinha parado, volta agora com urgência assim como minha busca, e meu sorriso vira uma careta de completa dor e desespero.