CAPÍTULO 27

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Juca

Se passaram quase dez minutos, desde que entramos aqui neste cômodo traumatizante, a minha vontade é de bater em todo mundo envolvido, porém, contudo sei que isso não é possível.

Respiro fundo e olho pela milésima vez em volta, tem cinco minutos que Millena está tentando convencer essas pobres crianças. Entrei aqui confiante de que ia dar tudo certo, estou começando a mudar de idéia. Daqui a pouco aquela ameba volta e Deus que me perdoe, mas toda a paciência que venho controlando há dois anos está se esvaindo e vou acabar matando aquele verme, até agora quem bateu foi Millena, mas eu não estou muito longe disso.

— Por favor crianças! — Millena implora novamente, estou perdendo a paciência. Sei que é difícil pra eles, porém dois minutos a mais aqui dentro eu explodo literalmente, sem contar o perigo que estamos correndo. — O tempo está passando e então não terá escolha e vamos todos morrer de qualquer maneira!

"Essa opção está fora de cogitação." — Escuto Vinicius murmurar e olho para Millena a tempo de ver a revirada de olhos e o desespero começar a tomar conta dela.

Resolvo tentar de novo, abro a boca pra falar e então escuto um estrondo. O navio balança e os gritos são instantâneo, vejo a água começar a entrar de fininho no quarto e estranho.

"Puta que pariu!" — Lazlo grita praticamente desesperado e isso é ruim, Lazlo é calmo por natureza. — "Saiam daí imediatamente!"

"Porra! Jogaram uma bomba no casco do navio." — Vinicius continua e então escuto o barulho de água corrente e Millena gritar meu nome quando tudo começa a balançar e inclinar.

Era tudo o que faltava!

Me seguro na parede mais próxima quando duas crianças se seguram em minhas pernas e perco o equilíbrio. Os gritos se misturam aos choros compulsivo.
Procuro por Millena e vejo ela pegar uma corda na mochila e começar a amarrar; nossos olhos se encontram e ela acena, sei o que ela vai fazer. É uma boa idéia.

— Escutem todos. — Grito por cima do barulho de água que invade rapidamente o lugar. — Vamos nos dividir. Vão vocês três com Millena. — Aponto para as três garotinhas de olhos temerosos que correm como podem pra Millena que começa a envolver a corda nas pequenas cinturas. — Venham aqui vocês dois, — Chamo os dois meninos idênticos segurando em um cano. — Pego as duas algemas presas ao meu colete e prendo na mão dos dois. — Qual o nome de vocês dois?

Gean. — Sussurra um ruivinho.

Breno — Murmura o outro logo atrás.

— Certo, escutem. Preciso que vocês não se soltem por nada, ouviram? — Pergunto e eles acenam, essa algema é pequena demais pra eles por isso informei.

Me viro e olho para as duas meninas que sobraram, descubro imediatamente que são elas que estão se desmanchando em lágrimas. Misericórdia que se não acabar a água do corpo agora, não acaba nunca mais!

  — Venham aqui... — Peço e elas negam e começam a gritar e chorar mais ainda, socorro! — Mille... —  Ia chamar Millena para me ajudar, só que duas mãos seguram minha calça e sacodem. Olho para baixo e além da água que já está em meu tornozelo, vejo os meninos me encararem. — Que foi?

Aquelas são Kimberly e Maria... — Um dos meninos que não sei identificar se é Gean ou Breno, murmura apontando para as duas que olham agora para Millena que segue pra cá com a cambada de crianças a seguindo. 

  — E elas não vão vir com você, porque o homem mau fez mal pra elas. — Murmura o outro garotinho. Esses gêmeos devem combinar até as falas, não é possível.

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