Capítulo 04

3.5K 396 65
                                    

Guilherme

Eu estava transtornado, com raiva e com um sentimento que nunca tive até esses quase trinta anos: ódio!

Ódio de um pessoa que eu deveria amar acima de tudo! Mas que hoje, nesse momento, queria que simplesmente morresse.

Maldita hora que aceitei vir nesse jantar. Maldita hora que resolvi ir no banheiro. Maldita hora que decidi ter qualquer tipo de aproximação...

Ouvir palavras tão baixas e mesquinhas do meu pai foi a pior coisa que já me aconteceu. Nem quando me expulsou de casa — talvez, não sei —, doeu tanto.

Escutar ele dizer que: "ter um filho viado ainda vai... Mas ser casado com aquele animal" seguido de "ele se prostituía e casou com um cara que pagava pra comer ele" doeu muito!

Eu nunca sequer tinha imaginado ouvir tais palavras sair da boca daquele que deveria me respeitar e proteger acima de tudo.

Nunca mesmo!

E menos ainda me imaginava batendo boca e botando tudo pra fora, em um restaurante, lotado de pessoas, olhando pra nós dois, chocados.

Acho que o meu bom senso foi embora junto com qualquer tipo de respeito que eu — ainda — nutria por meu ele.

Liguei o foda-se a partir do momento que escutei ele falando de mim como se eu fosse um qualquer e não seu filho.

A única coisa que me deixava triste, era saber que de alguma forma Clarisse seria prejudicada com tudo isso.

Ela não tinha culpa de nada! E não merecia sofrer por causa de seu pai e seu irmão.

Enquanto eu falava, milhões de coisas passavam por minha mente, e uma delas era que de forma alguma minha relação com minha irmã seria prejudicada. Ah... Não seria mesmo!

— Me perdoa meu filho! — ele se aproximou de mim, mas o empurrei. — me desculpa! — pediu chorando.

— Eu quero que o senhor vá pro INFERNO! — gritei atraindo a atenção de pessoas ao nosso redor. — você é um filho da puta que merece se foder mesmo! — comecei a rir, enquanto passava o dorso da mão nervosamente nos meus olhos, tentando cessar as lágrimas. — eu mereço isso. Mereço mesmo! — afirmei. — desde o dia em que você me expulsou de casa, eu deveria ter te tirado da minha memória...

— Eu já te pedi per...

— Enfia seu perdão no seu nariz! — gritei. — junto com seu preconceito e sua falsidade! — respirei fundo. — vá a merda Ricardo.

— Guilherme! — ele me olhou magoado. — eu sou seu pai! Me respeita!

Olhei pra ele e simplesmente comecei a gargalhar.

— Pai? — indaguei. — que pai é esse que tem vergonha do próprio filho? Que pai é esse que não respeita o filho? Pai? — ri. — é sério isso? — perguntei.

— Eu me excedi falando o que não devia! — gritou. Acredito que até esqueceu que estamos em um restaurante lotado de pessoas. — o que eu tenho que fazer pra você me perdoar? Me diz! — bateu no peito e revirei os olhos. — me diz!

— Nada. — respondi. — absolutamente n.a.d.a! — pontuei. — a partir de hoje, de agora... — olhei pro lado recebendo olhares consternados. — você morreu pra mim. — comecei a me afastar, mas cessei os passos. — eu já deveria ter imaginado que não dois não teríamos futuro juntos. Desde o dia que você me expulsou de casa, e não teve um pingo de humanidade ao me ver naquele banco gelado, no frio e sozinho... — fechei os olhos respirando fundo e engolindo o nó formado na minha garganta. — que pai você é? — perguntei. — seu orgulho foi maior que sua humanidade. Preferiu fingir que eu não existia, simplesmente por que não aceita a minha orientação...

Para Sempre Meu - livro 2 [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora