Para Sempre Meu - livro 2 [CONCLUÍDO]

Capítulo 38

Último Capítulo — parte 2

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Guilherme

Otávio está fora de si.

Depois de me obrigar a pegar Lucas na escola, partimos em direção a sabe se Deus onde. Eu estava com muito medo, não vou mentir. Mas não era por mim, e sim por Lucas. Eu não tinha ideia do que ele queria com isso tudo. A raiva que antes eu sentia, deu lugar ao desespero. Lucas é só uma criança, e qualquer coisa que venha acontecer, pode fazer grandes estragos na sua cabecinha. Ele é só uma criança.

Aguentei calado seus insultos. Não por mim, mas por Lucas. Ele não entendia nada. Me olhava buscando alguma coisa, mas eu só mantia os olhos firmes ao dele, tentando passar algum tipo de segurança. Ele entendeu. Inteligente e esperto, ele sabia que algo de muito errado estava acontecendo, e eu agradeci muito a Deus por ele ficar quieto, e não dizer nada, não perguntar nada.

Otávio parecia um louco, desvaraido. Sua fisionomia estava carregada. Sua energia está carregada.

Não imagino onde ele quer chegar com tudo isso, mas tenho certeza absoluta que ele veio pra resolver de uma vez por todas nossas "pendências".

Pendências essas, que só existem na sua cabeça.

O nome Maurício não sai de sua boca. Ele me culpa por estar atrapalhando uma possível relação entre os dois.

É doentio. É surreal.

Tentei de diversas formas fazê-lo entender que eu não tinha culpa. Que eu não podia fazer nada se Maurício não queria ele, e que eu sairia do caminho dos dois se ele me soltasse e deixasse eu ir. Mas apesar da loucura toda, ele não é burro e sabe muito bem que é só um blefe meu.

Atacou Lucas. Disse que ele é uma criança feia e idiota. Falou coisas obscenas na frente dele, dando a entender que usei de peripécias sexuais pra conseguir convencer Maurício a adota-lo.

Eu queria me enfiar em um buraco, tamanha a vergonha que eu estava sentindo por uma criança de dez anos escutar coisas tão absurdas.

Mas infelizmente eu não podia retrucar e muito menos tentar desviar o assunto. Estava amarrado e amordaçado. Tive que escutar calado tudo o que ele quis falar, jogar na minha cara e me culpar.

Se sua vida está uma merda, ele tem certeza absoluta que a culpa é minha.

O apartamento que estamos é em uma parte afastada do centro. Um condomínio novo, recém construído, e que ainda tem poucos moradores.

Caro. Luxuoso.

Sei disso porque Maurício e eu, olhamos um a pouco menos de um mês.

Quem diria que eu voltaria pouco tempo depois, e estaria em uma situação totalmente diferente? Pois é. Nem nos meus sonhos mais loucos eu pensaria que isso ia acontecer.

— O que você vai fazer com a gente? — Lucas pergunta baixinho, com medo.

Otávio que está sentado no sofá, tomando uísque e fumando, revira os olhos e penso que nem vai responder.

— Com você ainda não sei... — dá um sorriso cretino. — não gosto de crianças. — fecha a cara. — não quero terceiros entre eu e Maurício...

Ele acredita piamente que Maurício e ele vão ficar juntos, e ser felizes.

Lucas não disse mais nada. Abaixou o olhar e começou a chorar baixinho. Meu coração doeu. A vontade que eu tinha, era me levantar pegar aquela maldita arma e dar um tiro na sua cabeça, acabando de uma vez por todas com essa merda. Tudo indica que enquanto esse cara estiver entre nós, sossego não teremos de forma alguma.