Capítulo 15

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Guilherme

Encostado na parede, com os olhos fechados, enquanto a água caia, estava Maurício.

Passeei meus olhos por todo seu corpo, e quando subi o olhar, seus olhos escuros estavam fixos no meu. Me avermelhei de vergonha, e passei a mão na nuca, sem jeito.

— Tá se sentindo melhor? — concordou.

— Só um pouco de dor de cabeça.

— Deveria ter pedido pra virem atrás de mim... — resmunguei.

— Foi uma coisa simples, não quis te preocupar. 

— Vou fingir que acredito. — me encostei na parede.

Continuo olhando pra ele, que esquece até o banho retribuindo o olhar.

— O que aconteceu que dormiu tanto? — indagou.

— Tomei um comprimido e apaguei. — esfreguei os olhos.

Se eles não tivessem me acordado, com certeza estaria dormindo ainda.

— Você vai acabar viciando nessas porcarias. — disse de mal humor.

Como se eu tomasse direto...

— O que houve que com você? — mudo de assunto. — e como esse acidente aconteceu?

— Acho que bebi além da conta e perdi a noção... — ele para e fecha os olhos. — não... E um cachorro apareceu na frente, pra não matar ele eu desviei e bati no muro.

Abro e fecho a boca chocado.

— Quer dizer que você bebeu demais e porisso ao desviar do cachorro bateu no muro?

— É mais ou menos isso aí...

— Qual é o seu problema? — pergunto contendo a raiva. — andando bêbado por aí... Eu não tô te entendendo...

— Beber as vezes alivia sabia? — pergunta. — esquecemos as merdas que fazemos nem que seja por alguns minutos.

— E se você tivesse morrido? Tantos acidentes fatais ocorrem por aí. Vemos casos todos os dias de pessoas idiotas que acabam com suas vidas a troco de nada, deixando os familiares sofrendo... — engulo o nó que se forma na minha garganta.

Respiro fundo e me viro de costas afim de sair do banheiro.

Eu não consigo acreditar que esse animal quase se matou, depois de beber, por causa da nossa briga. Isso não faz sentindo. E eu não consigo acreditar nisso!

Antes de alcançar a porta sou envolvido por um abraço e perco as forças.

Eu posso tá com raiva, triste, magoado... Mas se ele tivesse morto, seria mil vezes pior pra mim. Pra todos.

— Me perdoa por favor! — pede me abraçando com força. — eu errei e não tem um minuto que eu não me arrependo do que eu disse... — tento me soltar mas ele me abraça mais forte ainda.

— Vai se trocar. Você tá molhado e me molhando todo...

— O que eu tenho que fazer pra tú me perdoar? — me soltou e me virou de frente pra si. Segurou meu ombro e apertou com força. — eu errei. Eu admito que eu não devia ter falado aquilo... Eu estava com a cabeça quente... Você deu pra desconfiar de mim e eu fico louco só de imaginar tú indo embora porque acha que eu estou fazendo... Gui... Por favor! Eu não consigo! Eu prefiro morrer do que não ter o seu amor... Eu, eu...

Arrependimento ou remorso?

Nesses anos todos juntos não me lembro de ver o Maurício chorando ao menos uma vez. Quem dirá assim...

Para Sempre Meu - livro 2 [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora