Capítulo 26

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Guilherme

Eu não sei como cheguei ao hospital. Não faço a mínima idéia de como não causei um acidente ou algo pior. Estava nervoso, com os nervos a flor da pele. Não conseguia acreditar que Lucas, o meu Lucas estava passando por isso. Na recepção, não consegui informações nenhuma. Quando estava pra perder a paciência com a recepcionista ridícula que mal olhava no meu rosto, uma funcionária do orfanato apareceu.

— Que bom que chegou... — segura meu ombro.

— Como ele está? — pergunto aflito.

Percebendo o meu estado de nervosismo, o quanto minhas mãos tremem e meus olhos arregalados de medo, ela me puxa para um corredor vazio.

— Ainda não temos notícias. Estou aqui desde cedo, mas ninguém parece me enxergar. Pergunto e nada me respondem.

— Como não tem notícias? — pergunto exasperado.

Tinha algumas horas que eles estavam ali, e ninguém veio dar nenhuma notícia?

— Eu já tentei falar com os enfermeiros, mas ninguém diz nada! Fala que vão olhar e não retornam mais...

— Mais isso é... isso... o que aconteceu com ele? — me lembro de perguntar.

— Ele caiu e bateu a cabeça muito forte. Desmaiou e começou a sair muito sangue...

***

Foi só quando eu explodi na recepção, gritei e ameacei, que consegui finalmente saber notícias do Lucas e vê-lo. O médico, ainda novo, me explicou por cima o que tinha feito, disse que fez o que estava no seu alcance, na medida do possível. As condições eram mínimas, hospital público, superlotação e falta de materiais simples, dificultavam e muito seu trabalho. Segundo ele, se eu quisesse ver o Lucas bem, deveria tirá-lo dali o mais rápido possível.

— Ele está em coma induzido... — começou a explicar enquanto eu olhava o corpinho dele inerte na cama.

Fiquei perdido em pensamentos, segurando o choro, mas sem conter algumas lágrimas mais teimosas que insistiam cair sem minha permissão. O doutor, estava calado, me observando, enquanto eu olhava Lucas com o coração em pedaços.

— Ele vai... — me forcei a perguntar quando um pensamento nada pessimista passou por minha cabeça.

— Bom... — ele se calou e olhei em sua direção. — as chances aqui são mínimas. Não vou mentir. — deu mais uma pausa e continuou. — pelo que percebi, ele é muito importante pra você. — concordei. — outra coisa que não me passou despercebido, é que você parece ter uma boa condição... — balançou a cabeça como se ponderasse. — me perdoe Guilherme. Mas o que eu quero dizer, é que você parece ter condições...

Foi aí que percebi, depois de finalmente acordar, o que ele queria dizer, mas estava sem jeito de falar.

— Claro. — concordei. — dinheiro não é problema... — acho. — o que me aconselha? — fui direto ao ponto.

— Hospital com mais estrutura e que tenha um neurocirurgião a disposição para um procedimento de emergência...

A ficha caiu. Demorou mais caiu e eu finalmente tomei uma atitude.

Era a vida de Lucas que estava em jogo. E no que dependesse de mim, nada de ruim aconteceria com ele.

***

Como o valor era razoavelmente alto, não tive outra alternativa a não ser ir ao banco fazer a transferência. Tentei resolver de dentro mesmo da ambulância, mas não teve jeito. A conta, que era conjunta entre eu e Maurício, me dava margens pra fazer transações sem que precisasse dele. Na verdade, eu nunca sequer toquei nesse dinheiro. Nunca precisei, e a conta era mais dele do que minha. Eu podia, aliás, sabia mais ou menos o valor que eu já tinha contribuído. Mas, como ele mesmo disse: tudo que é meu é teu... Não pensei em mais nada ao transferir a quantia pra conta do hospital. Saí de lá afobado, já eram mais de uma da tarde. Não tinha almoçado, e ao pegar o celular, percebi a bateria zerada. Merda.

Para Sempre Meu - livro 2 [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora