Capítulo 31

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Guilherme

A medida que os dias iam passando, tudo ia se encaixando. Lucas já estava matriculado em uma nova escola, Maurício e eu estávamos em harmonia e uma surpresa que tive foi saber que o tal Otávio não trabalhava mais no escritório.

Não quis entrar em detalhes, mas Maurício disse que andou descobrindo algumas coisas dele, e o mandou embora.

Bom, eu duvidava que era só isso. Mas não me interessava nem um pouco saber o porquê dele não estar lá mais.

Confesso que foi um alívio. Não era segredo nenhum minha negativa em relação a ele. Falso e sonso eram elogios perto do que eu realmente pensava e falava dele.

A audiência de guarda definitiva estava marcado pro mês seguinte. Eu estava muito ancioso e com um pouco de medo de não dar certo. Mas, Maurício garantiu que a causa era ganha e não tinha porque me preocupar.

Relaxei um pouco — só um pouco.

Era lindo de ver a sintonia dos dois. Eu estava tão feliz que sentia até medo de tudo isso se desfazer de uma hora pra outra. Tinha muita raiva desses pensamentos e fazia de tudo pra não tê-los. Mas, era impossível. Durante o dia, várias vezes me pegava com esses pensamentos pessimistas.

Eram normais, segundo minha mãe. Como ela disse, eu queria tanto que isso acontecesse, que agora pareço estar sonhando e o medo se faz presente, mesmo sem eu querer.

E não deixa de fazer sentido.

A felicidade é tanta que acabo ficando com um pouco de medo. Mas claro, não devia.

***

Já eram quase seis da noite quando resolvi ir ao mercado. Tinha muita coisa em falta, e estava sem ninguém me ajudando. Precisava urgentemente contratar alguém. Maurício tinha ido levar Lucas pra cortar o cabelo, e só restou eu mesmo pra fazer isso.

Menos de vinte minutos depois, já estava com o carrinho barateando pelos corredores do mercado. Passei pela sessão de biscoitos, peguei alguns — quase nada — pra Lucas e segui. Eu ficava impressionado com o fato dele não gostar de todas essas besteiras que as crianças gostam. A única coisa "diferente" que ele pediu foi nesquik de morango. De resto, nada. Comia absolutamente de tudo, nada pra ele era ruim ou não fazia questão.

Parei na sessão de frutas e comecei a pegar algumas. Estava distraído, escolhendo algumas laranjas quando senti alguém chegar do lado. É claro que não me liguei, poderia ser qualquer pessoa fazendo suas compras. Mas, não. Não era qualquer pessoa. E foi só quando abriu a boca que percebi quem realmente era.

— Você deve tá muito feliz não é? — ignorei e só olhei pra ele revirando os olhos. Coloquei o saco com laranjas no carrinho, e peguei outro saquinho. — além de sonso, agora é surdo?

— Em certas situações preferia que fosse. Tem certas vozes que irritam sabe?

— E como sei. Já eu, preferia ser cego. — riu. — ter que olhar certas pessoas é realmente...

— Não olhe. — falei. — o mercado não é dos maiores, mas não tem necessidade de me olhar, quem dirá falar comigo.

— Mas eu não poderia perder a oportunidade de vir cumprimentar você. Pode não parecer, mas eu te acho um cara no mínimo... intrigante. — respirei fundo. — não é qualquer um que aceita chifres calado e principalmente: parece gostar.

— Um homem sem chifres é um animal indefeso. — falei em deboche. — me espanta muito você se preocupar tanto com os chifres alheios. Porque não vai cuidar da sua vida, ao invés de se preocupar com isso.

Para Sempre Meu - livro 2 [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora