Capítulo 06

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Maurício

— Bastante. — resmungou se sentando no outro sofá, em uma distância considerável.

— Tú sabe muito bem que se não fosse por algo muito importante, eu jamais botaria os pés aqui, não é? — perguntei.

— Tenho certeza.

— Pois então. — cruzei as pernas e apoiei minha mão no queixo. — eu queria entender o porquê de ter falado tanta merda, o Gui escutado e agora está triste, sofrendo porque o pai, um filho da puta que não vale nada, abriu a boca pra falar merda... — sorri. — me explique isso por favor? — pedi gentilmente.

— Eu não fiz por mal! — afirmou. — eu... Eu... — suspirou e fechou os olhos. — foi uma fatalidade ele ter ouvido.

— Claro que sim. — disse eu, enquanto dobrava as mangas da minha camisa social até a altura do cotovelo. — seria melhor ele viver iludido com o pai não é? — indaguei. — achando que tú o ama de verdade e que a mágoa que ele ainda sente, era sem sentido...

— É claro que eu amo o Guilherme! Ele é meu filho.

— Imagina se não amasse... — comecei a rir.

— Eu bebi um pouco e acabei falando demais, o casal é um amigo meu...

— Me poupe dos detalhes. — fiz um gesto com as mãos. — eu só vim aqui mesmo porque me dói vê o meu marido sofrendo daquele jeito por uma pessoa que não merece nada a mais que o seu desprezo. — ele tentou falar mas não permiti. — portanto, acho que chegou a hora de tú esquecer que ele existe... Não é mesmo?

— Se for o que eu tô imaginando... — começou a rir. — eu não vou sair da vida dele, e pode ter certeza absoluta disso.

— Eu não teria tanta certeza...

— Ah não? — foi irônico e dei um sorriso torto.

Se esse cara soubesse o tanto que eu não o suporto, não daria esse sorrisinho desgraçado e irônico.

— O que tú faria se eu entrasse com um pedido de guarda da Clarisse?

— Eu? — perguntou. — nada! É impossível, quase que nula as chances de se tirar a guarda de um pai e dar pra um irmão.

— Bem que tú disse: "quase nula" — me acomodei melhor no sofá. — mas há chances e tú sabe bem disso.

Chamei sua atenção, mesmo que não totalmente. Eu sei que o calcanhar de aquiles dele é Clarisse. Eu sei, e não é de hoje.

— E o que você iria alegar? Que eu sou pai solteiro? Que eu sou mal caráter? Que eu magooei meu filho, falando coisas desnecessárias? — deu uma pausa batendo o indicador na fonte. — pois é.

— Eu não iria alegar nada! — levantei os braços em sinal de rendição. — mas se tú fosse preso...

— E porque eu seria preso? — perguntou rindo.

Se ele soubesse de tudo que eu sei...

— Hum... — fiquei quieto por alguns segundos, mas decidi falar na lata. — não vou mentir que tú é um bom advogado. — fiz aspas com os dedos. — razoavelmente honesto.

— Olha só de quem tô escutando isso...

— Bom, eu não sou santo e nunca disse isso. — afirmei.

— Santo? Você? — gargalhou alto. — me poupe Maurício.

— Mas isso não vem ao caso. — revirei os olhos. — não vim aqui pra pôr em pratos limpos, qual de nós dois é mais honesto...

Para Sempre Meu - livro 2 [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora