Capítulo 29

3.2K 390 67
                                    

Maurício

Podia ser loucura da minha parte ir ao hospital em que ele estava com o garoto. Corria o risco dele me botar pra fora a chutes. Mas o mínimo que eu podia fazer no momento era tentar de alguma forma ajudar o garoto que ele tanto ama. Eu sei que ele já deve ter feito tudo que estava ao seu alcance. Mas, quem sabe eu poderia ajudar de alguma forma? Não sei, quem sabe.

***

Me surpreendi ao não encontrar ele. Segundo a moça que trabalha no orfanato, ele teve que ir resolver algo relacionado ao trabalho dele e não pode ficar. Ela com toda sua educação — que achei até demais — me levou ao quarto em que o garotinho estava.

Bom, eu imaginava ele completamente diferente.

Ele dormia calmamente. A cirurgia pelo pouco que soube foi um sucesso. E ele se recuperava bem desde que saiu da sala.

Analisando ele de perto parecia mais frágil ainda. Pelo pouco que Guilherme falou, é claro.

Tão magrinho e abatido. A cabeça raspada. Os lábios brancos. A pele amarelada... Notei também alguns roxos no seu braço que não pareciam...

— Oi. — afastei minhas mãos com pressa.

Seus olhos me analizavam com curiosidade e desconfiança.

— Oi. — dei um sorriso amarelo. — desculpe. Eu só estava...

— Quem é você? E seu nome? Você não me parece estranho, mas eu não me lembro de ter me encontrado com você... — sua voz estava baixa, como se tivesse cansado, mas mesmo assim falava muito depressa.

— Ei. Calma. — pedi. — eu só estava passando por ali... — mostrei o corredor. — e resolvi entrar.

— Sei. — me olhou sem acreditar na desculpa. — o Gui tá onde? — passou os olhos em volta da sala.

— No trabalho. Ele teve que resolver...

— Já sei! — seus olhos se apertaram na minha direção. — é claro. Sou muito burro. — resmungou.

— Não entendi.

— Maurício. — falou pausadamente. — esse é teu nome não é?

— Como tú sabe? — rebati. — digo... Sim. É meu nome sim.

— Eu imaginava te conhecer em outra situação...

— É que eu não... Guilherme falou de mim?

— Claro né. — ele riu. — mas você nunca podia não é?

Suspirei e concordei sentindo vergonha.

— Eu andava muito ocupado.

— Eu imagino...

— Imagina?

— Eu sempre achei essa desculpa idiota. — deu de ombros. — era mais fácil falar que não queria.

— Mas eu... — fiquei sem palavras.

Ele é muito esperto e inteligente. Imaginava um garoto completamente diferente.

— Fica tranquilo. Você teve seus motivos... Só não sei porque veio logo agora.

Começou a tossir e respirar mais pesadamente. Saí e chamei a enfermeira que veio e fez alguns procedimentos que eu não imaginava pra que era.

***

— Eu te imagina totalmente diferente. — falo me sentando na beira da cama hospitalar. — você é tão inteligente...

Para Sempre Meu - livro 2 [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora