Capítulo 03

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Guilherme

Derek me olhava com tanta intensidade e acusação no olhar, que simplesmente decidi olhar o vaso de planta que estava do nosso lado, tentando fugir daquelas íris claras que pareciam ver minha alma.

— Olha... — suspirou antes de continuar. — eu não tenho nada a ver com a sua vida, você é meu amigo, eu te considero pra caralho e mesmo que no dia de amanhã você resolva sacanear o Maurício, eu ainda vou tentar entender o seu lado.

Sacanear o Maurício? — jamais!

— Eu nunca... — tentei falar mas ele me interrompeu.

— Eu sempre achei tú meio tapado. — começou a rir. — mas que caralho ein? Tomar cafezinho com um cara que é dono do escritório concorrente do seu MARIDO e que foi um ex-cliente seu?

— Falando assim parece que eu ia cometer um crime. — suspirei desanimado e me sentindo um idiota.

— Agradeça ao João que me mandou vir aqui ver como seu pai estava, ouviu? Se ele não tivesse me pedido, concerteza uma hora assim tú estaria em maus lençóis com o Maurício ou no mínimo constrangido pelos elogios sem fim daquele cara que te olhava como se tú fosse um copo de água no deserto.

— Era só um café. — falei o óbvio. — você tá fazendo tempestade em copo d'água.

— Ele foi um ex-cliente seu! — concordei. — um ex-cliente... Porra!

— Isso foi no passado...

— Um passado que tú luta pra esquecer e fingir que não existiu. — como se tivesse falando com uma criança arteira, ele fechou os olhos e respirou fundo. — poxa Gui... Pensa direitinho e vê se tú não ia arrumar ao menos uma discussão com o Maurício? Ele detesta teu pai, ele detesta esse cara por ser patrão do teu pai e principalmente detesta ele por estar conseguindo tirar clientes importantes do escritório dele. — passei a língua umedecendo meus lábios secos e dei um sorriso sem graça.

— Olhando por esse lado, você está certo. — murmurei olhando minha aliança que estava apertada no meu dedo.

— Gui... — ele chamou minha atenção. — quando tú ver um problema, tú corre dele e não ao contrário.

Dei uma risada alta e concordei.

Por sorte, ele chegou justamente na hora que estavamos saindo do quarto. Eu deveria ter negado assim que ele me chamou, mas... Não sei o que me deu.

É claro que se Maurício visse nós dois juntos, não ia prestar. Por N motivos.

Foi um milagre Derek aparecer e me arrastar pra longe dele.

Quando ele ouviu o nome David e o meu semblante carregado, ele sacou na hora que esse David, era o mesmo de alguns anos atrás que eu falava quase todos os dias.

Eu meio que criei uma paixonite por ele, que só passou depois de Maurício aparecer.

Ele foi muito gentil e atencioso. O que causou em mim, sensações jamais sentidas — até conhecer Maurício que me causou e ainda causa sensações mil vezes mais intensas.

Até então eu nunca tinha me sentido tão bem com uma pessoa.

Com Derek, nas vezes que ficamos, foi carnal, tesão, foi só sexo.

Com ele, não. Eu me senti muito bem na sua presença e muito a vontade. Acho que foi porisso que eu achei estar apaixonado.

Hoje eu vejo que não. O que eu sinto pelo Maurício, é infinitamente maior.

— O que tanto pensa? — indagou curioso.

— Lembra quando eu falei que talvez eu estivesse apaixonado por ele?

Para Sempre Meu - livro 2 [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora