— Acha mesmo que ela vai acordar fácil?
Sei que estou em casa, o sofá é muito familiar. A voz pesada ecoa, e acho que vem do corredor. Espalmo minha testa, consciente de que vou ter uma ressaca fodida. Reclamo da dor, porque meu corpo parece muito sensível a qualquer toque. Até mesmo o meu próprio.
— Ela acordou. — tento abrir os olhos, mas é muita claridade.
Esfrego os mesmos, estando ciente de que doem exageradamente. Eu estou muito quente, em um nível preocupante.
— Bom dia pra vocês também. — murmuro, passando a mão entre os cabelos despenteados.
Devo estar parecendo a Medusa.
— Até que enfim! — Corey exclama, batendo as mãos no colo.
Ele está sentado na cadeira, com as pernas cruzadas e um telefone na mão. Aurora permanece em pé, com as mãos na cintura, de uma forma preocupada. Ele me olha como se quisesse que eu confessasse algo.
Ele quer que você diga o que houve ontem.
Fingo não entender, sentando no sofá, em meio as cobertas.
— Vou esquentar o chocolate! — Aurora diz do nada, indo em direção a cozinha.
Balanço a cabeça, sorrindo por sua empolgação nata. Corey não parece feliz, ao modo que minha cabeça lateja fracamente.
— O que foi? — digo baixo pro caso dela ouvir.
— O que foi? — sua indignação é clara, deixando minha paciência diminuir. — Você vai contar pra ela, não vai? — ele arqueia a sobrancelha, naquela postura de justiceiro da verdade.
Bufo e deixo minhas mãos caírem em meu colo. Isso só pode ser brincadeira.
— Não. Ela não precisa saber. — dou de ombros, o vendo ficar furioso.
— É claro que ela precisa! Ela é sua melhor amiga e é ingênua demais pra notar o que está bem debaixo do nariz dela. — Corey se levanta.
— Não se meta nisso, Corey. — esbravejo, ficando de pé e jogando o cobertor no ar. — E além do mais, não tem nada pra contar. Não aconteceu nada.
— É claro que eu meto. Não aconteceu porque eu cheguei. — ele responde como se fosse óbvio. — Você está mentindo para alguém que se importa contigo, sua idiota. — ele mexe as mãos no ar, me deixando irritada.
Afinal, quem ele pensa que é?
— Cala a boca! — empurro meu dedo indicador em seu peito, meu sangue corrrendo entre minhas veias rápido demais. — Para de tentar dizer o que eu tenho que fazer.
Minhas palavras o magoam e para completar o espetáculo, Aurora adentra a sala, com um bolo de morango em mãos.
— O que houve? — ela pergunta, com o sorriso desmontando.
— Nada. — ele diz como se fosse algo simples.
O ruivo sai da sala em passos duros e furiosos, indignados. Aurora continua com o bolo nas mãos, com cara de quem não tem a mínima ideia do que aconteceu. Solto uma lufada de ar, cansada desse assunto. Cansada dele. Toda vez que ele aparece é uma encrenca diferente.
— O bolo é de quê? — pergunto, voltando a sentar-me no sofá fofinho.
— Morango. — ela diz orgulhosa, depositando o mesmo na mesinha de centro.
Em volta do bolo há pequenos pãezinhos de queijo, ovos, bacon e o famoso yogurt de baunilha. Tá tudo com a cara dela.
— O que é isso? — aponto para o papel em cima da mesa, junto dos alimentos.
— Acho que é uma carta. Tava no correio bem cedo. — ela se senta no sofá, cortando um pedaço generoso de bolo.
Viro a carta e vejo o nome em letra maiúscula e preta: Pâmela Coast.
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Through Collision
RomanceO fogo pode queimar, mas a gasolina é o gatilho. Aparentemente, Lexie e Kian não são bons. São autodestrutivos e renegados. Quando seus olhos intensos se cruzam, todo o curso de suas vidas céticas muda. Eles sabiam que a aproximação poderia causar u...