Talvez a linha entre bem e mal fosse tênue. Ou talvez ela não existisse, afinal, por que deveríamos julgar alguém por seu pior erro? Ou até mesmo pelo seu melhor acerto? Não é justo.
Não somos apenas nossos erros e acertos. Somos um conjunto muito caótico de erros, acertos, equívocos, ações irracionais, sentimentos... O ser humano é muito complexo para ser definido apenas por bom ou mau.
Para ser designado por vilão.
Ou por mocinho.
Não somos uma coisa só, somos uma mistura.
As palavras do professor de filosofia rondam minha mente cansada. Eu adoro essa aula, mas hoje simplesmente não tenho a porra de um neurônio sobrando para raciocinar sobre isso e mesmo assim tenho que entregar um trabalho até amanhã. E como se não bastasse isso, também preciso terminar de ler o livro e apresentar uma apreciação crítica, tudo depois de cumprir minhas quatro horas no restaurante e fazer mercado, porque, eu tenho de ser sincera: não tem um ovo pra comer em casa e estamos todos pobres.
Não faço ideia de como vou fechar a conta deste maldito mês.
Bem vinda a vida adulta, Alexie Coast.
Minha mente sorrateira zomba.
— Oi! — Aurora surge ao meu lado, me tirando de dentro da minha cabeça.
Ela esboça um sorriso brilhante e seus cabelos dourados balançam a cada mínimo movimento que ela faz.
Os corredores estão lotados de alunos aliviados e ela não para de falar sobre algo. Não faço ideia do que seja, mas tem algo como: "Kassed e sexta-feira". Aurora e eu somos amigas desde que me entendo por gente. Desde as bonecas bonitinhas até a idade em que os cigarros rodeiam as mentes adolescentes. A diferença é que eu fumei muito e ela nunca sequer bebeu. E isso é mais que evidente por seu vestido florido e suas sapatilhas brancas. Ela parece uma boneca de porcelana, Aurora é literalmente um anjo.
— Sexta não dá. — respondo-a, tentando não ser engolida pelo restante dos alunos.
— Ah, Lexie! — ela bufa e eu dou de ombros.
Ela engancha seu braço no meu, guiando-me para o fim do corredor. Afinal, o que é que tem de tão especial em ficar mais velha? Corey pensa da mesma forma que eu.
— Eu adoro festas, mas não tenho ânimo pra nada. — murmuro e ela continua citando o lado bom da situação.
Um impacto forte no meu ombro me tira de foco e o palavrão quase escorrega na minha língua, mas minha visão rapidamente capta os cabelos loiros e o cheiro de lavanda no meio da multidão Da Constance.
Qualquer um poderia não reconhecer, mas após tanto tempo convivendo com ele, seria impossível não notá-lo correndo pelo corredor, com sua jaqueta de time estupidamente gloriosa.
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Through Collision
RomanceO fogo pode queimar, mas a gasolina é o gatilho. Aparentemente, Lexie e Kian não são bons. São autodestrutivos e renegados. Quando seus olhos intensos se cruzam, todo o curso de suas vidas céticas muda. Eles sabiam que a aproximação poderia causar u...