Capítulo 16| Nada é por acaso

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Pela primeira vez em três dias Aurora saiu do quarto, com o rosto limpo e as olheiras mais claras

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Pela primeira vez em três dias Aurora saiu do quarto, com o rosto limpo e as olheiras mais claras. Ela parece mais magra que o normal. Sinto meu estômago revirar no momento em que ela se senta no sofá, com a cara de quem vai me contar algo muito sério. Engulo em seco, como se eu soubesse o que ela vai dizer. Corey permanece em pé, com os olhos preocupados, ao lado de Sophie, que esconde — discretamente — as marcas do pescoço arroxeado. Minhas mãos vibram em cima das coxas, esperando as palavras escorregarem por seus lábios.

— Eu acho que preciso ficar sozinha com ela. — a loira anuncia e os dois saem pelo corredor, em silêncio absoluto.

— Me diz logo. Você me deixou em agonia por três dias, fazendo Soph mentir pra mim da maneira mais deslavada possível. — ela suspira, pegando minhas mãos.

Aurora se aproxima de mim, com o macacão azul de pijama. Ele parece grande demais para seu corpo magro e eu pareço nervosa demais para quem não sabe de nada.

— Eu estava grávida, Lexie. — ela não se move, nem mesmo pisca, mas seu tom de voz é tão baixo quanto o meu.

— O... Que?

Tento assimilar o que ela acabou de dizer, mas não consigo. Meus olhos correm por toda a sala, o sangue em minhas veias gela e sinto meu corpo afundar no sofá. Não, não... Isso só pode ser uma brincadeira de mal gosto.

Aurora não faz brincadeiras desse tipo.

Aurora não evita panquecas.

Aurora não se tranca no quarto por três dias.

Acho que meus órgãos pararam de funcionar por alguns segundos, dos quais eu levei para me levantar. Abraço meu corpo, lembrando-me plenamente do dia em que ela saiu decidida do apartamento, para ir passar a noite com Kian.

Aurora está grávida de Kian.

Então minha cabeça gira, porque eu fiz o que Corey tanto tinha medo que eu fizesse.

Eu dormi com Kian.

— Lexie? — a voz dela ecoa por meus tímpanos, inundando a parte lógica do meu cérebro.

Seguro-me na parede, pressionando meus dedos contra o solo. O solo duro, que é revestido de tinta e segura porta. Acho que agora eu sou apenas uma porta como tantas outras.

— Eu não sei o que dizer, Aurora. — deixo que as palavras saiam normalmente, ainda segurando-me contra a parede. — Você... — junto as peças em minha cabeça. Aurora sangrou três dias atrás. — Você abortou. — finalmente me viro.

Ela está contorcendo o tecido do pijama azul, encarando tudo, menos o meu rosto. Puxo o ar com força, para que meus pulmões me deixem respirar com calma. Esse é um assunto tão delicado que tenho medo de proferir alguma palavra fora do contexto. Mas não há contexto.

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