Capítulo 9.2| Feliz dia de Ação de Graças

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LEXIE

— Eu tenho um apartamento em Los Angeles. Que tal jantarmos por lá? - ele quebra o silêncio.

— Achei que iríamos voltar hoje. Tenho que estar em casa antes da Aurora, não quero especulações.

— Que especulações? — evito o olhar, enquanto recolho o resto das coisas.

— Tipo "por que você passou o Dia de Ação de Graças com o meu namorado?"

— Não estamos namorando.

— Mas o fato de ela perder a virgindade com você é suficiente para me manter longe.

Mais uma vez o silêncio vergonhoso forma uma muralha entre nós. Pego minha jaqueta e me levanto do tecido, pegando a cesta com a mão livre.

— O que tá fazendo?

Solto uma lufada de ar, tirando os cabelos do rosto. Indo pra bem longe de você.

— Indo embora. Não é óbvio?

— Você é tão bipolar, anjo. — o modo como as palavras deixam sua boca me faz sorrir, olhando para um casal caminhando á beira do mar. Quem me dera.

— Vamos, Hed Saint não é tão perto.

Uma música desconhecida continuava soando no rádio do carro, assim como a chuva umidecia toda Los Angeles. Em alguns momentos eu me pegava contando as gotinhas de chuva, em outros eu admirava os edifícios, como se nunca estivesse estado em L.A.

— Vamos ter que ficar aqui, a chuva tá forte pra cacete.

Assinto. Estou tão cansada emocionalmente que não tenho cabeça para discordar. Durante todo o trajeto tenho pensado em Aurora e em que desculpa lhe dar. Mas não há desculpa. Eu simplesmente tenho que contar o que eu fiz, tenho que contar sobre a atração por Kian e dizer que Corey está certo em me tratar mau.

Alguns minutos depois, estamos dentro do apartamento de Kian e minha roupa está tão fria quanto o ambiente. O apartamento é amplo e cinza. Exceto pelos quadros de paisagens e rostos que não conheço. Deixo meu casaco no cabideiro, observando cada detalhe do espaço. A vista da cidade parece adentrar o ambiente, com uma varanda grande, com "portas" de vidro e uma cortina quase transparente.

— Sinta-se em casa, Lexie. — ele diz e então desaparece por algum cômodo.

Cruzo os braços e caminho até a grande varanda, admirando todos os prédios e carros, iluminando a cidade. A vista é tão linda e impecável que não consigo parar de olhar. Me sinto bem com o vento batendo em meu rosto e ombros nus, deixando meus cabelos para trás. Apoio os cotovelos na... Eu não tenho ideia do que se chama, mas também é de vidro. Como será que é morar aqui? Me pego questionando, mas Kian surge do nada ao meu lado, com duas heinekens entre as mãos. Ele me oferece e eu aceito; preciso de álcool nas veias.

— Gosto da vista. — comento, dando um gole generoso na cerveja gelada.

— Eu também. Venho aqui quando preciso de um tempo de tudo.

Kian se apoia do mesmo jeito que eu e vira a garrafa diversas vezes, até o líquido acabar. Posso sentir seu perfume, ao modo que ele se abaixa para colocar a garrafa no chão. Antes que ele se afaste para buscar outra, ofereço-lhe um gole da minha. Suas mãos quentes se misturam ao gelado da garrafa quando ele a pega de minhas mãos. Seus olhos estão nos meus a todo momento. Até quando Kian vira a garrafa, deixando a cerveja deslizar por sua garganta.

— Você parece o tipo de garota que não está nem aí pro que os outros pensam.

— É, na maioria das vezes sim. — respondo, pegando a heineken que ele me entrega.

Through CollisionOnde histórias criam vida. Descubra agora