Capítulo 5| Veneno

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— Por que é que você não jogou no lixo? — minha voz não tem nada de controlada

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— Por que é que você não jogou no lixo? — minha voz não tem nada de controlada.

Engulo em seco, encarando o papel que me trás lembranças distintas.

“Você realmente acha que vou me desculpar?”

— Você tá me ouvindo? — volto a realidade, forçando meus olhos a manterem-se abertos.

Preciso dormir por alguns séculos.

— Eu tô, eu só... — massageio a lateral da cabeça, pensando se hoje é realmente o meu dia.

Abandono as cobertas aquecidas e pego a carta de cima da mesinha de centro, aproximando-me da lareira.

— O que você tá fazendo, Lexie? — Aurora protesta, sentada no tapete.

A ignoro e amasso o papel dentro do envelope, atirando-o na lareira. O fogo se alastra, criando uma grande chama e um gritinho de espanto da loira. Ela diz algo, mas não ouço. Só consigo prestar atenção no papel colidindo com as chamas, em uma estranha mistura. Aurora continua falando, e falando, mas eu só concordo. Minha cabeça tenta achar respostas demais. Perguntas demais.

Por que ela vem falar comigo tanto tempo depois? O que a fez querer se aproximar? Eu não tenho resposta para nenhuma das perguntas e isso é tão agonizante quanto as próprias perguntas.

— Preciso de um tempo. — admito, passando por cima do que quer que sejam as palavras inaudíveis de Aurora.

— Pensei que íamos...

— Desculpa, eu não posso.

Eu sei que não posso ser tão grossa e que ela não tem culpa de nada, mas eu me sinto sufocada. Não tenho como respirar, parece que uma grande e grossa corda rodeia meu pescoço.

Sem mais uma palavra, saio em disparada para o quarto e pego tudo o que vou precisar. Aproveito a jeans jogada em minha cama, calço as botas e apanho um casaco. Em poucos minutos estou fora do campo de visão da loira e dos olhares acusadores de Corey.

Agora, com o vento libertador correndo pelo meu rosto, sinto-me mais segura. Sem ninguém pra me julgar ou me dizer o que tem de ser feito. Atravesso a rua, alcançando a calçada. Pessoas vem e vão dentre as ruas, virando os quarteirões. E eu, bem, eu continuo andando sem direção. Passo em frente a uma livraria e decido que está na hora de vestir o casaco cinza. Nunca fui muito de vestir cores vivas, prefiro alternar entre o branco, preto e cinza.

Comprimo os lábios secos, agradecendo mentalmente pelo ar refrescante e as botas confortáveis. A minha direita, uma fonte cheia de água dá vida às ruas, assim como os semáforos e os carros correndo de um lado para o outro. De uma hora para outra, o céu aparece carregado de nuvens espessas, fazendo-me torcer o nariz. Encaro o outro lado da calçada, vendo ninguém menos que Kian, e ele não está sozinho.

Through CollisionOnde histórias criam vida. Descubra agora