A música eletrônica ressoa por todo o ambiente iluminado apenas por um jogo de luzes que me faz duvidar se eu realmente enxergo direito. Aurora me arrasta, segurando minha mão, através de cerca de 700 pessoas bêbadas e um cheiro insuportável de maconha misturado com cerveja barata. Depois de enfrentar uma fila de trinta minutos, acho que nada mais pode tirar minha paciência essa noite. Tal como Aurora planejou, eu vesti a fantasia de anjo e ela a de pirata mas eu me neguei a usar as asas que certamente me impossibilitariam de sequer me mover nesse lugar.
Corey está de vagalume. Sim, literalmente um vagalume com uma blusa verde florescente e um delineado da mesma cor. Pela primeira vez seu cabelo quase inexistentes e ruivo não chama nenhuma atenção. Ele se debruça no bar e flerta durante alguns minutos com o barman pra conseguir um desconto nos drinks que são nossos rins. E graças a Deus ou ao universo,ele consegue.
Eu me apoio na quina de madeira do bar, tentando segurar a vontade de ligar para Aidan. Ele disse que viria, mas não o vi nem mandei uma mensagem. Desde aquele dia no bar eu tenho me sentido pisando em ovos com ele e odeio isso. Nunca sei o que falar ou fazer. É péssimo e ataca duas vezes mais a porra da minha ansiedade.
— Mulher, desfaz essa cara de bosta. Você tá muito gata pra isso.
A bronca de Corey quase me faz rir. Quase. Eu encaro meu amigo sorridente. Ele ergue uma sobrancelha e coloca a mão na cintura.
— Aidan não...
— Sério, Lexie, me escuta quando eu digo que você deveria deixar pra lá. — mesmo com a música alta, eu escuto bem cada palavra que ele diz.
E eu quase concordo com ele, mas eu gosto demais do Aidan. E mesmo depois de eu ter quebrado seu coração, ele veio me procurar. Eu sei que ele é bom e me faz bem. Isso me basta.
Eu inclino a cabeça para o lado, não querendo discutir com ele. Corey me empurra whisky com coca cola e eu bebo tão rápido que peço mais um. E mais dois. E depois três shots. Mas tudo isso no mesmo lugar. Eu não me movi pra dançar, não sinto vontade, sinceramente.
Aurora aparece em meu campo de visão um tempo depois, acompanhada de alguém que eu tenho de apertar meus olhos para ver direito.
Instantaneamente o reconheço. O cara que brigou com Aidan (o porquê eu ainda não faço ideia). Tudo o que eu sei é que quando seus olhos pairam nos meus, aquela linha de eletricidade se instala entre nós, como algo magnético, impossível de ignorar. Eu pisco e quebro nosso contato visual.
— Esse é o Kian, Lexie. — Aurora diz por cima da música, com um sorriso encorajador.
Eu dou-lhe o melhor sorriso que eu posso e sou subitamente interrompida por um loiro que apaga qualquer presença a não ser a dele.
— Oi, Lex.
Ele me abraça e eu suspiro de alívio.
Ele veio.— Pensei que não viria.
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Through Collision
RomanceO fogo pode queimar, mas a gasolina é o gatilho. Aparentemente, Lexie e Kian não são bons. São autodestrutivos e renegados. Quando seus olhos intensos se cruzam, todo o curso de suas vidas céticas muda. Eles sabiam que a aproximação poderia causar u...