Capítulo 23| O melhor tipo de amor

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Eu queria muito beijá-la

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Eu queria muito beijá-la. Quando estacionei o carro em frente ao seu edifício e ela desceu do carro, eu realmente quis beijá-la. Porque havia sido um longo dia, carregado de coisas complicadas. Tudo o que eu queria era poder sentir um pouco da calma da minha garota ou só o som do caos interno. Mas eu não o fiz.

Então eu voltei á realidade e lembrei que tinham coisas mais importantes me esperando. Eu tinha que chegar em casa e passar quase a noite toda terminando os quadros da coleção e telefonando para Soraya. Ela estava ansiosa e preocupada com uma série de coisas, como se fosse uma grande festa. Eu não sei se fiquei puto por ela estar sendo cega ou preocupado porque ela está ignorando o luto.

Termino de arrumar o nó da gravata, mas não parece bom. Nada está bom. Deixo uma lufada espessa de ar escapar. Meu olho esquerdo ainda está roxo e lateja como o inferno. Entretanto, nada se compara ao vazio que me inunda a cada passo que dou. As pessoas parecem tentar fazer um silêncio, mas agem como se estivessem em uma festa. Não é a porra de uma festa.

Eles nem sequer devem saber o nome dele. Por que estão aqui, afinal? Soraya está sorrindo e apontando para as luminárias do jardim, enquanto algum tipo de álcool de merda é servido em taças bonitas. Amasso a gravata que estava em minhas mãos e enfio-a dentro do bolso da calça social. Odeio esse nó no meio da garganta. Odeio essas pessoas sorridentes.

Há um caixão pequeno e negro no meio de toda a decoração champanhe. Também há uma Cassandra irreconhecível, ajoelhada ao lado do mesmo. Meu coração parece se partir em milhares de pedaços, saindo do meu peito e se espalhando por cada canto daqui. Eu posso me lembrar do primeiro ultrassom dela. Eram dois corações e o outro sempre bateu mais forte.

É terça-feira e a consulta está demorando demais.

Pais ansiosos e com o dobro da minha idade esperam do lado de fora, enquanto eu, seguro a mão de Cass, do lado de dentro.

Às vezes as coisas não parecem fazer sentido. Principalmente agora. Então a doutora pergunta se nós queremos ouvir o coração. Cassie diz que sim, os olhos cheios de afeto. Eu estou com as mãos suando, então ela aperta a minha mais forte. Ela está de quatro meses e é uma menina.

A médica espalha algum tipo de gel em cima da barriga pequena da loira e passeia pela pele dela, com aquele negócio estranho. É esquisito, parece que estão a fazendo mau. Mas não estão.

Sei disso no momento em que os corações ecoam pelo consultório. Algum tipo de emoção que eu nem sabia existir me preenche. Meu peito está cheio de algo que eu desconheço, então eu aperto mais forte a mão dela. Pela primeira vez em muito tempo, eu acho que sinto o que é o amor. E me acho louco por isso. Eu nunca sequer quis isso, nunca os vi. Mas o modo como meu peito se expande e meus olhos transbordam, só pode ser o melhor tipo de amor.

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