1| Eu ainda preciso de você

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Queria poder dizer como é divertido ir à uma festa

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Queria poder dizer como é divertido ir à uma festa.

Dizer como é emocionante ver pessoas de cabeça para baixo em um barril de cerveja e ter vontade de sentir tal sensação; dizer como são interessantes às mais diversas formas de contato que você vê em um lugar assim; dizer que comprar drogas e bebidas são coisas normais e perfeitamente corretas se você quiser um pouco de "diversão"; dizer que quero muito que algum desses garotos musculosos e bronzeados me chamem para dançar.

Mas não é bem assim.

Eu estaria sendo uma péssima mentirosa se afirmasse isso.

A verdade é: eu odeio festas.

Odeio o cheiro da maconha no ar, do cigarro e da cerveja barata. Odeio tentar ir ao banheiro e ver um casal dando um amasso lá dentro. Acho os garotos bronzeados e musculosos forçados demais e sem graça alguma.
Se eu pudesse, não pisaria em um lugar desses.

Mas infelizmente eu perdi uma aposta com Jenny –minha prima e melhor amiga– e ela, infelizmente, adora festas.

Quando me chamam de nerd anti-social, juram que terei tal adjetivo como um insulto, quando na verdade, eu tenho como um elogio. Para mim, a definição de ser anti-social é: ser anti-idiotas, então se isso é insulto, pode me insultar à vontade.

—Dança Serena, daqui a pouco vão te levantar e colocar no jardim como estátua! –Jenny grita, tentando ser ouvida em meio ao barulho da música eletrônica alta.

—Que façam então! A música é horrível, e você sabe como odeio esses lugares. –digo, bebendo mais um gole da água que consegui na cozinha.

—Nunca entendi sua fobia de festas! São tão incríveis! –ela diz, sorrindo abertamente.

—Não Jenny, não são. Agora faz o que tiver de fazer, para a gente ir embora logo, ou me deixa ir pelo menos. –digo.

Ela suspira, olhando ao redor. Vejo-a sorrir de modo meio psicopata, encarando um loiro bronzeado à poucos metros de nós.

—Pode ir, diz para a mamãe que tô na casa da Maisie. –ela diz, me deixando sozinha.

E então, Jenny me deixa com a desculpa falsa de que está na casa da amiga e vai até o cara, começando a dançar com ele colada com ele. Rio comigo mesma, vendo a situação dela.

Começo a andar por entre os corpos suados e frenéticos, tentando chegar até a porta da frente. Ouço vários "vem aqui ruivinha" ou "quer uma bebida?", mas acabo por ignorar todos. Apenas por fazer comentários assim, a pessoa assume que não vale à pena que eu preste a mínima atenção.

Vejo a porta escancarada e aproveito para sair logo dali, sentindo o vento frio noturno em meu rosto. Adoro essa sensação, a de liberdade. Passo meus olhos pela rua, notando que não há nenhum carro passando por ali no momento. Bufo, abraçando meu corpo pelo frio.

The Curse of The ShadowsOnde histórias criam vida. Descubra agora