dois.

26.4K 2.1K 816
                                    

Cheguei na escola de Anabel mais tarde do que deveria. Tudo isso por ter perdido o meu tempo a tentar ser simpáticaa com aquele estranho e idiota no cemitério.

Suspirei e atravessei a rua que me levaria até a escola dela. Entrei no lugar com pressa e sem querer acabei por esbarrar nas crianças que estavam a sair e sussurrando um pedido desculpas para as mesmas enquanto olhava em volta a procura de uma criança de cabelos loiros, quase brancos.

O desespero de ela ter desistido de esperar-me e ter ido embora sozinha começou a crescer dentro de mim quando não a encontrei no lugar onde combinávamos até que, num sítio um pouco distante das outras crianças a vi sentada no relvado debaixo de uma árvore com um garoto moreno.
Eles estavam a olhar para todo canto exceto um para o outro enquanto conversavam.
Balancei a cabeça em negação enquanto os encarava com um sorriso porque era nítido o afecto que tinham um pelo outro.

Cruzei os braços de forma paciente enquanto esperava pelo momento em que ela me notaria. Sempre que voltava do meu colégio tinha que passar por ali para a poder levar. Anabel tinha apenas sete anos e não possuía uma boa memória para poder voltar ao orfanato, sozinha, mas isso não era um grande sacrifício sendo que ela era adorável e uma boa campainha.

Quando ela finalmente notou a minha presença o seu rosto pequeno e delicado assumiu um tom vermelho e ela despediu-se do seu amigo com um abraço desajeitado e sem esperar por uma resposta do mesmo andou até o meu encontro.

— Desculpa por ter-lhe feito esperar, Falyn. Não vi você — disse assim que chegou ao pé de mim. Ainda com o rosto vermelho.

Olhei para o garoto de cabelos pretos pela última vez e por uma fração de segundos ele lembrou-me o rapaz do cemitério, mas tirei esses pensamentos da minha cabeça. Aquela criança tinha um ar angelical demais para parecer-se com o imbecil do rapaz do cemitério.

— Não se preocupe com isso — digo assim que atravessamos os portões de ferro. — O seu namorado é bonito — a provoco e a mesma fica sem graça.

— Ele não é meu namorado. Somos apenas amigos.

Anuí, a achar graça o seu constrangimento.

— E como ele se chama? — perguntei a tentar criar uma conversa para evitar que ficássemos caladas durante o caminho até o orfanato.

— Luke.

— É um nome bonito — elogiei e ela concordou.

— E você, tem namorado? — perguntou de repente e eu cocei a garganta sem jeito por ter sido pega desprevenida.

— Não. Não tenho tempo para isso.

E não tinha mesmo. Namorar para mim era uma perca absoluta de tempo.

Ela concordou e mudámos de assunto para o teste de matemática que teria na próxima semana e o quanto ela precisaria da minha ajuda com alguns apontamentos.

Quando chegamos no orfanato Colombus ela despediu-se de mim com um beijo na bochecha e foi para o jardim cumprimentar umas amigas suas.

E eu fui para o dormitório porque estava cansada e precisava dormir um pouco.

Eu partilhava o quarto com uma garota chamada Maxine. Tinham outras duas garotas que partilhavam o dormitório connosco que eram gémeas e para a sorte delas foram adotadas ano passado juntas.

NeutroOnde histórias criam vida. Descubra agora