cinquenta e três.

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Falyn

— Que tal esse? Bonito, não é? — Abri os olhos para observar Liane à minha frente me mostrando um vestido azul florido e feio. Franzi o cenho, enquanto tento pensar numa forma amigável de dizer que não gostei.

— É bonitinho — menti, sem ter coragem de discordar. Ela avaliou a minha expressão, e fez cara feia para mim.

— Falsa — me deu as costas e entrou no provador de roupas.

— Desculpa — me levantei, e parei a frente do provador para ter certeza que ela iria me escutar. — Não dormi muito bem ontem, e estou morrendo de sono.

— Porque não me disse? Teríamos feito isso noutro dia — respondeu, do outro lado.

— Você me pediu isso animada e não tive coragem de dizer não — voltei a me sentar.

— Não dormiu bem porquê? — saiu vestida com a sua própria roupa, e arranjou os cabelos presos num rabo de cavalo para os colocar em ordem. 

— Insónia.

— Tenta parar de assistir filmes de terror  — semicerrou os olhos na minha direção me repreendendo. — Ao invés de acordar no meio da noite e ficar encarando o nada porque não consegue dormir, tenta tomar um chá ou ter uma noite produtiva com o seu namorado.

— Liane! — a censurei, envergonhada. 

— Estava só tentando ajudar, calma — riu da minha reação. — Agora levanta daí e vamos comer. Estou morrendo de fome.

— Mas você não comprou nenhuma roupa ainda.

— Faremos isso no dia que você estiver cem por cento para me dar opiniões honestas — abraçou o meu braço e me guiou para fora da loja. 

Não a contrapus, não estou em condições de sorrir hoje. Tudo isso por saber que Haden nunca irá se abrir comigo. Já desisti de tentar entender porque me faz parecer infantil e só me resta seguir em frente.
Só não sei se com ele. Ontem essa dúvida me deixou acordada até o dia seguinte. Ainda gosto muito dele, mas isso é o suficiente para continuar com sei lá o quê que estejamos fazendo das nossas vidas? 

— Falyn! — fiquei assustada quando escutei o meu nome. Eu e Liane nos entreolhamos e viramos para trás, vendo uma Greta toda sorridente andar na nossa direção e Theron atrás dela segurando umas sacolas que com certeza são da sua irmã. — Ai meu Deus, a quanto tempo — me abraçou com força, como se realmente sentisse saudades minhas, e correspondi.

— Não faz tanto tempo assim — digo, assim que ela se afasta.

— Faz sim, uns dois meses — indignada me respondeu e então se virou para  a garota ao meu lado. — Oi, me chamo Greta. Sou uma amiga esquecida dessa garota — apertou a mão dela.

— Liane — apertou de volta.

— Oi — Theron cumprimentou nós as duas, mas eu me aproximei dele  e o dei um abraço que o deixou um pouco surpreso, mas em seguida ele correspondeu e sorriu para mim. Como se estivesse agradecendo pela minha compaixão, mas odiar ele ainda seria perda de tempo até para mim.

— Vocês dois parecem bem. Isso me deixa feliz — consegui mostrar um sorriso sincero dessa vez porque ver eles assim, num shopping fazendo coisas de pessoas normais sem temer nada na casa deles é lindo demais para mim.

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