quarenta e cinco.

4.6K 479 252
                                    

Haden

— Olha só quem voltou — Liane gracejou, me encarando de uma forma um tanto acusadora deitada no sofá da sua casa, enrolada num cobertor de estrelas sorrindo. — E não sabe bater na porta? Aqui não é sua casa.

— Você faz o mesmo quando entra na minha — acusei.

— Não importa — revirou os olhos para mim, a voltar a sua atenção para a TV onde está assistindo um dos seus animes favoritos. Sei disso porque ela entra na minha casa sem ser convidada e fica falando sobre isso durante horas, mesmo eu não estando interessado.

— O meu irmão? — perguntei, sendo que ele é o motivo de eu estar ali. Assim que entrei na minha casa e não encontrei ninguém soube que os dois estão aqui. Por isso tomei um banho rápido, troquei de roupa e vim para aqui.

— Dormindo — se sentou. — Onde você estava?

— E desde quando preciso a dar satisfações?

Ela semicerrou os olhos na minha direção, me fazendo suspirar.

— No hospital — decidi a contar, apesar de saber que uma avalanche de perguntas está por vir sendo que ela é mestre na arte de falar.

— No hospital? A fazer o quê? Quem morreu?

Cansado de ficar de pé, me sentei no sofá desocupado.

— Aí você já quer saber demais — provoquei.

— Tô falando sério — amarrou a cara. — Quando liguei, você parecia meio abalado — disse.— É a sua namorada que estava no hospital, não é?

As minhas sobrancelhas quase bateram no teto.

— Namorada? Que namorada?

— Ah, não se faça de desentendido. Você sabe muito bem de quem estou falando.

— Ela não é minha namorada — murmurei. — E sim, era ela que estava no hospital. Quer dizer, ainda está.

— Meu Deus, ela já está melhor ou?

— Sim, já está melhor. O pior já passou — tentei desconversar. — E quem é esse? — fingi interesse, olhando para a TV.

— Todoroki, ele é o meu esposo — deu de ombros, me fazendo rir.

— Todo o quê?

Todoroki — repetiu lentamente. — É um nome japonês e lindo. Então, tira essa carinha de deboche do rosto.

Isso nem existe, como ele pode ser seu esposo? — quis saber.

— Se o que é real não presta, a culpa não é minha. E ele, não é isso. É um personagem fictício.

Ri da sua resposta.

— Se isso faz sentido para você, tudo bem.

Ela mostrou-me o dedo do meio, e voltou a deitar-se no sofá.

Quando estou prestes a levantar-me para ir no quarto onde meu irmão está, ele aparece. Com cara de sono e coçando os olhos, tentando se acostumar com a claridade. Assim que notou a minha presença amarrou a cara e foi se sentar ao lado de Liane, que olhou para mim e riu de forma silenciosa, se divertindo. Parece que alguém está zangado.

— Luke? — o chamei, e ele nem olhou para mim. São raras às vezes em que ele fica bravo comigo, então não sei como inverter a situação. Ele não muda de opinião tão fácil.

— Seu irmão está falando com você — Liane tentou o chamar atenção.

— Não tenho irmão — murmurou.

NeutroOnde histórias criam vida. Descubra agora