vinte e cinco.

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Impulsiva.

Era essa a palavra que poderia definir o meu estado de espírito agora.

Passei a madrugada de ontem a pensar nas palavras que Haden me disse. E percebi que ele tinha razão. Nenhuma pessoa dessa família merece as minhas lágrimas. Sei que sou forte o suficiente para sentar na mesa com eles e agir de forma natural. Sei que sou capaz de pegar numa faca e não pensar em afunda-lá no peito de alguém.

Com esse pensamento continuei o meu caminho até o andar de baixo. Uni as sobrancelhas no instante em que reparei que só Greta estava lá. Ela sempre já estava lá.

Quando notou a minha presença um vinco se formou no meio da sua testa ao observar-me puxar a cadeira a sua frente com a expressão calma.

— Está tudo bem? — ela perguntou, desconfiada.

— Claro — sorri na sua direção, de forma forçada. -— Porque não estaria?

Ela não hesitou em responder.

— Você teve um ataque de raiva ontem — diz como se fosse óbvio. — Quase arrancou a cabeça de todos nós.

Soltei um suspiro pesado porque a raiva não havia sumido nem um por cento. Ela era infinita. Do tamanho do mundo, mas limitei-me a dar de ombros. Como se não fosse nada.

— Já passou — falei. — Do que adiantaria ficar com raiva de todos vocês se não tem como escapar desse casamento? — adicionei, com escárnio.

Ela calou-se e voltou a comer.

Eu estava sem fome, mas hoje era sábado e eu pensei que toda a família estaria ali. Por isso desci, para esfregar na cara de todos que ainda estava firme, mas parece que só Greta, eu e outros funcionários (ou ninjas porque eu raramente os via) é que estávamos em casa.

Ótimo.

Não queria olhar para cara de nenhuma deles, de qualquer forma.

No momento que terminava de colocar geleia de pêssego no meu pão a voz de Greta chamou a minha atenção.

— Eu ouvi você e Haden a conversar ontem — deixou escapar.

Arregalei os meus olhos.

— Foi sem querer — se apressou a explicar. — Senti-me mal por você e queria fazer-lhe companhia, mas quando cheguei lá escutei gritos e não consigui ir embora.

Tomei um pouco de sumo para conseguir fazer uma pergunta.

— E você escutou tudo?

— O suficiente.

Meti o pão na boca e comecei a mastigar de forma lenta a tentar digerir as coisas. Quais eram as hipóteses de ela contar tudo ao seu irmão e ferrar com a minha vida? Muitas. Já que a insultei e chamei de psicopata retorcida ontem.

— Mas não se preocupe — redarguiu — Não irei contar nada para ninguém. Apesar de você não gostar de mim, eu gosto de você e a sua companhia o suficiente para ficar de boca fechada.

— Obrigada — tentei sorrir, mas não consegui.

Sentia-me mal. Ela não tinha culpa de absolutamente nada. Não merecia que eu a tratasse tão mal sendo que foi a única até agora que se preocupou de verdade comigo apesar de saber que eu não compartilhava o mesmo sentimento.

— Só tome cuidado. Se Theron descobrir ele vai ficar chateado — a mesma ignorou a minha expressão de indiferença ao escutar o nome dele. — Ele e Haden não se dão muito bem.

— E porquê?

— O meu pai trata Haden como o primeiro filho dele, sabe? Se ele não mora aqui é porque não quer. Então Theron ao lado dele, de acordo de ponto de vista do meu pai, não é nada. E como já deu para perceber Haden tem uma grande queda por implicância e esfrega isso na cara do meu irmão sempre que tem oportunidade, mas eu gosto dele. É uma pessoa legal quando quer.

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