Impulsiva.
Era essa a palavra que poderia definir o meu estado de espírito agora.
Passei a madrugada de ontem a pensar nas palavras que Haden me disse. E percebi que ele tinha razão. Nenhuma pessoa dessa família merece as minhas lágrimas. Sei que sou forte o suficiente para sentar na mesa com eles e agir de forma natural. Sei que sou capaz de pegar numa faca e não pensar em afunda-lá no peito de alguém.
Com esse pensamento continuei o meu caminho até o andar de baixo. Uni as sobrancelhas no instante em que reparei que só Greta estava lá. Ela sempre já estava lá.
Quando notou a minha presença um vinco se formou no meio da sua testa ao observar-me puxar a cadeira a sua frente com a expressão calma.
— Está tudo bem? — ela perguntou, desconfiada.
— Claro — sorri na sua direção, de forma forçada. -— Porque não estaria?
Ela não hesitou em responder.
— Você teve um ataque de raiva ontem — diz como se fosse óbvio. — Quase arrancou a cabeça de todos nós.
Soltei um suspiro pesado porque a raiva não havia sumido nem um por cento. Ela era infinita. Do tamanho do mundo, mas limitei-me a dar de ombros. Como se não fosse nada.
— Já passou — falei. — Do que adiantaria ficar com raiva de todos vocês se não tem como escapar desse casamento? — adicionei, com escárnio.
Ela calou-se e voltou a comer.
Eu estava sem fome, mas hoje era sábado e eu pensei que toda a família estaria ali. Por isso desci, para esfregar na cara de todos que ainda estava firme, mas parece que só Greta, eu e outros funcionários (ou ninjas porque eu raramente os via) é que estávamos em casa.
Ótimo.
Não queria olhar para cara de nenhuma deles, de qualquer forma.
No momento que terminava de colocar geleia de pêssego no meu pão a voz de Greta chamou a minha atenção.
— Eu ouvi você e Haden a conversar ontem — deixou escapar.
Arregalei os meus olhos.
— Foi sem querer — se apressou a explicar. — Senti-me mal por você e queria fazer-lhe companhia, mas quando cheguei lá escutei gritos e não consigui ir embora.
Tomei um pouco de sumo para conseguir fazer uma pergunta.
— E você escutou tudo?
— O suficiente.
Meti o pão na boca e comecei a mastigar de forma lenta a tentar digerir as coisas. Quais eram as hipóteses de ela contar tudo ao seu irmão e ferrar com a minha vida? Muitas. Já que a insultei e chamei de psicopata retorcida ontem.
— Mas não se preocupe — redarguiu — Não irei contar nada para ninguém. Apesar de você não gostar de mim, eu gosto de você e a sua companhia o suficiente para ficar de boca fechada.
— Obrigada — tentei sorrir, mas não consegui.
Sentia-me mal. Ela não tinha culpa de absolutamente nada. Não merecia que eu a tratasse tão mal sendo que foi a única até agora que se preocupou de verdade comigo apesar de saber que eu não compartilhava o mesmo sentimento.
— Só tome cuidado. Se Theron descobrir ele vai ficar chateado — a mesma ignorou a minha expressão de indiferença ao escutar o nome dele. — Ele e Haden não se dão muito bem.
— E porquê?
— O meu pai trata Haden como o primeiro filho dele, sabe? Se ele não mora aqui é porque não quer. Então Theron ao lado dele, de acordo de ponto de vista do meu pai, não é nada. E como já deu para perceber Haden tem uma grande queda por implicância e esfrega isso na cara do meu irmão sempre que tem oportunidade, mas eu gosto dele. É uma pessoa legal quando quer.
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Neutro
RomanceSe meter com as pessoas erradas tem as suas consequências. Falyn Lake conheceu um rapaz. E tudo o que ela queria era o mesmo longe de sua vida, mas ele já tinha outros planos para ela.