vinte e sete.

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A corrida iria iniciar dentro de alguns segundos. Eu tinha os olhos fixos no carro que queria que ganhasse. Espero que o motorista daquele carro não me decepcione.

Sei que o que eu quero é perigoso, mas posso contar com os dedos das mãos quantas vezes já vivi. No real sentido da palavra. E não foram muitas, pelo simples desinteresse. Agora sinto-me um pouco arrependida por não ter aproveitado quando tive a oportunidade.

Apaguei esses pensamentos da minha mente e comecei a aguardar de forma paciente pelo início da corrida enquanto olhava ao redor para tentar parecer casual. Apesar do barulho a nossa volta um silêncio estranho havia se instalado entre mim e Haden. Nunca fomos próximos um do outro e definitivamente não tínhamos assunto. Só me restava esperar pelo início da bentida corrida calada.

No momento em que isso aconteceu não me preocupei em esconder a minha excitação.

Os carros se posicionaram nos seus devidos lugares e o homem que falava no altifalante voltou para pronunciar-se por uma segunda vez. Agora ele e o resto das pessoas a nossa volta faziam a contagem regressiva. Quando ela chegou ao fim eu só conseguia olhar para o BMW amarelo.

Durante toda corrida não pude evitar sorrir de forma presunçosa ao notar que o carro estava em grande vantagem.

Eu definitivamente amava a pessoa que conduzia aquele carro.

Tirei alguns segundos do meu tempo para encarar Haden que tinha os olhos fixos na arena com certeza a se remoer por dentro por estar a perder na sua aposta.

A corrida terminou.

O BMW ganhou.

E eu também.

Haden perdeu e agora está com cara de paisagem. Como se nunca tivesse feito uma aposta.

Mau perdedor, pensei.

— Está na hora de cumprir com a sua promessa — cruzei os braços, a assumir uma pose autoritária o desafiando a voltar atrás com a sua palavra.

Ele percebeu isso e riu.

— Está a tentar assustar-me?

— Sim — confirmei.

Ele jogou as mãos para trás em rendição, com o humor presente nos seus traços.

— Não costumo voltar atrás com a minha palavra — suspirou. — Irei conversar com um amigo meu, ele é um dos corredores.

— Você tem muitos amigos — murmurei, mas ele ignorou.

— Se ele aceitar, vamos fazer essa loucura — passou as mãos pelo cabelo. — Espere aqui enquanto eu vou falar com ele.

— Tudo bem — concordei.

Ele virou-se, pronto para ir quando, de repente, depois de uns cinco passos se virou para mim.

— Pode vir comigo se quiser — sugeriu. — Não quero deixar você sozinha.

Senti algo dentro de mim, ganhar vida e começar a bater com uma intensidade que me deixou incomodada, mas ignorei essa sensação. Devia ser só a ansiedade de estar prestes a correr naquela pista.

— Claro — sorri para ele que retribuiu na mesma veemência e dessa vez peguei na sua mão de pura e espontânea vontade.

Ele puxou-me pelas arquibancadas abaixo. E dessa vez foi mais fácil porque a maioria das pessoas havia descido para lançar dinheiro ao ganhador de corrida. Se eu tivesse faria o mesmo.

Quando chegamos no fim das escadas improvisadas começamos a andar juntos até o aglomerado de pessoas. Ele soltou a minha mão para ir ter com o tal amigo.

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