Neutro

doze.

— Desfaça essa cara, vai ser divertido — Maxine comentou enquanto amarrava os seus cabelos pretos em frente ao espelho do balneário. Ela havia usado uma calça jeans rasgada e uma camisa da mesma cor que os seus cabelos. Ela estava bonita e arrumada demais para assistir um jogo de futebol. Ela deve ter combinado se encontrar com alguém lá para se dar ao trabalho de se organizar tanto.

Soltei um suspiro pesado e troquei o peso dos pés enquanto a encarava realizar todos os seus movimentos, em silêncio. Os últimos sete dias haviam sido um inferno. Sempre que fechava os olhos as íris cor de mel de Theron não saiam de minha cabeça. Os traços dele estavam cravados em minha memória de uma maneira estranha.

Mesmo depois dele não ter aparecido mais no colégio e as minhas suspeitas de que ele nunca estudou ali se confirmarem o meu cérebro se negava a acreditar que ele poderia ser uma pessoa perigosa.

E a pergunta que não se calava era: quem era ele realmente e oque queria comigo.

Talvez eu estivesse a fazer tanto caso para nada. Provavelmente ele só apareceu naquela manhã de segunda feira para me agradecer e fim. Ou ele é um psicopata que me observava de longe e tomou a minha boa ação na festa como um motivo para se aproximar de mim. Ou eu só estivesse a ser paranóica mesmo.

— Jogos de futebol nunca são divertidos — finalmente quebrei o silêncio. O que tinha de divertido ver um monte de homens correr atrás de uma bola?

Ela riu.

— Se Keanu e o resto dos rapazes desse orfanato ouvir você dizer isso considera-se uma garota morta — brincou e quando terminou de se arrumar fez uma pequena volta na minha frente, como se quisesse uma avaliação minha. — E aí, que tal estou?

Fingi a encarar de baixo para cima e fiz uma expressão pensativa.

— Normal.

A expressão alegre em seu rosto murchou e foi substituída por uma levemente irritada.

— E oque significa isso?

— Que não está muito bonita nem muito feia. Está normal — expliquei e a mesma bufou. — Estou a brincar. Ficou bonita — falei a verdade.

Ela mostrou-me o dedo do meio e então encarou as minhas roupas. Quando ela chegou no balneário para se espelhar eu estava acabar de tomar banho. Ela disse que Keanu estava a minha procura para ir assistir ele jogar futebol no clube que o mesmo treinava. A maioria dos adolescentes iria e já havíam pedido a Sra. Rebeca, mas a condição imposta fosse que Louise fosse conosco e nos controla-se. Se alguém fugisse receberia um castigo. Fiquei curiosa em saber onde ela havia arranjando tamanha bondade para permitir tal coisa. Pensei na hipótese de que lá fosse ocorrer um ataque terrorista e ela de alguma forma soubesse por isso aceitou de boa.

— Vai vestida assim? — ela perguntou, mesmo a saber a resposta. — Qual é o seu problema, Falyn?

— Não tenho nenhum problema — rolei os olhos. — E quem disse que eu irei?

— Deixa de se fazer de boba. Keanu a irá levar nem que seja arrastada.

Eu sabia disso. Ele conseguia ser bastante persuasivo quando queria, mas eu estava cansada. A única coisa que queria fazer era ficar no dormitório a dormir ou estudar. Esses eram os únicos vícios presentes na minha vida.