trinta e sete.

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— Você está feliz hoje — Jade constatou assim que me encontrou sentada na varanda com um sorriso bobo estampado no rosto.

— Eu? — apontei para mim mesma.  — É impressão sua.

— Não, não é — rebateu, calmamente. — É porque Theron já a contou toda verdade?

Resisti a vontade de perguntar como ela sabe disso e respondi:

— Não totalmente — murmurei, focada em terminar de fazer um barco de papel com a folha do
meu caderno. Se o professor particular visse tenho certeza que faria uma carinha feia para mim — porque quando mordi a tampa da caneta ele disse que eu a estava estragando, mas como a caneta é minha e não dele, meio que fingi não escutar. Isso me torna uma má pessoa?

— Então de onde surgiu tanta felicidade e boa disposição? — insistiu. A mulher é mesmo curiosa.

— Só acordei assim.

Não ficamos nem um segundo em silêncio, e ela voltou a perguntar.

— E esse penteado no seu cabelo? — indagou. — Foi você que fez?

— Sim — menti, sorrindo largamente com a lembrança dos dedos de Haden no meu couro cabeludo.

Assim que acordei essa manhã fiquei bastante espantada quando vi uma trança embutida na minha cabeça. Eu pensei que ele estivesse apenas a fazer cafuné. E não pensei que ele, estranhamente, tivesse tanto jeito para isso. Por isso não a desfiz.

— Está bem — suspirou. — Está com fome?

Sorri para ela.

— Sempre.

Fomos juntas até a cozinha e depois de comer passei lá toda a manhã conversando com ela até Greta voltar do colégio. E, depois de beber um copo de água como se a sua vida dependesse disso a mesma não parava de falar sobre o quanto está cansada de estudar.

— Todo dia aquela professora mal amada escolhe a mim para responder às perguntas. E eu nunca sei a resposta, daí ela começa a falar que eu devo me esforçar com aquela carinha de deboche — explicou a sua situação, com raiva.

— Se é assim você deve estudar mais, para responder às perguntas — Jade aconselhou.

— Sempre que penso nisso fico com preguiça.

— Então só pode continuar a escutar as provocações dela — a mais velha responde, calmamente.

— O quê? Não — Greta nega. — Você deve concordar comigo e falar mal dela.

— Como irei falar mal de uma mulher que não conheço? — rebateu. — E você não lá uma aluna muito dedicada. Talvez seja por isso que a mesma insista em você.

— Eu sou dedicada — se exaltou, ofendida.

— Claro que é — Jade revirou os olhos e segurei a vontade de rir.— Eu preciso ir ao supermercado — desconversou, se desencostando do balcão de forma rápida. Como se já devesse ter feito isso a muito tempo. — Adeus e fiquem bem.

— Adeus — a despedimos e ela saiu, deixando-nos a sós.

— Então… — Greta deixou a frase no ar. — Já faz um tempo que não assistimos algum filme. O que acha de hoje?

— Não tenho nada para fazer na mesma, então, vamos lá — dei de ombros.

Nos levantamos e começamos a andar em direção ao seu quarto enquanto ela fala sobre o filme que iremos assistir. A mesma está a falar tão rápido tantas palavras que deixei de lado o facto de não estar a entender nada. Só percebi que ela ama muito cinema e o seu sonho é ser uma diretora cinematográfica. Dirigir um filme e ser mundialmente conhecida. E com esse entusiasmo, espero que ela consiga.

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