Desolação do Ômega(Romance Gay)[LIVRO 2]

Capítulo 21

Apolo. PoV

Poderiam se passar centenas de anos e ainda assim, nunca me causaria de ficar admirado com a beleza refinada do meu ômega...Depois do infeliz  incidente que provoquei com minha atitude infantil, não tive escolha a não ser fazê-lo adormecer para que não tivesse outro ataque de raiva. Vendo sua expressão serena enquanto se remechia entre os nossos lençóis fiquei duro feito pedra, mas eu tinha que me controlar...

Não era hora para isso.

Senti uma pequena mão macia apertando os dedos da minha e me virei para encarar meu lindo menino distraído ao lado de Hades, seus olhos dourados iguais aos meus entretidos com minha mão e ao mesmo tempo, esperavam ansiosos pelo despertar do seu pai. Meu peito se aqueceu quando o pequeno sorriu me olhando nos olhos. Há dois anos atrás, quando aquele maldito demônio cravou uma adaga no peito de Hades, achei que tinha perdido tudo. Meu perspectiva de futuro faleceu alí, perdi minhas expectativas e meu desejo de viver.

Afinal, meu ômega estava morto e meu filho também... Não havia fracasso maior do que esse para mim, um alfa. Me afoguei na minha própria culpa e remorso e quando me dei conta, me tornei um bêbado promíscuo que só atrapalhava os outros... Um boêmio inútil sem perspectivas de vida com tendências suicidas, um nada. Passei dois anos perdido na minha própria escuridão, sentindo raiva de mim mesmo por ser tão inútil até que, meu lindo corvo voltou até mim com nosso bebê em suas asas macias.

Era incrível demais..

Meu mundo se iluminou com um clarão, como se uma estrela poderosa de repente explodisse bem na minha frente clareando meu mundo sombrio e iluminando toda minha jornada do passado ao meu futuro. Ao vê-lo parado com sua aparência tão diferente me olhando com aqueles olhos de prata assustados na sala do conselho, pensei que explodiria de felicidade, que correria até ele e o amaria até meu limite... Mas não foi bem assim...

Meu peito se inundou com um novo sentimento que nem mesmo eu sabia que estava nutrindo... Raiva... Um fogo de fúria escondido dentro do meu âmago veio para fora como se a visão de Hades fosse pólvora e então, eu surtei. Não importavam quantas lágrimas ele derramasse, o quão assustado e cansado ele parecesse... Eu não conseguia parar de gritar, de me sentir enganado...

A verdade era que sem perceber eu nutri mágoa em relação a algo que não foi culpa de ninguém, mas que ao mesmo tempo, era culpa de Hades. A sua morte há dois anos atrás aconteceu porque ele, como sempre, escolheu Franklin ao invés de mim. Ele não acreditou em mim, não me ouviu quando avisei que era Aziel e por isso, se aproximou dele perto o bastante para ser esfaqueado...

Por que?!

Por que Hades não confiava em mim?!Por que ele sempre me escolhia como segunda opção?!Eu não era o suficiente?Isso...Essas perguntas me assombraram por dois anos desde a sua morte e agora, quando ele reapareceu com nosso filho vivo e saudável, esses sentimentos resolveram emergir com tudo dentro de mim. Ainda mais diante do fato dele continuar me bloqueando. Ele não percebia minha insegurança?!Eu era o alfa, mas ainda assim, tinhaa meus medos e era como se isso não o afetasse.

Como se não bastasse estar me bloqueando, meu amado passou a se isolar nessa maldita torre como se meus sentimentos por ele não fossem absolutamente nada e mesmo que Loki, com seu jeitinho meigo, me distraisse dos nossos problemas por uns dias, haviam coisas que só Hades podia fazer e que ainda assim, meu amado ômega não parecia ligar... Eu fiquei tão furioso... Queria que ele me notasse, que voltasse a me olhar nos olhos sem medo..

É tão difícil me amar?!

Eu queria senti-lo de novo e mesmo assim... Ele me expulsava como se eu fosse um nada.. Por isso acabei fazendo besteira, pensei que.. Se ele não me notasse por bem...Então eu o faria me notar nem que fosse para ficar com mais raiva de mim... Agora, sentando na cama ao lado dele, com nosso filho entre nós distraído com minhas mãos, não pude deixar de pensar no quão idiota eu fui... Minhas decisões me levaram a um caminho perigoso, cuja as consequências eu ainda não sabia. No fim, acabei usando aquilo quando jurei jamais o fazer.