Desolação do Ômega(Romance Gay)[LIVRO 2]

Capítulo 14

Hear me Roar

Apolo.PoV.

O dia amanheceu nublado, como se a própria natureza estivesse sentindo o grande massacre que estava prestes a acontecer. O exército amanheceu com o som macabro da trombeta de guerra demoníaca, assombrando seus corações ansiosos com o prelúdio do que talvez seria nossa última batalha como povos livres. Todas a tropas humanas e faes, estavam organizadas vislumbrando de longe a imagem profana do exército inimigo, que como o esperado, estava se preparando para a avançar sobre nós.

Eu, como líder do exército e o último dos antigos grandes lordes do reino, tinha que assumir a frente do campo de guerra. Eu não coloquei armadura e nem vim a cavalo. Nas últimas horas que me restaram antes dessa luta, decidi que morreria de forma digna, como o homem lobo que eu era e como o alfa que sempre quis ser. Na minha forma feral, lutaria com todas as minhas forças até meu último suspiro, para que do outro lado, pudesse levantar minha cabeça com orgulho quando o encarasse.

---Todos os arqueiros estão em posição Apolo..._escutei Príncipe Titus anunciar, sua voz tão tensa quanto o resto do exército.--- Lanceiros logo estarão prontos também, os meus guerreiros já estão preparados para lutar com suas vidas...

Sorri, minha grande mágoa por sua espécie sumindo dentro de mim assim como qualquer sentimento ruim que eu estivesse guardando. Não era hora de ser o Apolo, o homem lobo que perdeu tudo e sim, Lorde Apolo, o lorde que guiaria essas pobres almas para uma possível morte, o lorde que faria tal coisa com uma expressão confiante de que tudo ficaria bem... Assim, quando eu chegasse do outro lado, meu tão amado ômega me receberia de braços abertos para que partíssemos juntos para nossa próxima vida.

--- Obrigado Titus..._falei, sem raiva ou ressentimento, apenas pressa pelo final.---Temos que vencer de qualquer jeito... Pelos de nós que ainda tem motivos para voltar para casa..

Titus sorriu, amargo.

---Me perdoe Apolo..._pediu do nada, sem me olhar no rosto, encarando o grande exército a centenas de metros a nossa frente com melancolia.---Se eu pudesse voltar atrás, faria tudo bem diferente...

Outro som de trombeta ressoou.

---Eu sei..._admiti, reconhecendo o fato de que o tão odiado príncipe herdeiro tinha mudado.---Mas nada do que você diga poderá trazê-lo de volta.... Então ao menos, nesses últimos momentos, me deixe aqui sozinho imaginando meu reencontro com ele no outro mundo.

Senti que ele quis acrescentar alguma coisa,mas antes que o fizesse, escutei seu nome ser chamado por seu batalhão no céu, acima de nós e fiquei sozinho na linha de frente, encarando o céu nublado escurecendo a linda paisagem esverdeada das planícies em frente ao meu castelo, pensando em como meu amado ômega seria na próxima vida ou se ao menos, nos encontraríamos nela. Foi então que, sem entender bem o motivo, parado em frente a um exército de monstros loucos por sangue, eu sorri.

Sorrí porque lembrei do meu sonho cheio de neve e sermões, onde uma contradição ambulante como Hades me abordou... Suas palavras amargas e frias doeram como ferro quente na pele, mas nem por isso deixavam de ser verdadeiras... Aquela versão sombria do meu amado ômega me disse tudo aquilo que eu não queria, mas precisava ouvir. De fato, eu fui um covarde a minha vida toda.

Um alfa de araque inseguro que mal conseguiu se impor diante de seu ômega. Em outros tempos, eu teria aceitado esse fato e convivido com ele, afinal, contanto que estivesse ao lado de Hades.... Não me importaria em agir dessa forma. Mas agora, sentindo o ar úmido invadindo minhas narinas com o cheiro de grama molhada,tinha decidido que nesses últimos momentos, seria o alfa que Hades precisava.