Capítulo 6: Coração Congelado.

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                      Hades.PoV

Vingança era um prato que se come frio eram o que os mais velhos diziam para os que buscavam esse caminho de algum forma... Quando se trilhava um caminho como esse devia-se ter em mente que no final, duas covas precisariam ser cavadas. Uma para quem se vingava e a outra para aquele de quem vingou. A minha já tinha sido cavada a muito tempo atrás... Eu já tinha sido enterrado e agora eram a vez de enterrar meus inimigos. Não era nada diretamente pessoal ou coisa do tipo... Sabe.. A vida ensinava muitas coisas mas a morte... Se você conseguisse se livrar dela, ensinava o quão tênue e frágil a vida é... Morrer me ensinou uma lição valiosa da qual eu nunca vou me esquecer. Ela me ensinou que, por mais detestável que a vida seja, ela existia... Era era real.

A morte....

Era só um vazio. Um grande espaço vazio sem calor ou luz, sem dor ou alívio, sem felicidade ou tristeza.. Era apenas a total inexistência das coisas, um lugar que poderia muito bem ser descrito como nada. Quando acordei há dois anos atrás, enterrado sob terra, a primeira coisa que senti foi o meu peito bater ávido por algo tão trivial quanto o calor do meu sangue correndo pelas minhas veias. Eu estava confuso com medo e acima de tudo desesperado por um pouco de ar. Meu mundo de cristal tinha se fragmentado num simples piscar de olhos, os meus planos deixaram de importar porque minha vida se foi levando tudo com ela. Mas então eu saí, daquela cova sufocante, com o meu coração batendo e meu corpo se aquecendo e vi ajoelhado no chão de grama.

O céu.

As estrelas brilhando como se fossem pura energia, como grandes esferas de magia flutuando no céu distantes e frias, sem nada além de magia para  oferecer, como eu. Eu não tinha mais nada, eu pensei, o que alguém como eu poderia fazer além de lamentar tudo o que perdeu?!Mas aí minha barriga se moveu, um pequeno movimento de pés dentro de mim... E então vieram as batidas... Rápidas e furiosas, ávidas para viver, como eu, vindas de um pequeno coração tão vivo quanto o meu.

Ele estava vivo...

Ele estava vivo...

Ele estava.... Eu não consegui suportar a minha felicidade... Meu lindo bebê estava vivo... E de repente, o vazio que estava me sufocando se foi preenchido por um amor tão grande que mal cabia no meu peito. As lágrimas vieram de uma vez, caindo no chão de grama abaixo de mim enquanto eu gritava de felicidade no meio da nada... Não por eu estar vivo, mas por ele, meu pequeno bebê, estar seguro dentro de mim. Sim... Meu bebê estava vivo. Mas e depois?!... O mundo estava em guerra, eu pensei, uma guerra cujo principal peão era eu... E Apolo... Ele... Se eu pudesse ao menos chegar perto dele e contá-lo, contar que nosso filho estava bem, que eu estava bem... Mas algo estava errado... Eu não sentia mais em mim como antes... Nossa ligação tinha acabado?Não podia ser verdade... Eu não queria que fosse verdade... Sim, entre os pensamentos confusos como esse e pensamentos realistas como os sobre a guerra fui vivendo meus dias. Eu viajei por longas semanas indo até o meu lar na esperança de encontrar minha família, de entender mais sobre o que tinha me acontecido .. Mas outras coisas aconteceram... Fui obrigado a atrasar meus planos e me concentrar em algo mais doloroso. A guerra... O mundo era um campo de batalha sangrento, onde se tudo desse errado, meu filho teria que viver pelo resto da vida. Fui humilhado, caçado, tratado como um monstro e depois como uma arma.... Vi minha mãe morrer queimada viva em silêncio porque não queria que fizessem comigo também. Minha raça foi torturada, caçada e queimada aos montes por aqueles que nos chamavam de monstros. Por que com meu filho seria diferente?!Por que com Loki seria diferente de como foi comigo?Com a minha mãe?!Por que ele era filho de um Lorde do Norte?!Francamente, eu tinha prometido a mim mesmo que eu não seria mais ingênuo a muito tempo atrás. Faes e humanos, eu era o dois, mas de que isso adiantou no final das contas?! Eu tinha que garantir meu espaço no mundo.. Tinha que garantir um futuro seguro para meu filho e a única forma de fazer isso era eliminando toda a ameaça. Se esse mundo estava uma bagunça, então eu tinha que limpá-la. Desde o momento em que ouvi suas primeiras batidas, Loki se tornou tudo para mim. Eu tinha que acabar com toda a ameaça do mundo para que a vida de Loki fosse diferente da minha. Por isso, eu abri mão de tudo. Bloqueei minha mente para que nem mesmo Apolo conseguisse me sentir, é claro, se nossa ligação ainda existisse de alguma forma... Esperei ansiosamente o dia em que Loki saíria de mim dentro de uma caverna suja e fria no meio do nada e o tirei de dentro eu mesmo, rasgando meu estômago com uma adaga quando o tempo chegou. E depois disso, cuidei dele, o alimentei de todas as formas que consegui ignorando o vazio da solidão e da ausência de Apolo... Meu filho era mais importante. Pouco tempo depois, aprendi novas formas de magia invadindo as ruínas da biblioteca branca... Minha mãe havia me dito há muito tempo atrás que existia uma sala secreta dentro da biblioteca, onde os livros mais antigos com as magias mais poderosas tinham sido escondidos por nossos ancestrais na esperança de que seus descendentes os usassem. Eu não acreditei nela naquela época... Sendo honesto, eu nem mesmo sabia que Boulevards eram nobres... Para mim, tudo não passava de histórias sobre um passado que nunca voltaria. Mas depois de ficar sem escolhas, apelei para qualquer esperança que fosse. E então, eu usei todas as minhas forças para invadir a capital real sem ser detectado... E para a minha completa surpresa, eu encontrei as ruínas da biblioteca no antigo baixo distrito e para minha surpresa, a sala secreta era real, como a minha mãe tinha falado. E os livros, eu li cada um deles tantas vezes que nem sabia mais quantas vezes foram... Eu estudei e aprendi cada um deles e quando eu terminei, selei a sala com magia de runa para que jamais fosse aberta por alguém que não tivesse meu sangue.
Não importava quantas noites eu passasse sozinho escutando o choro de Loki, jamais me desanimava. Não importavam quantas vezes, sentisse  falta do agradável calor de Apolo, eu jamais recuei. Eu estava determinado a exterminar cada um daqueles monstros até que não existisse mais nada no mundo que pudesse ameaçar o meu filho. Não por poder ou desejo de governar, mas por medo e amor. Medo de que o mundo o maltratasse como tinha feito com toda a minha raça antes de mim e pelo amor por ele, grande o suficiente para me fazer destruir o mundo, se fosse necessário. Eu planejei cada movimento, cada uma das centenas de estratégias que eram possíveis e estudei cada ponto fraco dos demônios só para mata-los com mais facilidade. Eu estudei sobre as fadas com as suas variadas castas, li sobre os anões com os seus reis soberbos, sobre os homens lobos que tinham sumido e até mesmo sobre os humanos, tudo para que nada mais me pegasse de surpresa. E então, quando senti que estava preparado... Eu comecei. A primeira parte do meu plano era capturar Aziel e salvar Franklin, se possível. Passei semanas planejando um modo de eliminar o demônio que me matou... Eu tinha tudo planejado, até decidir que a vila de Frost merecia uma pequena visita e esse foi meu grande erro. Um erro tolo que eu cometi quando me deixei levar por uma vingança sem pensar nas consequências. Eu sabia que fazer algo tão brutal quando o que eu fiz, poderia causar um efeito indesejado. Atrair a atenção de pessoas que eu não queria. Mas ainda assim, eu o fiz porque precisava daquilo e agora a consequência finalmente apareceu para me lembrar dela. Capturar Aziel tinha sido um sucesso e de quebra ainda eu tinha pego Franklin... Mas isso... Isso foi algo que jamais pensei que aconteceria, ver alguém do meu passado tão perto de mim foi como um balde de água fria na minha cara.

Desolação do Ômega(Romance Gay)[LIVRO 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora